Ir para conteúdo

Inflação global permanecerá teimosamente alta com quebra em cadeias de suprimentos em curso

A onda global de inflação alta está longe de terminar e o aperto agressivo da política monetária não conseguirá conter as pressões de preços para garantir o cumprimento das metas dos bancos centrais, já que é improvável que cadeias de suprimentos prejudicadas sejam corrigidas tão cedo, mostraram pesquisas da Reuters.

A inflação na maioria dos países disparou para os maiores patamares em vários anos, impulsionada por uma recuperação na atividade econômica e pressão adicional de interrupções nas cadeias de suprimentos.

Enquanto economistas esperavam que a inflação moderasse neste ano com sinais de redução dos choques de oferta, a invasão da Ucrânia pela Rússia e os recentes bloqueios induzidos pelo ressurgimento de casos de Covid-19 em partes da China, a “fábrica do mundo”, minaram muito desse otimismo.

As previsões para a inflação neste ano em 46 economias pesquisadas agora estão 3,9 pontos percentuais mais altas, em média, em relação ao fim de 2020, a primeira vez que as previsões de inflação para 2022 foram apuradas.

Além das medidas centrais, os intervalos também subiram.

Para 2023, as previsões aumentaram 1,1 ponto percentual em média até agora desde o início de 2021. Considerando as previsões consistentemente elevadas ao longo do ano passado, é provável que haja mais aumentos.

“As pessoas demoram a ver essas coisas porque não necessariamente olham o suficiente para as fontes de produção, nem necessariamente levam em conta os atrasos no trânsito”, disse Willy Shih, professor de prática de gestão da Harvard Business School e um especialista em cadeias de suprimentos.

As interrupções nas cadeias de suprimentos e seus impactos sobre a inflação permanecem em grande parte fora do controle dos bancos centrais, mas muitos começaram a retirar a política monetária ultraflexível para controlar a inflação crescente.

As projeções até agora mostram que a inflação em 29 das 39 economias pesquisadas com metas estabelecidas pelos respectivos BCs permanecerá acima dos mandatos neste ano. No próximo ano, cerca de 16 BCs não cumprirão a meta.

Para complicar ainda mais as coisas, os formuladores de política monetária devem combater a inflação rígida sob um alto risco de uma desaceleração econômica significativa –em alguns casos, recessão.

“A inflação tende a ser um assassino lento… Pode levar um pouco mais de tempo antes de realmente alimentar a destruição da demanda e então a economia começar a desacelerar”, disse Elwin de Groot, chefe de macroestratégia do Rabobank. “Acho difícil aceitar que o crescimento não desacelere por causa da inflação. Isso é impossível.”

“A inflação não será mais estruturalmente baixa como vimos após a crise financeira global e como nos últimos 10, 15 anos de inflação mais fraca do que os bancos centrais almejavam; esses tempos podem ter ficado para trás.”

Descubra novas oportunidades com dados e conteúdo exclusivos oferecidos pelo Eikon.