A preservação do meio ambiente é hoje um dos maiores desafios enfrentados pelos líderes empresariais e políticos ao redor do globo. Diante desse panorama, as agências reguladoras preparam-se para fornecer uma estrutura sólida que incentive a liderança sustentável. Entenda, a seguir, no que ela consiste.
- Já sabemos que nenhum país conseguirá cumprir com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU até a data prevista, ou seja, 2030.
- Os formuladores de políticas públicas reconhecem o papel fundamental do sistema financeiro global para que sejamos todos mais sustentáveis –e os responsabilizam!
- Neste post, destacamos três principais tendências regulatórias que buscam promover a liderança sustentável a longo prazo.
Os desafios globais relacionados à sustentabilidade permanecem enormes, e, aliás, vêm sendo exacerbados por crimes ambientais, cuja incidência aumentou de forma exponencial nos últimos anos. É quase impossível calcular os prejuízos gerados por ações como essa, mas uma coisa é certa: o crescimento econômico futuro depende em grande parte da rapidez e da eficácia com que respondemos às urgentes questões ambientais e sociais enfrentados pelo mundo atual.
Apesar das exigências embutidas nos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU –acordo que inclui todas os países—, nenhuma nação está a caminho de cumprir com esses objetivos até a data prevista (2030).
Os formuladores de políticas públicas estão cientes disso e reconhecem o papel decisivo que o sistema financeiro global desempenha na economia real, em qualquer direção –seja promovendo a sustentabilidade ou até mesmo minando avanços já alcançados na luta por objetivos ambientais e sociais comuns.
Progresso significativo em curso
Há décadas, a Europa é líder em regulamentação ambiental, social e de governança (ESG), defendendo a transparência e a divulgação de dados como ferramentas básicas para informar decisões de investimento sustentáveis.
Em julho de 2019, o governo do Reino Unido publicou, por exemplo, a Green Finance Strategy (GFS), que visa alinhar os fluxos financeiros do setor privado ao crescimento “limpo”, ambientalmente sustentável e resiliente, fortalecendo assim a competitividade nessa área. Na França, ainda em 2016, o artigo 173 da French Energy Transition Law reforçou os requisitos de divulgação de índices de emissão de carbono para empresas listadas na bolsa e começou a exigir relatórios de carbono de investidores institucionais.
Na região Ásia-Pacífico, novas políticas públicas e regulações ligadas a questões de ESG também vêm ganhando força. Desde a adoção do UK Code, em 2010, muitas economias asiáticas –incluindo Japão, Hong Kong, Cingapura, Coréia do Sul, Taiwan, Malásia e Tailândia— implementaram códigos de administração e iniciativas similares para incentivar investimentos institucionais mais responsáveis.
Já nos Estados Unidos, o quadro regulatório federal referente a problemas ambientais, sociais e de governança permanece relativamente limitado, com a agenda de ESG cada vez concentrada na esfera estadual.
Três tendências regulatórias
Acreditamos que as agências reguladoras globais seguirão focadas na promoção da liderança sustentável a longo prazo e, em meio a esse cenário, identificamos três principais tendências.
- Medidas mais consistentes em direção à sustentabilidade
Consumidores, investidores e lideranças corporativas devem realinhar suas estratégias para se concentrar no desenvolvimento de novos modelos de negócios e soluções inovadoras que enfrentem os desafios sociais e ambientais do mundo atual. Esperamos que os reguladores assumam a liderança no incentivo a essa mudança de mentalidade, e antevemos oportunidades inéditas em vários setores –especialmente com a criação de novos empregos pelos crescentes investimentos em pesquisa e inovação que serão necessários para apoiar a onda sustentável.
- Maior transparência e divulgação de dados
O mercado continua apontando as limitações na disponibilidade e qualidade dos dados como o maior desafio para a integração de questões relacionadas a ESG em seus processos de investimento. Os agentes reguladores reconhecem esse problema e têm introduzido novas políticas para melhorar os padrões de qualidade, divulgação e disponibilidade de dados nas métricas de ESG.
- Direcionamento para políticas de longo prazo
As diretrizes de governança corporativa englobam tópicos como gestão e remuneração do conselho; diversidade da diretoria; e gerenciamento e supervisão dos riscos ligados a ESG. No entanto, enquanto a remuneração do quadro administrativo estiver vinculada a resultados de curto prazo, não devemos ver grandes mudanças nas esferas de governança e de estratégia. A remuneração dos executivos deveria estar vinculada à adoção de iniciativas de sustentabilidade tanto nas estratégias de longo prazo quanto nos processos diários de tomada de decisão. Aqui também esperamos contar cada vez mais com mudanças regulatórias que estimulem mudanças nesse panorama.
Dados para decisões sustentáveis
Nesse cenário regulatório em evolução, as organizações só podem tomar decisões de investimento mais sustentáveis se tiverem acesso a dados rigorosamente controlados e de qualidade que garantam a integridade e a comparabilidade.
Entretanto, esses elementos estão evoluindo, e devem incluir, por exemplo, informações sobre a divulgação de questões relacionadas a ESG; referências sobre determinados ativos, como commodities; inteligência de governança corporativa; dados de títulos verdes, como os da Climate Bonds Initiative (são chamados de títulos verdes aqueles que destinam recursos para projetos ambientais e, por isso, foram rotulados como “verdes” pelo emissor).
Nossas valiosas ferramentas
Os dados de ESG da Refinitiv respondem por mais de 70% do valor de mercado global, com cerca de 400 métricas que ajudam as organizações a avaliar os riscos e oportunidades representados pelo desempenho das empresas em áreas fundamentais, como mudanças climáticas, remuneração de executivos, diversidade e inclusão.
Nossa ESG Contributor Tool capacita as empresas a gerenciar ativamente seus próprios dados de ESG, com funcionalidade avançada que permite:
- Contribuir com os dados de ESG da empresa para o ano em curso.
- Revisar e editar os dados históricos de ESG que já estavam disponíveis.
- Garantir que o mundo dos investimentos tenha acesso aos seus dados mais atuais de ESG.
A ferramenta não apenas assegura a visualização de suas próprias pontuações de ESG (para os dois períodos históricos atuais e anteriores), mas também possibilita uma revisão das pontuações dos concorrentes em cada setor.
Para promover o compartilhamento de dados confiáveis, também desenvolvemos o Sustainable Leadership Monitor, aplicativo que agrega exclusivamente dados financeiros e de ESG para analisar a orientação de longo prazo das empresas. Dessa forma, fornecemos uma ferramenta valiosa para o setor privado tomar decisões mais informadas sobre seus relacionamentos com terceiros.
À medida que o ano de 2020 avança, continuaremos a expandir a parceria com nossos clientes, fornecendo dados abrangentes para amparar decisões de alocação de capital alinhadas às metas globais de sustentabilidade e às mudanças nas tendências regulatórias.