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Riscos de crimes financeiros aumentam na esteira da Covid-19

Renata Galvao
Renata Galvao
Refinitiv World-Check Research Manager, Africa Region
Lisa Walters
Lisa Walters
Refinitiv World-Check Research Manager, North America
Donovan Guedes
Donovan Guedes
Refinitiv World-Check Research Manager, Central Europe

Fraudes em cadeias de suprimentos, crimes cibernéticos e golpes que envolvem falsos investimentos são algumas das formas utilizadas por grupos criminosos para tirar proveito da pandemia. Conheça as medidas de due diligence que devem ser adotadas urgentemente pelas organizações para reduzir os riscos de crimes financeiros em época de Covid-19.


  1. Diante dos elevados riscos de crimes que acompanham a pandemia de coronavírus, as organizações precisam ser “online smart” e adotar medidas rigorosas de due diligence para proteger tanto seus dados quanto o patrimônio financeiro.
  2. As fraudes na área de abastecimento são predominantes no setor de saúde, enquanto empresas esforçam-se para identificar fornecedores legítimos de medicamentos e equipamentos.
  3. Para combater a alta incidência de crimes financeiros em meio à atual crise sanitária global, será preciso recorrer à combinação entre dados confiáveis ​​e uma abordagem baseada em riscos.

Enquanto o mundo se vê às voltas com as consequências da Covid-19, com o dia a dia em uma espécie de câmera lenta, grupos criminosos aproveitam o momento para atuar com força total, descobrindo novas oportunidades de lucro em meio às mortes geradas pela pandemia. Portanto, mesmo parecendo difícil, as empresas não podem baixar a guarda agora. Ao contrário, devem se manter em vigilância máxima.

Para ter uma ideia dos desafios enfrentados pelas corporações durante esta crise e como a Refinitiv pode ajudá-las, clique aqui para ouvir o nosso webinar “Is your supply chain dynamic enough to deal with COVID-19?

A necessidade de auto-isolamento mudou significativamente a maneira como fazemos negócios e interagimos uns com os outros. Isso levou, claro, a um drástico aumento na atividade on-line, o que, por sua vez, nos deixa muito mais vulneráveis ​​a criminosos que procuram explorar essa súbita e ampla digitalização da vida pessoal e profissional.

Um novo relatório da Europol revela que as redes de crime organizado estão ajustando seu modus operandi às oportunidades virtuais oferecidas pela pandemia de Covid-19. Cibercrime, fraude e falsificações de equipamentos médicos são alguns dos delitos em alta hoje em dia, segundo a agência policial europeia.

Covid-19 e crimes financeiros

A Interpol também relatou um aumento na quantidade de sites que vendem equipamentos de proteção individual (EPIs) falsos, incluindo máscaras e desinfetantes para as mãos abaixo do padrão e medicamentos antivirais sem licença das agências de vigilância sanitária.

Além disso, como muitas organizações vêm aderindo a ambientes de trabalho virtuais e permitindo novas conexões com seus sistemas de tecnologia, o Federal Bureau of Investigation (FBI) foi alertado sobre o crescimento do número de hackers que hoje tentam roubar informações pessoais e de propriedade intelectual. Isso geralmente ocorre por meio de e-mails de phishing que alegam terem sido enviados por Centers for Disease Control and Prevention (CDCs) ou outras organizações responsáveis ​​por fornecer informações relacionadas ao novo coronavírus.

Diante dessa profusão de falcatruas relacionadas à pandemia, precisamos nos tornar, como dizem, “online smart”, e adotar medidas rigorosas para proteger tanto nossos dados quanto recursos financeiros.

Riscos operacionais e regulatórios

À medida que os países declaram estado de emergência e novas legislações entram em vigor para lidar com os problemas decorrentes da Covid-19, acompanhar o atual cenário regulatório se tornou mais importante do que nunca.

As rigorosas medidas de auto-isolamento adotadas por inúmeros governos mundo afora forçaram muitas empresas a colocar em vigor seus planos de continuidade de negócios (PCN), o que vem afetando intensamente os processos corporativos, incluindo a integração (onboarding) de novos clientes e fornecedores.

Instituições financeiras, por exemplo, tiveram de transferir de uma hora para outra as suas operações de trabalho para o ambiente virtual. E, embora isso represente uma oportunidade única de aprimorar a integração digital de clientes, é preciso adotar soluções confiáveis para evitar ameaças de segurança cibernética e fraudes de identidade.

