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Como será o futuro do trabalho na área de gestão de ativos?

A pandemia de Covid-19 gerou muitas transformações nos padrões de trabalho dos profissionais de finanças, tanto pela adesão a novas tecnologias quanto pela adoção definitiva do trabalho remoto. Em meio a esse cenário, o que o futuro reserva para os gestores de ativos?


  1. À medida que a Covid-19 se espalhava pelo mundo, os gestores de ativos enfrentavam, como muitos outros profissionais, um desafio inédito: a mudança para um esquema de trabalho remoto. Para conseguirem realizar suas tarefas fora do ambiente corporativo, as equipes tiveram de recorrer a tecnologias que ainda não haviam sido testadas dessa forma.
  2. O setor financeiro foi bem-sucedido nessa adaptação, e pode-se dizer que os negócios passaram por pouquíssimos momentos de disrupção. Além de acelerar o maior emprego de dados e de novas tecnologias, esse processo também demonstrou a eficácia desses recursos.
  3. E conforme a tecnologia evolui, o futuro da gestão de ativos se concentrará menos na localização do profissional e mais em como ele acessa os dados e no valor que eles agregam.

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Convites para cafés da manhã e happy hours são apenas algumas das maneiras pelas quais as empresas de gestão de ativos têm incentivado seus funcionários a passar mais tempo no escritório. Ainda assim, de acordo com uma recente pesquisa com profissionais do setor financeiro, apenas 25% desejam retornar aos padrões de trabalho pré-pandemia.

No Reino Unido, país em que mais de três quartos dos adultos já receberam duas doses da vacina contra a Covid-19 e onde as mortes pela doença correspondem hoje a uma pequena fração do pico visto em janeiro de 2021, o argumento para a manutenção do trabalho remoto definitivamente perdeu força.

Isso, no entanto, vem sendo alterado pelo crescimento dos casos da variante Delta e pela relutância de alguns trabalhadores em utilizar sistemas de transporte público lotados, onde os riscos são vistos como maiores. Para se ter uma ideia, em 6 de setembro passado –primeira semana de trabalho pós-verão em Londres—, o metrô da cidade teve a hora do rush matinal mais movimentada desde março de 2020, com 831.000 usuários entre 7h00 e 10h00.

Contudo, no momento em que este artigo estava sendo escrito, o número semanal de passageiros no setor de transporte da metrópole estava em cerca de 50% dos níveis pré-pandêmicos, o que pode representar um alívio para os departamentos de RH de gestoras de ativos. Isso porque, para fornecer ambientes seguros e manter o distanciamento social, os escritórios devem funcionar com apenas metade de sua capacidade.

Em suma, mesmo os maiores defensores do retorno ao trabalho presencial serão forçados a oferecer um modelo híbrido aos funcionários.

Essas percepções podem ser comprovadas por uma pesquisa informal realizada há pouco com gestores de ativos em Londres. A enquete indica que há desde instituições exigindo a obrigatoriedade do comparecimento ao escritório pelo menos quatro dias por semana até aquelas que adiaram esse movimento para 2022.

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Transição suave para o trabalho remoto

Muitas vezes, em meio às discussões sobre os prós e contras do trabalho remoto, esquecemos de analisar o que realmente é melhor para a empresa em geral –e, claro, para os clientes.

Para responder a isso, precisamos relembrar o início da pandemia, quando os gestores de ativos enfrentaram dois desafios.

O primeiro deles foi administrar ativos e clientes durante um período em que os modelos de investimento e de renda foram desafiados, com o Dow Jones perdendo 37% de seu valor entre 12 de fevereiro e 23 de março de 2020. Mas, pelo menos, esse era um problema familiar para quem já havia passado por crises anteriores.

A segunda dificuldade foi a súbita mudança para o trabalho remoto, tendo que contar com tecnologias que nunca haviam sido testadas desta forma.

Contra todas as expectativas –e com muito poucas disrupções nos negócios—, o setor financeiro deu conta do recado. E, além de acelerar a adoção de novas tecnologias, com um maior aproveitamento dos dados e uso de dispositivos móveis pelos gestores, a crise deflagrada pela Covid-19 também serviu para demonstrar a eficácia desses recursos.

Fonte: Workspace Sem Limites

Muitos profissionais descobriram que, além de ser mais produtivo, trabalhar remotamente também lhes proporcionava mais tempo com a família e amigos e eliminava despesas com deslocamento. E uma série de funcionários com maiores responsabilidades familiares, como aqueles com filhos pequenos, começaram a florescer neste ambiente mais flexível, enquanto vimos o valor do “presenteísmo” diminuir.

Ou seja, será difícil apagarmos essa experiência.

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O que o futuro reserva para a gestão de ativos?

Diante dos fatores descritos acima, é possível que haja bem pouco incentivo para que a administração da empresa ou que os funcionários retornem ao status quo.

E algumas questões que ainda eram consideradas um problema para a adoção de esquemas de trabalho híbridos ou totalmente remotos, como o “modelo de aprendiz” –em que a equipe júnior depende do ensinamento e experiência passada pelos colegas de nível sênior—, já estão sendo resolvidas com novos programas online projetados especialmente para fornecer níveis mais formais de networking e de aprendizagem no trabalho.

O maior risco desse movimento é que, ao focar muito no “futuro do trabalho”, não haja foco suficiente no futuro da indústria como um todo. A verdadeira questão talvez não seja como misturar trabalho remoto e escritório, mas como alternar com segurança e sem falhas entre plataformas e dispositivos. Segundo 82% dos entrevistados em nossa enquete, os padrões de interoperabilidade são importantes para suas empresas.

Em um universo cada vez mais competitivo, será que a tecnologia e os dados, e não os padrões de trabalho, serão os grandes responsáveis por aumentar o nível de eficiência e ajudar a gerar o Alfa que ajuda a distinguir uma gestão ativa de um modelo de investimento passivo?

Embora o elemento humano provavelmente seja mais vital do que nunca, a localização física ou a proximidade podem ser hoje bem menos importantes. Portanto, no futuro, o fundamental pode não ser o local de trabalho, mas como o profissional acessa dados e quanto valor obtém deles.

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