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A hora e a vez das finanças sustentáveis

Matthew Toole
Matthew Toole
Director, Deals Intelligence

No primeiro trimestre deste ano, as finanças sustentáveis seguiram sua trajetória ascendente em todas as categorias de produtos, com os green bonds liderando o caminho e mercados de ações atingindo novas máximas.


  1. Ao longo do primeiro trimestre de 2021, os títulos de finanças sustentáveis somaram US$ 287 bilhões, o dobro do que foi emitido no primeiro trimestre de 2020.
  2. Durante o mesmo período, vimos a quantidade de green bonds (títulos verdes) quadruplicar, atingindo um recorde histórico de US$ 131 bilhões, à medida que as questões climáticas ganham importância agenda do investidor.
  3. Enquanto isso, as emissões de ações dobraram e chegram a US$ 11,2 bilhões –outro recorde—, e as M&As sustentáveis ​​saltaram mais de 400%.

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No primeiro trimestre de 2021, vimos níveis recordes de negócios sustentáveis ​​nos mercados de crédito (DCM) e de equities (ECM), além de um volume sem precendentes de fusões e aquisições envolvendo empresas que se destacam pela sustentabilidade.

Dobra a quantidade de títulos de finanças sustentáveis

Nos primeiros três meses deste ano foram levantados US$ 286,5 bilhões em bonds ligados a financiamentos de projetos sustentáveis, um recorde trimestral histórico e mais do que o dobro das emissões do mesmo período de 2020.

Para se ter uma ideia do nível de atividade desse mercado no primeiro trimestre, basta saber que a soma total dos negócios foi quase 50% acima do período anterior, e apenas o segundo trimestre em que o mercado de títulos sustentáveis ​​ultrapassou os US$ 200 bilhões desde o início dos registros, em 2015.

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Um recorde trimestral histórico de US$ 286,5 bilhões em títulos de finanças sustentáveis foram movimentados nos primeiros três meses do ano, mais do que o dobro na comparação com o valor de um ano antes.

As finanças sustentáveis agora já respondem por 11,5% da atividade do mercado de crédito (DCM), ante os 9,5% do quarto trimestre de 2020.

Quatro vezes mais green bonds no mercado

Além disso, na comparação ano a ano, os títulos verdes (green bonds) –instrumentos lançados especificamente para projetos relacionados ao clima e ao meio ambiente— aumentaram em mais de 400%, somando US$ 131,3 bilhões, mais um recorde trimestral histórico.

Inclusive, os green bonds ultrapassaram a marca de US$ 100 bilhões ao mesmo tempo em que registrávamos uma quantidade inédita de emissões.

Além disso, os green bonds –instrumentos lançados especificamente para projetos relacionados ao clima e ao meio ambiente – aumentaram em mais de 400% em relação ao ano anterior, chegando a um recorde trimestral histórico de US$ 131,3 bilhões.

O mercado para os títulos sociais se tornou ainda mais aquecido do que em 2020 (isso porque no ano passado ele já teve um desempenho impressionante). Com um novo registro histórico de US$ 91,8 bilhões no 1º trimestre –quase dez vezes a marca do ano anterior—, o segmento respondeu por quase um terço de todo o mercado de títulos financeiros sustentáveis. O resultado foi impulsionado, claro, pela maior emissão de títulos sociais de todos os tempos, feita pela União Europeia.

Já os títulos de sustentabilidade atingiram US$ 42,2 bilhões, mais do que o dobro do primeiro trimestre de 2020 e a maior marca desde o início dos registros. O número de emissões também cresceu: 144% em relação ao ano anterior.

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Emissores corporativos ganham força no mercado financeiro sustentável

As empresas aumentaram sua parcela de emissões no mercado financeiro sustentável em 146%, chegando a responder por quase metade da atividade nesse setor. Do outro lado ficaram as agências e as nações soberanas, perdendo participação após terem sido responsáveis por 64% dos negócios nesse segmento no final de 2020.

Os emissores europeus, no entanto, continuam a dominar as finanças sustentáveis, com 62% dos negócios do setor no primeiro trimestre, enquanto as Américas e a Ásia ficaram com 18% e 15%, respectivamente.

Já o mercado de subscrição para finanças sustentáveis ​​permanece relativamente fragmentado. O BNP Paribas lidera a lista de participantes –com uma fatia de 6,7&—, ao passo que os dez bancos mais atuantes na área, que dominavam 38% do segmento há um ano, hoje controlam menos de 20%.

Em contraste com o mercado de títulos, os empréstimos sustentáveis ​​praticamente caíram em desgraça durante os primeiros nove meses de 2020. Contudo, depois de uma recuperação no final do ano, a atividade se manteve em alta no primeiro trimestre de 2021 e chegou a inéditos US$ 100 bilhões, com a Europa respondendo por mais da metade do setor, sobretudo devido às emissões da italiana Enel SpA e da belga Interbrew-Simba.

Os emissores europeus continuam a dominar a área de finanças sustentáveis, com 62% do mercado no primeiro trimestre, enquanto as Américas e a Ásia ficaram com 18% e 15%, respectivamente.

ECM bate novos recordes nas Américas

O início de 2021 também trouxe uma quantidade inédita de emissões de ações de empresas sustentáveis, que totalizaram US$ 11,2 bilhões, o dobro da soma do primeiro trimestre de 2020.

Embora o número de ofertas tenha diminuído em relação ao último período de 2020, os rendimentos saltaram 62%.

E a região das Américas foi a grande responsável pela movimentação desse mercado, com 75% dos negócios; os outros 25% ficaram com a Europa.

Nesse primeiro período de 2021, também testemunhamos um recorde de emissões de ações de companhias com altos índices de sustentabilidade, que alcançou US$ 11,2 bilhões (o dobro da soma registrada nos primeiros três meses de 2020).

Enquanto isso, vemos um mercado de consultorias para ofertas sustentáveis altamente concentrado, com Morgan Stanley, Barclays e Goldman Sachs dividindo quase equanimamente metade do segmento.

Em outra frente, as M&As envolvendo companhias sustentáveis no primeiro trimestre quadruplicaram em relação ao mesmo período do ano anterior, chegando à marca histórica de US$ 58,6 bilhões, com as corporações chinesas respondendo por mais de um quinto do setor e as dos EUA, por 13%.

A aquisição de empresas sustentáveis por Special Purpose Acquisition Companies (SPACs) movimentou US$ 41,5 bilhões –71% do total da atividade de M&A no período.

A aquisição de empresas sustentáveis por Special Purpose Acquisition Companies (Companhias com Propósito Especial de Aquisição, ou simplesmente SPACs) atingiu US$ 41,5 bilhões. Esse índice representa 71% do total da atividade de M&As no período.