Problemas nas cadeias de abastecimento globais também forçaram as organizações a buscar novos fornecedores. E, apesar da urgência de encontrar novos parceiros de negócios, é crucial que as medidas eficazes de due diligence não sejam comprometidas, pois, como já foi mencionado, os riscos de terceiros estão bastante elevados.

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Fraude na cadeia de abastecimento

O Departamento de Justiça norte-americano alertou contra um número crescente de fraudes no fornecimento, em que os golpistas embolsam dinheiro sem nunca entregar os produtos prometidos.

A Europol, por exemplo, investigou uma transferência de 6,6 milhões de euros de uma empresa européia para um fornecedor em Cingapura que vendia álcool gel e máscaras de proteção. Segundo os compradores, os produtos nunca foram recebidos. Em outro caso, foi relatado que uma tentativa de compra de 3,85 milhões de máscaras resultou em uma perda de 300.000 euros para uma organização.

Os riscos de falcatruas nos processos de fornecimento são especialmente prevalentes no setor de saúde. Diante da extraordinária demanda por medicamentos e equipamentos para ajudar a conter a propagação do novo vírus, muitas empresas têm tido dificuldades para identificar fornecedores legítimos.

No entanto, mesmo com sérios riscos em jogo, um estudo recém-divulgado pela Refinitiv indica que a percentagem média de organizações do setor de saúde que realizam a due diligence é de apenas 50%, o que significa 7% abaixo de todos os outros setores pesquisados.

Maior preocupação com corrupção

O setor de saúde também corre o risco de ser vítima de suborno e corrupção. Segundo um relatório da Transparência Internacional (TI), essas práticas costumam prosperar em tempos de crise.

Os departamentos de aquisição de medicamentos e de outros tipos de suprimentos são áreas particularmente vulneráveis:

  • O Office on Drugs and Crime da ONU apurou que entre 10% e 25% do dinheiro gasto globalmente com compras de suprimentos é desviado por práticas criminosas.
  • Na Europa, 28% dos casos de corrupção na saúde estão relacionados ao processo de aquisição de equipamentos médicos.

Os números fornecidos pela Transparência Internacional são anteriores à atual crise, e a situação provavelmente se agravará conforme a escassez de suprimentos for piorando.

Além de os governos internacionais caírem em golpes desse tipo, há atualmente outras preocupações, como a manipulação de preços, que pode obrigar hospitais a escolher entre o pagamento de valores inflacionados ou o combate a uma pandemia sem materiais básicos para proteger profissionais de saúde.

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Riscos de fraude em investimentos

Enquanto diferentes tipos de negócios enfrentam fechamentos temporários e intensa perda de receita, os investimentos no setor de saúde encontram-se em expansão. A revista Forbes inclsive sugere a área de cuidados com a saúde como um dos 20 ramos nos quais investir durante a “economia do coronavírus”.

O problema é que os criminosos também estão atentos a essas oportunidades, e trapaças que envolvem investimentos de fachada vêm crescendo. Diante desse panorama, comissões de segurança nos EUA têm alertado investidores sobre companhias que alegam ter produtos ou serviços que previnem, detectam ou mesmo curam a Covid-19.

O Departamento de Justiça norte-americano também alertou contra “relatórios de pesquisas” que fazem previsões sobre Microcaps ou ações baratas de empresas sobre as quais há poucas informações disponibilizadas.

A importância de uma abordagem baseada em risco

Em meio a esse cenário de crescentes fraudes nas cadeias de suprimentos e em investimentos e de aumento da criminalidade financeira on-line, dados confiáveis são uma ferramenta-chave para ajudar a mitigar os riscos e explorar novas oportunidades.

Apesar da urgência de se realizar o onboard de novos fornecedores em meio a atual crise sanitária global, as medidas de due diligence não podem ser comprometidas –afinal, os alertas sobre fraude e corrupção crescem a cada dia. É aqui que os dados confiáveis ​​mostram-se importantes viabilizadores dos planos de compliance e de mitigação de riscos, em linha com as melhores práticas e uma abordagem baseada em risco (RBA, na sigla em inglês).

Em uma declaração emitida pela Financial Action Task Force, a adoção da RBA é incentivada como forma de enfrentar os desafios impostos pela pandemia de coronavírus e para ajudar as organizações a se manterem sempre alertas a novos riscos de golpes financeiros.

Enquanto o mundo lida com o “novo normal”, em que impera a incerteza e o medo, manter-se um passo à frente dos golpistas nunca foi tão importante.

Com os dados, ferramentas e informações corretas, podemos tomar decisões mais acertadas e proteger nossas sociedades, organizações e nós mesmos, claro, contra a crescente onda de crime e corrupção.

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