Em meio à deterioração dos indicadores econômicos ao longo de 2022, os mercados de capitais globais se inclinaram em direção a ativos de menor risco. Mas, mesmo assim, na maioria das regiões esses mercados caíram bastante em relação ao ano passado, com as maiores retrações no segmento de equities e de dívidas de alto rendimento.
- Em 2022, os mercados de ações globais amargaram os piores nove meses de abertura desde 2003, e registraram queda de 62% em relação ao mesmo período de 2021.
- Nos EUA, as IPOs caíram 94% no ano, para US$ 6,6 bilhões. Por outro lado, a China conquistou uma participação recorde nesse setor.
- E, à medida que o mercado de crédito de alto rendimento desmorona, atingindo o patamar mais baixo em treze anos, os investidores procuram abrigo em outros segmentos.
Nos primeiros nove meses de 2022, o valor total de capital levantado em todo o mundo foi de apenas US$ 369 bilhões, a soma mais baixa em dezenove anos. Para se ter uma ideia do que isso significa, basta dizer que os números deste ano recuaram 62% em relação ao mesmo período de 2021.
Declínio nos mercados de capitais
É importante frisar que as baixas foram mais acentuadas nos Estados Unidos, onde as receitas despencaram 80% em relação ao ano anterior e responderam por somente 16% das emissões globais.
Enquanto isso, a China apresentou um recuo mais modesto (40%), arrecadando US$ 144 bilhões e obtendo a sua maior participação até hoje nos Equity Capital Markets (ECM) globais. No geral, a emissão de ações da região Ásia-Pacífico diminuiu 43%, para US$ 197 bilhões.
Mas, diante de todos esses números, o pior desempenho foi mesmo o das bolsas de valores dos EUA, onde os rendimentos das IPOs afundaram 94% no ano, totalizando cerca de US$ 6,6 bilhões. No mesmo período, as bolsas chinesas registraram US$ 56 bilhões em novas listagens, o que representa um declínio mais modesto, de 31%. Globalmente, as IPOs levantaram US$ 115 bilhões, queda de 63% em relação a 2021.
Já o desempenho na EMEA (Europa, Oriente Médio e África) piorou em 67%, tocando as mínimas em 26 anos, com as ações de empresas do setor energético respondendo pela maior parte da atividade na região.
Esses índices só foram superados pelos do Japão, onde a emissão de equities foi para o menor nível em trinta anos e rendeu apenas US$ 5 bilhões.
Simultaneamente, o mercado global de ofertas secundárias passou pelo seu pior ano desde 2003, levantando apenas US$ 208 bilhões, 60% abaixo do recorde de ofertas secundárias estabelecido nos primeiros nove meses de 2021.
Como resultado, as taxas dos bancos de investimento dos ECM desceram 67% no ano, somando US$ 10,5 bilhões, o pior resultado desde 2003.
Os maiores bancos dos EUA, que detinham os cinco primeiros lugares no ano passado, viram suas taxas diminuir mais de 80%. Quem ocupou esse espaço –ganhando maior participação na carteira global e ficando entre os dez primeiros— foram os bancos chineses, liderados pelo CITIC Group.
Emissão de dívida corporativa encolhe
Comparado ao que ocorreu nos ECM neste ano, o declínio dos Debt Capital Markets (DCM) foi, até agora, bem menos dramático. A queda geral nos mercados de crédito globais foi de 17% em comparação aos primeiros nove meses de 2021, com a arrecadação atingindo US$ 6,7 trilhões.
Já o número de novas ofertas de dívida diminuiu somente 11%. O setor financeiro, governos e agências elevaram sua participação nesse segmento, para 79%. Excluindo esses emissores, as emissões no mercado de crédito global caíram 35% em relação ao ano anterior, sinalizando um recuo mais pronunciado nas emissões de dívida corporativa.
As emissões de dívida mantiveram a trajetória de queda neste segundo semestre, com os rendimentos do terceiro trimestre diminuindo 23% em relação ao segundo e ficando abaixo de US$ 2 trilhões pela primeira vez desde o final de 2019.
Emissões de dívida de alto rendimento tocam as mínimas em 13 anos
Analisando mais de perto, nota-se que os DCM se bifurcaram: as emissões de grau de investimento recuaram levemente (9%), para US$ 3,3 trilhões, enquanto as de alto rendimento despencaram 80%, para US$ 112 bilhões (o trimestre mais lento para esse segmento desde a crise financeira global em 2009). E apenas quatro mercados representaram quase três quartos de todos os produtos de alto rendimento: EUA, Reino Unido, Holanda e Austrália.
Nos mercados emergentes, os emissores levantaram apenas US$ 167 bilhões nos primeiros nove meses do ano (queda de 48%), com os mutuários da Índia, Tailândia, Brasil e Malásia respondendo por 62% de todas as receitas.
Um ponto positivo foi a dívida em moeda local da Ásia, que cresceu 10% até agora, arrecadando US$ 2,6 trilhões no ano, os primeiros nove meses mais fortes desde que se iniciaram os registros, em 1980.
As taxas dos bancos de investimento dos DCM desceram 28% em relação ao ano anterior. O JP Morgan segue em primeiro lugar até agora, com US$ 5,4 bilhões em taxas, e o Goldman Sachs vem logo atrás, em segundo lugar.
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