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Crimes verdes: uma ameaça velada

Além de infração ambiental e do tráfico de animais silvestres, o chamado “crime verde” também engloba a violação de regulações criadas para evitar danos ao planeta. Intimamente ligado à corrupção, ao crime organizado e à lavagem de dinheiro, ele afeta as cadeias de suprimentos, os negócios, a segurança mundial e nossa capacidade de cumprir com as metas de sustentabilidade estabelecidas pela ONU. Por tudo isso, está mais do que na hora de reagir a essa ameaça.


Diante de um cenário preocupante, em que agências reguladoras e órgãos policiais nacionais e internacionais reconhecem a ameaça crescente, veja neste post como a Refinitiv vem se associando a outras organizações para criar ferramentas que ajudam a frear as redes criminosas.

  1. O “crime verde” constitui uma verdadeira indústria global e responde por infrações ambientais estimadas em até US$ 258 bilhões por ano (*). Ele inclui tráficos de animais silvestres, uma das atividades ilícitas mais lucrativas no mundo após o tráfico de drogas, de seres humanos e de armas.
  2. A União Europeia define o crime ambiental como uma infração predicativa na 6ª Diretiva da UE contra a Lavagem de Dinheiro (6AMLD). E entre as novas prioridades do Grupo de Ação Financeira contra a Lavagem de Dinheiro e o Financiamento do Terrorismo (GAFI) para 2020 estão o combate ao comércio ilegal de animais silvestres.
  3. A Refinitiv tem acesso a estruturas de propriedade em mais de 200 países, podendo desbloquear cerca de 100 milhões de conexões para rastrear entidades associadas a possíveis riscos, incluindo aqueles relacionados ao “crime verde.

Afinal, do que se trata?

É conhecido como “crime verde” os que envolvem atividades ilegais que além de prejudicarem diretamente o meio ambiente, também ameaçam a vida selvagem, afetam as cadeias de suprimentos comerciais e representam um perigo para a segurança e a estabilidade em todo o mundo.

As suas consequências são profundas e, por isso, já chamaram a atenção de órgãos policiais, agências reguladoras e, mais recentemente, do setor de tecnologia.

Crescente ameaça transnacional

O “crime verde” constitui uma verdadeira indústria global e responde por infrações ambientais estimadas em até US$ 258 bilhões por ano (*). Ele inclui tráficos de animais silvestres, uma das atividades ilícitas mais lucrativas no mundo após o tráfico de drogas, de seres humanos e de armas.

Devido à sua crescente sofisticação, órgãos policiais e agências reguladoras tem encarado o problema como uma de suas prioridades. A Interpol e a Europol, por exemplo, já reconhecem os estreitos vínculos entre o crime verde, o crime organizado transnacional e o terrorismo. Segundo a Interpol, a exploração de recursos naturais por redes criminosas, geralmente em áreas de conflito, representa uma séria ameaça à paz e à segurança.

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A resposta regulatória

Os órgãos reguladores também começaram a olhar com mais atenção para o problema. Inclusive, a União Européia classificou o crime ambiental como uma infração predicativa na 6ª Diretiva da UE contra a Lavagem de Dinheiro (6AMLD). E entre as novas prioridades do Grupo de Ação Financeira contra a Lavagem de Dinheiro e o Financiamento do Terrorismo (GAFI) para 2020 estão o combate ao comércio ilegal de animais silvestres.

No entanto, apesar do foco cada vez mais forte sobre o “crime verde”, as multas e sanções aplicadas a essa atividade ainda são bem menores do que as relacionadas à lavagem de dinheiro e ao financiamento do terrorismo.

Com essas disparidades em vista, não é chegada a hora de recalibrar os atuais regimes legislativos (e as políticas de cumprimento dessas leis), levando em conta os danos causados ​​por essas ações e o risco que elas representam para as gerações futuras?

Se, de fato, quisermos mudar esse panorama, é imprescindível uma maior colaboração entre os setores público e privado. Isso exige um esforço conjunto para reunir grandes empresas, agências reguladoras, entidades políticas e organizações não governamentais e encarar de frente o desafio. Ainda mais importante é que essa ampla gama de organizações, geralmente atuando em esferas distintas, se unam em torno de uma missão única, mas com repercussão global.

Embora pareça que nenhuma entidade esteja realmente enfrentando o problema, não somos impotentes. Os avanços tecnológicos e a atual abundância de dados têm um importante papel a desempenhar contra essas redes criminosas.

Tecnologia e dados contra as teias do crime

Essas redes costumam se valer de estruturas legais de negócios e modelos complexos de propriedade para ocultar as atividades ilícitas. E boa parte de seu sucesso deve-se às inúmeras abordagens negligentes de due diligence entre as instituições.

Uma de nossas pesquisas mostra que mais de 40% (**) das empresas não analisam adequadamente os seus relacionamentos com terceiros. Assim, criminosos conseguem se esconder à vista de todos.

Mas, hoje em dia, uma série de recursos baseados em conjuntos de dados estão sendo criados para combater o problema. Eles nos permitem desvendar complexas estruturas de propriedade, analisar conexões entre as redes e rastrear entidades segundo os regulamentos vigentes em todo o mundo.

Sinais vermelhos para atividades ilegais

A Refinitiv já conta com uma unidade de pesquisa especializada para o World-Check, focada apenas em tráfico. Lançada há 5 anos, ela ajuda a simplificar a due diligence de fornecedores e a garantia para as cadeias de suprimentos, e já mostrou resultados surpreendentes.

Um bom exemplo foi quando uma reportagem sobre peixes capturados com trabalho escravo na cadeia internacional de fornecimento de alimentos desembocou em empresas estrangeiras autuadas pelo governo indonésio por pesca ilegal, não declarada e não regulamentada. Uma pesquisa em uma das firmas que teve sua licença revogada remontava a uma empresa familiar na China. Outra análise revelou que a mesma companhia possuía várias subsidiárias locais já multadas por pesca e transporte ilegal, além de falsificação de documentos. Essas red flags levaram a uma busca exaustiva que resultou em quase 700 novas conexões relacionadas a crimes ambientais e trabalho forçado.

Prevendo o futuro

A Refinitiv mantém estreitas parcerias com outras organizações para criar ferramentas que ajudam a interromper essas correntes criminosas. Já temos acesso a estruturas de propriedade em mais de 200 países, podendo desbloquear cerca de 100 milhões de conexões para rastrear entidades associadas a possíveis riscos, incluindo aqueles relacionados ao “crime verde.

Com acesso a esses dados, as empresas podem fortalecer ainda mais seus programas de due diligence e garantir que seus funcionários sejam educados e treinados adequadamente. À medida que unimos o Machine Learning e a Inteligência Artificial aos dados, somos cada vez mais capazes de descobrir e prever riscos ocultos nas relações comerciais e nas redes humanas.

É hora de levar a sério o “crime verde” –e tornar o seu combate uma prioridade.

Quando você precisa saber exatamente com quem está lidando, os relatórios de Enhanced Due Diligence fornecem integridade detalhada e verificações avançadas de antecedentes de qualquer entidade ou indivíduo – e em qualquer local.

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*Interpol/UNEP, December 2016.

**Refinitiv ‘True Cost of Financial Crime’ report, May 2018.