Pesquisa da Refinitiv sobre estratégias de dados de mercado e de referência em instituições financeiras não deixa dúvidas: a abordagem atualmente empregada pelas empresas precisa ser atualizada. Mas quais os principais desafios que se impõem às organizações nessa jornada?
- Em uma recente sondagem da Refinitiv, quase três quartos dos entrevistados afirmam que as estratégias de gerenciamento de dados de mercado não mudaram nos últimos 10 anos e que devem ser reformuladas para gerarem maior retorno.
- Mais de 80% dos respondentes dizem que os reguladores devem ampliar o foco sobre a governança de dados nos próximos anos.
- Cerca de 84% dizem que já estão implementando uma estrutura de resiliência operacional ou que consideram fazê-lo em breve.
De acordo com um recente estudo da Refinitiv, as empresas de serviços financeiros enfrentam uma série de desafios à medida que buscam aperfeiçoar suas estratégias de dados de mercado e de referência para acompanhar o dinamismo dos negócios e ganhar mais eficiência –e, consequentemente, mais receita.
Segundo o relatório “Desvendando o Valor Oculto em Dados de Referência e de Mercado em Toda a Organização”, 74% dos entrevistados disseram que as estratégias de gerenciamento de dados de mercado não mudaram nos últimos 10 anos e que devem ser reformuladas para que consigam agregar um valor adequado.
E 76% dos respondentes acreditam que melhorar a forma como gerenciam esses dados exigirá mudanças drásticas em suas organizações, bem como novas tecnologias ou estratégias. Além disso, 67% afirmam que há uma falta de entendimento em suas empresas sobre como alavancar de forma mais eficaz os gastos com dados.
Leia o relatório: “Desvendando o Valor Oculto em Dados de Referência e de Mercado em Toda a Organização”
Para produzir este novo relatório, a Refinitiv conduziu uma pesquisa com aproximadamente 1.600 funcionários do buy-side e do sell-side de instituições financeiras em todo o mundo. Todos esses indivíduos têm conhecimento, estão envolvidos ou tomam decisões sobre dados de mercado e de referência em suas organizações. E suas funções abrangem três áreas: front office; middle e back office; e infraestrutura, TI e suporte.
Quais são os maiores desafios?
Como explicam os executivos das mais variadas empresas de serviços financeiros e áreas geográficas, os cinco principais desafios da gestão de dados de mercado e de referência são:
- Consistência de dados ao longo de diferentes canais ou quando há provedores distintos 26%
- Trabalho remoto e uso em dispositivos móveis 26%
- Dados incompletos 25%
- Conectar dados entre front, middle e back offices 24%
- Lentidão na entrega de novos conjunto de dados 24%
Em geral, as dificuldades das instituições financeiras podem ser classificadas em três categorias.
A primeira é a governança de dados. Isso porque elas ainda não estão preparadas para lidar com questões relacionadas à consistência e à qualidade dos dados. Como se isso já não fosse suficientemente desafiador, os reguladores também estão se concentrando mais em governança de dados; 81% dos profissionais esperam um aumento na atenção regulatória nessa área.
Além disso, a maioria fala sobre as deficiências nos programas de governança de dados de suas firmas, como:
- Inconsistência dos elementos usados pelo front, middle e back office (34%).
- Inconsistência de fontes de dados e fornecedores entre front, middle e back office (32%).
- Desconhecimento das condições das licenças dos dados (25%).
O segundo desafio para os executivos é atender às demandas dos casos de uso que estão surgindo em suas empresas, inclusive Inteligência Artificial (IA) e Machine Learning (ML). Os problemas de IA e ML relativos a dados de mercado e de referência englobam desde segurança de dados (38% dizem que suas firmas estão às voltas com essa questão); qualidade de dados (32%); e até dificuldade para se obter os dados certos (31%).
Por fim, o terceiro obstáculo: promover a mudança cultural necessária dentro de cada organização. Essas instituições não enfrentam apenas desafios de tecnologia e de dados ao revisar sua abordagem de dados de mercado e de referência, elas também se deparam com sérios problemas culturais.
Na verdade, 78% dos participantes concordaram que a integração de novas estratégias de dados de mercado exigirá uma mudança de mentalidade e de atitude por parte dos funcionários. E mais: 64% dos entrevistados admitem haver uma relutância em modificar a forma como a companhia opera devido às possíveis disrupções que isso pode gerar.
Como gerenciar as expectativas?
Não há dúvidas de que as alterações que as empresas precisam instituir em suas estratégias de dados de mercado e de referência são substanciais –caso contrário, esses modelos não estarão aptos a fornecer a receita e a eficiência necessárias para que os negócios prosperem.
No entanto, os executivos da área podem estar excessivamente confiantes sobre suas prioridades de investimento e como isso se compara com a concorrência. Quase sete em cada dez dizem que suas prioridades de investimento são muito (ou ligeiramente) competitivas em relação aos seus rivais.
Entre as empresas de gestão de patrimônio, 43% se consideram muito competitivas em relação à concorrência. Já entre os fundos de hedge, 34% são confiantes, enquanto os corretores e os brokers interdealers mostram-se os menos confiantes, com 12% dizendo que seus planos não se comparam aos de seus competidores.
Embora diversas instituições financeiras possam estar investindo pesado na área, outras também estão. Portanto, os executivos devem ter certeza de que seus programas de dados proporcionam a vantagem competitiva que, de fato, desejam alcançar.
A caminho de uma nova estratégia de dados de mercado
No que, afinal, as empresas estão focando para aprimorar suas estratégias de dados de mercado e de referência neste novo ano?
Elas certamente planejam investir em mais dados, principalmente para aplicação em Inteligência Artificial e Machine Learning (36%), além de expandir cobertura/áreas geográficas (34%). E, como indicam as respostas dos executivos, também estão decididas a gastar em mais feeds de dados de mercado (incluindo feeds diretos e feeds agregados), bem como em dados de referência.
A pesquisa ainda demonstra que as organizações vêm buscando investir no aprimoramento de sua infraestrutura de gerenciamento de dados.
Em primeiro lugar, elas estão transferindo mais armazenamento e uso de dados para a nuvem. Casos de uso populares relatados por profissionais de front office incluem alimentar sistemas de negociação e risco com dados e análises (41%); execução de negociações e análises de execução, como Análise de Custo de Transação (TCA) (36%); armazenamento de dados históricos (39%); e Machine Learning para detectar padrões de negociação (33%).
Em segundo lugar, as corporações passaram a investir em infraestrutura que dá suporte à governança de dados. Isso engloba soluções de direitos de dados –26% dos respondentes já têm esse software instalado, enquanto 42% têm planos de implementar uma solução automatizada. O uso de software automatizado para autorização de dados pode ajudar as equipes a garantir o compliance em seus contratos, bem como rastrear o acesso aos dados em toda a empresa.
O terceiro passo para refinar as estratégias de dados de mercado e de referência é aumentar a resiliência operacional. Cerca de 84% dos profissionais relatam que estão implementando uma estrutura de resiliência operacional ou que pensam em fazê-lo em breve.
Uma maior resiliência operacional permite que a empresa continue atendendo os clientes durante períodos de crise –como a recente pandemia de COVID-19—, além de abraçar as oportunidades que podem surgir em circunstâncias como essas.
Em suma, as instituições financeiras estão reconhecendo que suas estratégias de dados de mercado e de referência precisam evoluir para serem capazes de superar os novos desafios que hoje as afligem.
Leia o relatório: “Desvendando o Valor Oculto em Dados de Referência e de Mercado em Toda a Organização”
