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Cenário para mercado global de ações já era modesto antes de escalada de crise Rússia-Ucrânia

Hari Kishan
Hari Kishan
Senior Correspondent, Reuters Polls, Thomson Reuters
Jonathan Cable
Jonathan Cable
Polling correspondent, Reuters

Os mercados globais de ações já estavam em curso de um ano volátil ao fim do qual registrariam ganhos modestos, antes da mais recente escalada da crise Rússia-Ucrânia, de acordo com uma pesquisa da Reuters com cerca de 120 analistas e operadores do mercado de ações de todo o mundo.

A decisão do presidente russo Vladimir Putin na segunda-feira de reconhecer duas regiões separatistas no leste da Ucrânia e enviar tropas para lá aprofundou temores ocidentais de uma grande guerra na Europa e tornou as perspectivas muito mais difíceis de prever.

Com a maioria dos bancos centrais em todo o mundo agora em movimento para conter a inflação ao consumidor –que em muitos países está nas máximas em décadas, conforme as economias emergem da pandemia–. os aumentos anuais dos preços das ações de dois dígitos nos últimos anos já pareciam improváveis.

“O caminho da situação na Ucrânia é primordial por enquanto –especialmente se uma maior escalada da situação intensificar o aumento dos preços da energia na Europa e globalmente, pois isso deixa um pano de fundo de custos de insumos mais altos que os bancos centrais não podem abordar de forma realista com o aperto das políticas monetárias”, disseram estrategistas do Saxo Bank.

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A maioria dos principais índices dos mercados de ações está no vermelho no acumulado do ano ou com parcas altas. Muito dependerá se a situação na Ucrânia, cuja tensão já empurrou o petróleo para quase 100 dólares o barril, tem um efeito indireto maior sobre a inflação e a atividade.

Mesmo antes da escalada das tensões, mais de 80% dos analistas, ou 69 dos 82 que responderam a uma pergunta adicional, disseram que a inflação teria um impacto significativo ou muito significativo nos resultados das empresas neste ano. Os 13 restantes disseram que o impacto seria insignificante.

A pesquisa da Reuters feita de 11 a 21 de fevereiro com estrategistas do mercado de ações, operadores e gestores de fundos também revelou que a maioria dos participantes já estava em processo de rebaixamento de previsões de ganhos anuais para a maioria dos principais índices em comparação com a sondagem de três meses atrás.

Dos 17 principais índices de ações pesquisados, as medianas mostraram analistas melhorando as estimativas para apenas três deles para o fim de 2022.

O índice FTSE 100, do Reino Unido, foi o único índice importante a ver aumento em previsão de pontuação, juntamente com o Ibovespa e o índice mexicano S&P/BMV IPC, embora estes tenham visto apenas ligeira revisão para cima.

Nos EUA, o S&P 500, referência para o mercado acionário norte-americano, deve daqui até o fim do ano acumular ganho de cerca de 11,5%, mal recuperando suas perdas registradas na parcial de 2022, de cerca de 9%. O índice do mercado canadense ganhará 5,6%, conforme estimativas coletadas na pesquisa.

A expectativa é que o índice Nikkei, do Japão, suba 11,9% em relação ao patamar de segunda-feira, chegando a 30.100 pontos até o fim do ano –a estimativa está abaixo dos 31.000 pontos previstos na pesquisa anterior.

“O ambiente do mercado de ações provavelmente permanecerá excepcionalmente dependente dos desenvolvimentos geopolíticos e inflacionários, o que pode desencadear uma volatilidade significativa do mercado nas próximas semanas e meses”, observaram analistas do UniCredit.

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