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Crime verde: uma ameaça crescente

Phil Cotter
Phil Cotter
Managing Director, Risk business, Refinitiv

Além dos delitos ambientais e do tráfico de vida selvagem, o crime verde engloba o desrespeito às normas destinadas a prevenir danos à natureza. Assim, ele está intimamente ligado à corrupção, ao crime organizado e à lavagem de dinheiro, com impacto nas cadeias de abastecimento, na nossa segurança e  capacidade de cumprir os objetivos de sustentabilidade da ONU.


  1. Com órgãos reguladores e de aplicação da lei reconhecendo esse tipo de crime como uma ameaça crescente, como a Refinitiv pode se associar a outras organizações para criar ferramentas poderosas que ajudem a desmantelar redes criminosas?
  2. O crime verde é uma verdadeira “indústria”, que responde por delitos ambientais globais estimados em até US$ 258 bilhões por ano*. O crime contra a vida selvagem está entre as cinco atividades ilícitas mais lucrativas, após o tráfico de drogas ilegais, pessoas e armas.
  3. A União Europeia tornou o crime ambiental um ato subjacente ao abrigo da 6ª Diretiva Anti-Lavagem de Dinheiro da UE (6AMLD). Em 2020, entre as prioridades do Grupo de Ação Financeira (FATF) estará o comércio ilegal de animais selvagens.

Atualmente, a Refinitiv pode desvendar hierarquias de propriedade em cerca de 200 países, expondo mais de 100 milhões de conexões e rastreando as entidades associadas para apontar potencias riscos, inclusive aqueles relacionados ao crime verde.

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O que é crime verde?

Ele envolve atividades ilegais que não apenas prejudicam diretamente o meio ambiente, mas também ameaçam a vida selvagem, geram impacto sobre as cadeias de fornecimento e representam um perigo para a segurança e estabilidade em todo o mundo.

As suas consequências são de longo alcance e, portanto, vêm atraindo a atenção de entidades policiais, agências reguladoras e, mais recentemente, do setor de tecnologia.

Assista:  Green crime: The Hidden Threat — A Refinitiv Data Moment

Ameaça transnacional

O crime verde é uma verdadeira “indústria” global, que responde por delitos ambientais estimados em até US$ 258 bilhões por ano*. Para se ter uma ideia desse mercado, o crime contra a vida selvagem já aparece entre as cinco atividades ilícitas mais lucrativas, após o tráfico de drogas, pessoas e armas.

E, como o crime verde vem se tornando cada vez mais sofisticado, ele hoje figura no topo da lista de prioridades de entidades reguladoras e policiais de inúmeros países.

A Interpol e a Europol, por exemplo, passaram a reconhecer as ligações mais amplas entre a prática e o crime organizado transnacional e o terrorismo. De acordo com a Interpol, a exploração dos recursos naturais por redes criminosas, muitas vezes em áreas de conflito, representa uma ameaça à paz e à segurança global.

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Resposta regulatória

Os órgãos reguladores também estão reconhecendo a ameaça. A União Europeia, por sinal, tornou o crime ambiental um ato subjacente ao abrigo da 6ª Diretiva Anti-Lavagem de Dinheiro da UE (6AMLD). E neste ano, entre as prioridades do Grupo de Ação Financeira (FATF) estará o comércio ilegal de animais selvagens.

No entanto, apesar das atenções voltadas para o crime verde, as multas e sanções direcionadas a esse delito ainda são muito menores do que aquelas relacionadas à lavagem de dinheiro e ao financiamento do terrorismo. Diante desse cenário, é hora de recalibrar os atuais sistemas de elaboração e de execução das leis para levar em conta os danos causados ​​por essas atividades e o risco que representam às futuras gerações.

Aliás, se quisermos mudar essa maré, será necessário aumentar a efetiva colaboração e cooperação entre os setores público e privado. Isso exige um esforço concentrado para reunir grandes empresas, reguladores, políticos e ONGs e enfrentar o desafio. Mais importante: seria necessário que essas várias organizações – muitas vezes trabalhando isoladamente— se agregassem em torno de uma declaração de missão global.

Embora pareça que nenhum órgão esteja realmente tomando o problema para si, não somos impotentes para agir. Tecnologia e dados são essenciais se quisermos, de fato, desmantelar essas redes criminosas.

O papel da tecnologia

Os grupos criminosos costumam utilizar estruturas comerciais legais e modelos complexos de propriedade de negócios para ocultar a atividade ilícita. A capacidade para isso geralmente é facilitada por abordagens negligentes de due diligence. Nossa própria pesquisa mostra que mais de 40% ** das empresas não avaliam adequadamente os relacionamentos com terceiros. Dessa forma, os criminosos conseguem se esconder à vista de todos.

Mas recursos de última geração baseados em vastos conjuntos de dados estão sendo criados para ajudar nessa luta. Eles nos permitem desvendar estruturas de propriedade bastante elaboradas, analisar conexões de rede e selecionar entidades de acordo com as regulamentações internacionais.

“Bandeiras vermelhas”

A Refinitiv já adicionou uma nova unidade de pesquisa, especializada em tráfico, ao World-Check. Criada há cerca de 5 anos, ela ajuda a simplificar o processo de due diligence para os fornecedores e a garantir a qualidade da cadeia de suprimentos, e vem mostrando resultados surpreendentes.

Um deles partiu de uma investigação, iniciada pela imprensa, sobre peixes capturados por escravos e que seguiam para a cadeia de abastecimento alimentar internacional. O fato rapidamente chamou a atenção para uma enxurrada de empresas estrangeiras marcadas na Indonésia por pesca ilegal, não declarada e não regulamentada (IUU, na sigla em inglês), além de outros crimes no Mar de Arafura.

A partir daí, a pesquisa sobre uma das empresas que tiveram sua licença revogada levou ao rastreamento de propriedade de uma empresa familiar na China. Outra checagem revelou que a mesma organização possuía várias outras companhias locais citadas por pesca IUU, transbordo marítimo ilegal e falsificação de documentos. Por fim, essas “bandeiras vermelhas” (red flags) levaram a uma busca exaustiva que resultou em quase 700 novas conexões relacionadas a crimes ambientais e trabalho forçado.

 Aperfeiçoamento do Due diligence

Como empresa, estamos fazendo parcerias com outras organizações para criar ferramentas que ajudem a desmantelar redes criminosas. Atualmente, a Refinitiv pode desvendar hierarquias de propriedade em cerca de 200 países, expondo mais de 100 milhões de conexões e rastreando as entidades associadas para apontar potencias riscos, inclusive aqueles relacionados ao crime verde.

Com o acesso a esses dados, as empresas podem procurar fortalecer ainda mais seus próprios programas corporativos de due diligence e garantir que os funcionários sejam devidamente educados e treinados. À medida que incorporamos o machine learning e a inteligência artificial aos dados, enxergamos o potencial para descobrir e prever riscos ocultos adicionais nas relações comerciais e nas redes humanas.

É hora de levar a sério o crime verde, e isso só começará a ser feito quando combatê-lo se tornar realmente uma prioridade.

Quando você precisa saber exatamente com quem está lidando, os nossos relatórios de Enhanced Due Diligence fornecem integridade detalhada e verificações avançadas de histórico de qualquer entidade ou indivíduo –onde quer que esteja.

Acesse nosso webinar on-demand: “The rise of green crime”

* Interpol/UNEP, dezembro de 2016.

** Relatório da Refinitiv: “True Cost of Financial Crime” (maio de  2018).