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Perspectiva econômica global para 2023 é rebaixada, em desacordo com otimismo do mercado

Hari Kishan
Hari Kishan
Senior Correspondent, Reuters Polls, Thomson Reuters

O crescimento econômico global deve ultrapassar por pouco 2% este ano, de acordo com uma pesquisa da Reuters com economistas que disseram que o maior risco é um novo rebaixamento em sua visão, em desacordo com o otimismo generalizado nos mercados desde o início do ano.

A queda dos preços de energia, uma desaceleração da inflação na maioria das economias em relação às máximas de várias décadas, uma economia inesperadamente resiliente da zona do euro e a reabertura econômica da China levaram os operadores a especular que a desaceleração será mais branda.

Isso impulsionou o índice mundial de ações da MSCI a uma alta de quase 20% em relação às mínimas de outubro, atingindo o maior nível para o fechamento em cinco meses na quarta-feira, apesar do maior risco dos bancos centrais manterem as taxas de juros mais altas por mais tempo, em vez de cortá-las.

Mas os economistas como um todo estão muito menos otimistas, reduzindo as previsões de crescimento para este ano e no próximo para 2,1% e 2,8%, de 2,3% e 3,0%, respectivamente, na pesquisa de outubro de 2022. A visão mais pessimista apareceu diante de algumas atualizações notáveis dos bancos nas últimas semanas.

A previsão de crescimento para 2023 está bem atrás da estimativa do Fundo Monetário Internacional de 2,7% divulgada em outubro e que será atualizada na próxima semana. As últimas pesquisas da Reuters com mais de 500 economistas cobrindo 45 economias foram realizadas de 5 a 25 de janeiro.

Mais de dois terços dos entrevistados, 130 de 195, disseram que o maior risco para suas perspectivas de crescimento mundial é que a taxa será ainda mais lenta do que o esperado atualmente.

Muito dependerá de quanto sucesso os principais bancos centrais do mundo podem reivindicar em aproximadamente um ano com os aumentos historicamente agressivos nas taxas de juros, que ainda não terminaram. O impacto total das altas de juros pode levar um ano ou mais para aparecer nas economias.

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O consenso das previsões de crescimento do Produto Interno Bruto para 2023 para mais de 80% das economias pesquisadas foram rebaixadas em relação à pesquisa de outubro.

As previsões de inflação para este ano em quase 80% das economias pesquisadas, 35 de 45, foram atualizadas para cima em relação à pesquisa de outubro, sugerindo que o viés é de que os bancos centrais globais manterão uma política monetária mais rígida por um longo período de tempo.

Ao mesmo tempo, não se espera que as taxas de desemprego subam muito ante níveis relativamente baixos.

Isso sugere que os bancos centrais não têm espaço nem mesmo para considerar reduzir os juros em breve.

A expectativa é de que quase todos os principais bancos centrais mantenham as taxas de juros até o final deste ano, uma conclusão também em desacordo com os juros futuros, que esperam uma redução no quarto trimestre.

O Banco Central Europeu, o Federal Reserve e o Banco da Inglaterra devem subir os juros em cada uma de suas próximas duas reuniões de política, e depois deixá-las inalteradas.

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Quando solicitados a listar a maior ameaça ao crescimento econômico global em 2023, mais de 85% dos economistas, 171 de 196, se dividiram quase igualmente entre política monetária mais restritiva (90) e inflação persistentemente alta (81).

Quinze apontaram para a guerra entre Rússia e Ucrânia, oito acenaram para uma correção de preços de ativos, um citou um ressurgimento da Covid-19 e um disse mercados de trabalho mais fracos do que o esperado.