O futuro do trading global será construído por pessoas e máquinas trabalhando juntas, não em concorrência. Nossa série de relatórios sobre inovação na mesa de operações – formulada em parceria com a Greenwich Associates —, chega ao fim com uma análise sobre a combinação certa entre Inteligência Artificial e intuição humana.
- Cerca de 80% dos profissionais pesquisados para um relatório da Refinitiv –em parceria com a Greenwich Associates — sobre o futuro do trading disseram que a inovação ofereceu muitas oportunidades novas.
- As decisões de investimento e negociação ainda se basearão na intuição humana, enquanto a análise de dados e a execução das operações serão automatizadas e cada vez mais eficientes.
- Se as tarefas de processamento manual forem reduzidas de 20 a 25%, gestores, analistas e brokers de portfólios terão mais tempo para gerar novas idéias e trabalhar com os seus clientes.
Quando se trata do futuro do trabalho, a inovação geralmente é vista com ceticismo, por mais inspiradora que a ideia pareça. No último relatório de nossa série sobre a mesa de operações do futuro, a Refinitiv e a Greenwich Associates desmascaram muitos dos temores sobre as máquinas que vêm dominando o mundo.
No documento, o futuro do trading e dos serviços financeiros é descrito como uma verdadeira fusão entre o que existe de melhor nos seres humanos e nas máquinas, onde as decisões de investimento e de negociação dependerão da intuição humana, enquanto a análise de dados e a execução das operações serão automatizadas e cada vez mais eficientes.
Para entender melhor esse processo evolutivo, vamos dar uma olhada nas principais descobertas do relatório.
Pessoas no comando
Apesar dos avanços nas áreas de Inteligência Artificial e de análise de dados, não há dúvidas de que as pessoas estão no comando. De fato, à medida que a tecnologia se torna cada vez mais sofisticada, novas oportunidades para talentos humanos de primeira linha estão surgindo. É evidente que a formação desses profissionais tem mudado ao longo dos anos. Embora uma formação em finanças seja a trajetória mais comum para ingressar na profissão de trader, certamente não é o único.
Cerca de 56% dos profissionais do mercado financeiro possuem formação em finanças, mas conhecimentos de ciência da computação e engenharia são cada vez mais predominantes (e crescentes).
O motivo é que as novas soluções exigem profundo conhecimento tanto dos mercados financeiros quanto de tecnologia. Os “nativos digitais” serão os que compreenderão os meandros tecnológicos e estarão mais sintonizados e dispostos a explorar possíveis inovações.
Como resultado, estamos vendo mais analistas quânticos (quants), cientistas de dados e programadores nessa área. Eles costumam focar em análises avançadas, algoritmos e soluções de automação de processos em vez de experiências do usuário.
Aceleração da carreira
A tecnologia não está substituindo os seres humanos, apenas melhorando a sua experiência de trabalho. Cerca de 80% dos profissionais de finanças entrevistados para o relatório acreditam que a inovação oferece muitas oportunidades novas. E entre esses, metade diz que ela foi, inclusive, responsável por acelerar o crescimento de suas carreiras.
E isso não é verdade apenas para as gerações mais jovens. Na verdade, 60% dos participantes pertencentes à Generation X sentem que a tecnologia reformulou as suas carreiras de formas inesperadas –índice significativamente mais alto do que entre os baby boomers (41%) e os millennials (48%).
Mas por que houve essa mudança de perspectiva? Nos próximos três a cinco anos, dois terços dos profissionais de finanças esperam que cerca de 25% de seus empregos sejam automatizados. No entanto, sempre que um trabalho é perdido para a automação, outro é criado para manter o novo processo ou tecnologia.
Livre de tarefas repetitivas e pouco criativas, como processamento manual, gestores de portfólio, analistas e brokers terão mais tempo para trabalhar individualmente com os clientes e se concentrar em atividades que economizam custos, agregam valor ou aumentam as receitas.
Novas idéias de investimento
A inovação tecnológica promete tornar o mercado de capitais e a interação entre as pessoas muito mais eficientes. O buy-side continuará olhando para o sell-side em busca do espírito do mercado, comprometimento de capital, pesquisas e outros serviços de valor agregado.
À medida que as idéias para o trading se transformam em discussões de idéias, espera-se que o sell-side aumente o uso de ferramentas de comunicação digital para conversar, discutir operações e colaborar de maneira mais ampla.
Nesse novo ambiente de mercado, os traders se tornarão consultores de execução, enquanto os gestores de portfólio identificarão, avaliarão e testarão rapidamente as idéias de investimento.
As máquinas farão o processamento de dados, análise profunda e execução de operações e de investimentos, enquanto as pessoas irão trabalhar com os clientes, identificar oportunidades diferenciadas, negociar e gerenciar relacionamentos.
Relacionamentos confiáveis
É inegável que a natureza do trabalho está mudando. Na verdade, a importância de ter relacionamentos confiáveis nunca foi tão acentuada quanto durante esta pandemia.
Em todo o mundo, mercados e instituições tiveram que lidar com novas maneiras de trabalhar durante esse período de volatilidade e incertezas em níveis históricos.
Os mercados de capitais ainda são –e continuarão sendo— administrados por pessoas, para pessoas. Afinal, são elas que programam os robôs e conversam com os clientes. E serão sempre os seres humanos que vão desenvolver relações de confiança, se envolver em interações pessoais e ter a próxima “grande idéia”.
Mais do que nunca, são os profissionais do setor financeiro que atendem com serenidade e segurança clientes preocupados diante dos movimentos sem precedentes do mercado.
Descubra o futuro do trading
Assim como as inovações do passado, as novas tecnologias não tornarão os seres humanos obsoletos. Elas constituirão o jeito normal de fazer negócios. E, quanto mais adaptadas a isso as empresas do setor financeiro estiverem, maior o seu sucesso na era digital.