Neste final de ano, nos debruçamos sobre as tendências que dominaram o setor de gestão patrimonial em 2022 e o que, segundo nossos especialistas, deverá estar na mira dos investidores internacionais nos próximos meses. Confira!
- Segundo nossas pesquisas, os investidores estão dispostos a pagar mais por um serviço que seja personalizado e otimizado pela tecnologia certa.
- Tanto os investidores “híbridos” quanto aqueles totalmente dependentes de consultoria têm as recomendações dos consultores como sua principal fonte de informação confiável.
- Oportunidades e inovações como ESG, criptomoedas, ativos tokenizados e tokens não fungíveis (NFTs) são apenas algumas das áreas que as gestoras de patrimônio precisam dominar e incorporar em suas estratégias se quiserem se diferenciar e agregar valor aos serviços que oferecem.
Personalização: expectativa básica do cliente
Antes de mais nada, é preciso deixar claro que, com as contínuas mudanças que ocorreram no segmento de gerenciamento patrimonial ao longo do ano, o papel dos consultores da área se mantem mais relevante do que nunca. No entanto, é preciso focar em um trabalho personalizado, customizado para cada cliente.
Dito isso, vamos à importância dos dados. Quando falamos da função dos dados na gestão de patrimônio, pode ser interessante imaginá-los como o núcleo, em torno do qual tudo evolui; e os insights que vêm desses dados seriam os átomos.
Embora seja uma forma abstrata de se falar sobre dados, ela enfatiza a relevância de entendermos nossos clientes, suas diferenças ou, seguindo essa analogia, seu DNA.
Agora, bem mais do que em outras épocas, os consultores de patrimônio contam com as ferramentas e os recursos para desenhar abordagens específicas para cada portfólio, conforme o investidor em questão.
Na edição deste ano de nosso relatório sobre global wealth – Tornando-se Pessoal: Como as Empresas de Patrimônio Podem Atrair e Reter o Investidor Moderno—, descobrimos que 64% dos millennials e 51% dos investidores de 35 a 54 anos estão dispostos a pagar mais por produtos e serviços de investimento personalizados.
E isso está intimamente ligado ao significado dos consultores na jornada de um investidor, já que para 38% daqueles pertencentes à geração do milênio, esses profissionais são a principal fonte de informações confiáveis para decisões de investimento.
Olhando para dados como este, parece evidente que as empresas que atuam nesse segmento estão diante de uma oportunidade real (e única) de fazer grandes negócios. Para isso, contudo, elas precisam estar equipadas com os dados de alta qualidade necessários para gerar resultados financeiros seguros.
Um toque humano, mas em uma experiência digital
Assim como em outros setores, o segmento de gestão patrimonial requer um envolvimento digital cada vez mais intenso, o que acaba representando uma valiosa oportunidade para os profissionais da área, “obrigando-os” a desenvolver e adotar produtos e serviços digitais inovadores.
Há uma grande demanda, por exemplo, de aplicativos móveis que possibilitem o acesso a informações das contas. Quase metade (46%) de todos os investidores dizem que acessam suas contas por meio de um app, e esse número aumenta acentuadamente, para 72%, entre os entrevistados que pertencem à geração do milênio.
Neste ano de 2022, a exigência de maior envolvimento via aplicativos móveis esteve no centro das atenções, pois os investidores desejam acesso fácil e em movimento a informações de portfólio, dados em tempo real, ferramentas de negociação, documentos fiscais etc.
Mas, no futuro, os consultores deverão continuar aproveitando essas ferramentas para se diferenciarem em um ambiente que se mostra altamente competitivo. Afinal, quando os investidores foram questionados sobre quais fontes de informações de investimento consideravam as mais valiosas, descobrimos que 58% de todos aqueles que buscam consultoria para fazer seus negócios e 62% dos chamados “híbridos” e “autodirigidos” veem as recomendações desses especialistas como sua fonte mais confiável.
Aumento da demanda por investimentos alternativos
Neste ano, também testemunhamos o crescente interesse por investimentos alternativos e como as gestoras de patrimônio vêm integrando-os em suas estratégias de atuação.
Essas firmas devem ir além das ofertas de tradicionais de negócios. ESG, criptomoedas, ativos tokenizados e tokens não fungíveis (NFTs) são apenas algumas das áreas que as companhias precisam dominar para incorporar em seus serviços. Isso porque só assim conseguirão se diferenciar, entregar valor e, claro, permanecer relevantes.
Um dos maiores destaques no setor de wealth em 2022 foi a enorme demanda por dados ESG de alta qualidade. Temos testemunhado um número crescente de investidores que buscam alinhar seu propósito ou valores às decisões de investimento. Além disso, eles estão se dedicando a entender como seus fundos impactam a tomada de decisões corporativas e não apenas seus portfólios.
Na verdade, as métricas ESG agora estão em pé de igualdade com as métricas financeiras tradicionais na hora de avaliar o desempenho corporativo para investimentos. E podemos afirmar com segurança que a maior compreensão dos investidores sobre ESG é um fator-chave para isso.
Nosso relatório aponta que 50% dos entrevistados estão agora mais dispostos a considerar investimentos ESG porque têm um melhor entendimento do seu impacto na sociedade. Analisando mais detalhadamente, a pesquisa revela ainda que o entusiasmo nessa área crucial aumenta para 61% entre os investidores da geração do milênio.
No passado, a mentalidade predominante era que o investimento em ESG era um fator limitante, ou seja, algo que eliminava parte do universo de oportunidades ou, na melhor das hipóteses, servia apenas para ticar o quadradinho do “altruísmo corporativo”.
No entanto, essa visão foi mudando ao longo do tempo e, hoje em dia, muitos participantes do setor de gestão patrimonial diferenciam seus serviços usando critérios ESG. Essa tendência não mostra nenhum sinal de que recuará, pelo contrário: acreditamos que as considerações relacionadas aos fatores ESG terão implicações contínuas e cada vez maiores para o setor de wealth.
Sabemos que essa oferta inovadora e generalizada de produtos não se aplica a todas as firmas do universo de gerenciamento patrimonial. Mas temos certeza de que a grande maioria se beneficiará enormemente se pelo menos entenderem do que se tratam essas inovações.
A gama de opções de investimento continuará a crescer e, para ter sucesso, as empresas devem se reposicionar e delinear estratégias que atendam a uma demanda cada vez maior por essas novas alternativas.
O que 2023 nos trará?
Olhando para o futuro, entendemos como o atual ambiente de mercado está moldando a maneira com que as gestoras de patrimônio e de ativos trabalham, bem como o que os investidores esperam dessas firmas.
É fato que a importância de se oferecer personalização, recursos digitais e investimentos alternativos continuará crescendo. E, com os dados certos e insights que realmente agreguem valor, todo consultor e todo investidor poderá tomar decisões mais conscientes, que impactem positivamente o desempenho das carteiras enquanto contribuem para um futuro mais sustentável para todos os stakeholders.