Este post, com foco nas eleições dos EUA, foi escrito por Tiago Quevedo Teodoro, quant na MarketPsych, empresa parceira da Refinitiv.
Os mercados não gostam de incertezas. Esse é um dos muitos ditados populares na comunidade financeira, mas um dos poucos que tem se provado válido. Afinal, quando os investidores não têm certeza da probabilidade de retorno, exigem um prêmio maior.
Para medir a relação entre a incerteza em torno das disputa presidencial nos EUA e os retornos do mercado, observamos o nível do S&P 500 nos 90 dias anteriores e posteriores às últimas 23 eleições (remontando, portanto, a 1928).
A trajetória média do índice é mostrada no gráfico abaixo pela linha preta (eixo direito).
Ao que parece, o mercado costuma andar de lado durante a maior parte dos 90 dias anteriores às votações.
Então, faltando mais ou menos dez dias para o evento, inicia-se o que podemos chamar de um verdadeiro rali, com ganhos de aproximadamente 8% pelos cem dias seguintes.
Esse ciclo, como vocês também podem conferir no gráfico abaixo (linha azul), está estreitamente relacionado ao nível de incerteza nos EUA, conforme indicado pelas medições de incerteza do Refinitiv MarketPsych Index (RMI).
Essa medição é baseada no número de referências sobre incerteza encontrado nos principais veículos de notícias e redes sociais de um determinado país. A cobertura desses dados retrocede até o ano de 1998.
A linha azul no primeiro gráfico deste post indica o nível médio de incerteza nas últimas 5 disputas presidenciais dos EUA.
Já os valores de incerteza para cada eleição são exibidos no gráfico logo acima.
Em geral, a incerteza aumenta consideravelmente durante a maior parte do período que precede as eleições, e atinge o pico cerca de 2 semanas antes do dia da votação.
É um tanto quanto simplista inferir apenas causalidade, mas se houver alguma, podemos esperar que o “crash de incerteza” após as eleições de 2020 terá um efeito maior do que o normal.
Isso porque, como mostra a linha azul no gráfico logo acima, esta é a eleição presidencial com o maior nível de incerteza desde o início da cobertura do Refinitiv MarketPsych Index (RMI), em 1998.
Portanto, se este ano seguir o padrão ilustrado acima, um rali do S&P500 após a queda no nível de incerteza não seria nenhuma surpresa.
A economia e as chances de Trump
Quando se trata de eleições, as chances de o presidente em exercício ser reeleito costumam ser diretamente afetadas pelas condições econômicas vigentes.
Ainda mais quando o ocupante do cargo concentra sua mensagem de campanha em seu desempenho econômico.
Além de dados sobre sentimentos, como incerteza, o Refinitiv MarketPsych Index (RMI) também fornece dados sobre temas factuais.
Um exemplo é a Expansão dos Negócios, que contabiliza referências sobre expansão ou retração dos negócios em veículos de notícias e redes sociais.
Este índice fornece um representação em tempo real das condições de negócios em um determinado país.
Como você pode conferir no gráfico abaixo, o nível desse índice em 2020 esteve intimamente correlacionado com as chances de uma vitória de Trump. As probabilidades foram compiladas em sites de apostas.
O gráfico mostra que as chances de reeleição de Trump sofreram dois principais golpes, primeiro durante o início da pandemia e, depois, na época dos protestos sociais deflagrados pelo assassinato de George Floyd nos EUA, em junho.
Em ambos os casos, a expansão dos negócios medida pelo RMI caía conforme os acontecimentos se desenrolavam.
Em julho, a mídia começou a relatar condições menos sombrias para os negócios nos EUA, e o índice passou a subir.
Chegou o mês de agosto e os apostadores já estavam mais otimistas sobre as chances de reeleição de Donald Trump.
Mas, ainda com base nesse indicador, o recente salto no número de casos de Covid-19 no país, além do fracasso das negociações para a o pacote de estímulo fiscal, diminuíram as chances de reeleição do presidente.
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