Enquanto a pandemia de coronavírus empurra o mundo para um declínio econômico quase sem precedentes – muito pior do que o causado pela crise financeira de 2008, e estimado em 3% só neste ano, segundo o FMI—, como os investidores acreditam que os bancos se sairão?
- O HSBC acaba de reservar US$ 3 bilhões para ser usado como provisão contra possíveis perdas devido à pandemia de Covid-19 .
- Apesar do crescente risco de uma desaceleração econômica, a European Banking Authority (EBA) informou que a força de capital dos credores da UE aumentou no quarto trimestre de 2019, com o CET1 em quase 15 %.
- Confira o nosso novo whitepaper e descubra como a Refinitiv ajuda a trazer clareza para situações altamente incertas, como a atual crise econômica global provocada pela Covid-19.
Diferentemente do que ocorreu em 2008, os bancos não são o foco da crise atual. Na verdade, o setor bancário iniciou o ano em situação visivelmente melhor do que a de uma década atrás, graças a requisitos de liquidez e de capital muito mais rigorosos impostos pela regulação Basileia III e por mudanças na responsabilidade do credor derivados de mecanismos de resgate.
Segundo o Bank of England, no terceiro trimestre de 2019, por exemplo, os bancos do Reino Unido estavam aproximadamente três vezes mais fortes (de acordo com o Common Equity Tier 1, ou CET1) do que no início da crise financeira global.
Mesmo assim, diante de uma profunda desaceleração econômica, os bancos, inevitavelmente, estarão sob maior risco. Os principais credores da Europa, dos EUA e de outros países estão se preparando para enfrentar os danos causados pelas exposições de suas contrapartes, ou seja, o risco de famílias e empresas deixarem de pagar suas dívidas integrais e dentro do prazo.
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Padrões de endividamento em elevação
Apesar das agressivas intervenções de governos e bancos centrais internacionais, que vem reafirmando a disposição de fazer o que for necessário para proteger suas economias do impacto da pandemia, a probabilidade de inadimplência está aumentando rapidamente. O Fundo Monetário Internacional (FMI) afirma que “o Grande Lockdown” deverá provocar uma perda acumulada de US$ 9 trilhões do PIB global neste e no próximo ano – valor maior do que o gerado em conjunto pelas economias da Alemanha e do Japão.
Setores com limitadas margens de adaptação a uma era de distanciamento social, como o aéreo, de hospitalidade e de varejo de rua, encontram-se em maior risco. O setor de energia, que vem lutando contra o colapso dos preços do petróleo, também está ameaçado.
O custo do seguro para quase todos os tipos de tomadores de empréstimos corporativos vem subindo, com os índices de credit default swap (CDS) de grau de investimento e de alto rendimento sendo negociados nos níveis mais altos em quase uma década.
As altas taxas de desemprego, que segundo alguns especialistas devem atingir 25% nos EUA (acima dos níveis da Grande Depressão), também colocam em risco as pessoas físicas. Enquanto isso, os credores já estão lidando com os reembolsos de férias impostos pelo governo.
Downgrades para instituições bancárias
Diante desse panorama, os bancos já estão tomando providências contra possíveis perdas. É preciso lembrar que a regra contábil IFRS 9, sob a qual essas instituições financeiras agora operam – parte da abordagem de diminuição de “risco” propagado no setor após a crise financeira global –exige uma ação mais rápida.
Em nosso novo white paper, exploramos como a regulamentação, sobretudo a introdução da IFRS 13, impactou o cenário das avaliações.
Tome como exemplo o HSBC. Recentemente, o megabanco com sede em Londres separou US$ 3 bilhões para cobrir eventuais perdas. Um valor 400% maior do que as suas cobranças no primeiro trimestre de 2019, essa medida reduziu pela metade os lucros do primeiro trimestre e levou a instituição a antecipar uma conta total de provisionamento de até US $ 11 bilhões este ano.
Seguindo na mesma linha, os seis principais bancos dos Estados Unidos aumentaram as reservas para possíveis perdas com empréstimos em US$ 25 bilhões.
Enquanto isso, as agências de classificação de risco sinalizam que enxergam um cenário mais conturbado para os bancos. Há pouco, a Standard & Poor’s (S&P) rebaixou ou reduziu suas perspectivas de classificação para credores na Bélgica, França, Alemanha (incluindo os gigantescos Commerzbank e Deutsche Bank), Holanda e Reino Unido em resposta às implicações econômicas geradas pela pandemia de Covid-19.
Já a agência Fitch colocou a maioria dos bancos –exceto 5% da Europa Ocidental— em perspectiva negativa, e rebaixou a nota de instituições em oito países, incluindo Itália, Espanha e Suécia.
Essas mudanças, no entanto, não se restringem à Europa. A Moody’s já colocou os bancos norte-americanos em perspectiva negativa e agora defende a mesma posição para quatorze países da Ásia e oito da América Latina.
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Suspensão de testes
A pergunta é inevitável: de que forma a crise atingirá os bancos e os investidores expostos a eles? A resposta para essa questão depende claramente da velocidade e da força de uma eventual recuperação, o que permanece altamente incerto.
Mas os detentores de ações e títulos não estão pagando para ver –com muitos deles, inclusive, já partindo para a venda. O Dow Jones US Banks Index, por exemplo, já caiu 33% neste ano.
A avaliação da força dos bancos no atual ambiente também tem sido prejudicada pela decisão de reguladores, incluindo a European Banking Authority (EBA) e o Bank of England, de suspender os testes de estresse com vencimento neste ano. Em 2019, o Federal Reserve, banco central dos EUA, já havia decidido que bancos de médio porte passariam por testes apenas a cada dois anos.
Enquanto isso, declarando que os bancos estavam atravessando a crise do Corona, a EBA informou que a força de capital dos credores da UE aumentou no quarto trimestre de 2019, com o CET1 em quase 15%. Os reguladores e a Comissão Europeia também forneceram alívio temporário de capital, amenizando o impacto da IFRS 9. Entretanto, a relação entre risco e recompensa no setor também vem sofrendo devido a orientações de reguladores, como a própria EBA, de que os bancos devem reter capital, não pagando dividendos ou comprando ações de volta.
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