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Economia brasileira provavelmente se recuperou no 3° tri com gastos e investimentos

Gabriel Burin
Gabriel Burin
Polling correspondent for Latin America, Reuters

A economia do Brasil provavelmente se recuperou em um ritmo trimestral recorde no período de julho a setembro, no caminho de registrar um início de ano em 2021 melhor do que se pensava anteriormente, com as empresas e famílias se recuperando do surto de Covid-19, mostrou uma pesquisa da Reuters.

Mas, em base anual, o Produto Interno Bruto (PIB) da maior economia da América Latina ainda deve recuar, assim como no trimestre atual e de também de forma modesta nos primeiros três meses de 2021, marcando cinco trimestres consecutivos de contração.

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Até agora, a recuperação tem sido impulsionada pelos juros em mínima recorde e um grande aumento nos gastos do governo federal para conter a devastação econômica provocada pelo coronavírus, que já matou quase 170 mil pessoas no país, deixando-o atrás apenas dos Estados Unidos no ranking de países com maior número de fatalidades.

O PIB do Brasil no terceiro trimestre deve ter crescido a um ritmo recorde de 9,0% em comparação com o segundo, que foi o pior já registrado, com queda de 9,7%.

Reforçando a visão de que as famílias e empresas estão voltando ao normal e com menos necessidade de assistência estatal, a maioria dos entrevistados na pesquisa disse que os gastos do consumidor e os investimentos provavelmente impulsionaram o aumento esperado no crescimento.

Mas isso ainda deixaria o PIB em queda de 3,5% em comparação com o mesmo trimestre do ano anterior, de acordo com a mediana das estimativas de 30 economistas consultados entre 16 e 20 de novembro, ainda em recessão profunda.

Os dados do PIB serão divulgados no dia 3 de dezembro, às 9h.

Com a atividade privada acelerando, o presidente Jair Bolsonaro enfrenta o desafio do aperto fiscal, mesmo com o desemprego aumentando e nenhuma garantia de que uma segunda rodada de infecções será evitada.

“Além do risco de uma segunda onda de coronavírus, o governo terá que começar a indicar seu compromisso com o futuro da dívida pública do Brasil”, disse Victor Beyruti, economista da Guide Investimentos, acrescentando: “o gasto excessivo só piorou as coisas do ponto de vista fiscal, e, agora mais do que nunca, as reformas são necessárias.”

As estimativas de uma contração esperada de 2,6% no quarto trimestre e de 0,4% entre janeiro e março do próximo ano foram menos acentuadas do que em uma pesquisa feita em outubro, apontando para uma retomada mais rápida depois do progresso mais recente no desenvolvimento de vacinas para o vírus.

Apenas uma leve surpresa positiva no início de 2021 seria o suficiente para tirar a economia brasileira da recessão mais cedo do que os analistas esperam atualmente.

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