À medida que o mercado se consolida, o crescente apetite dos investidores por investimentos sustentáveis impulsiona o desenvolvimento de uma série de novos produtos e serviços.
- Os investimentos sustentáveis vêm crescendo em ritmo vertiginoso, com valorização de 15% nos principais mercados financeiros apenas nos últimos dois anos.
- E, conforme a aceitação desse tipo de negócio aumenta exponencialmente, torna-se necessária uma linguagem comum para identificar oportunidades de investimento verde. Em resposta a questões como essa, foi lançado o Green Technical Advisory Group (GTAG).
- Além de uma linguagem comum, são necessários dados abrangentes e soluções inovadoras que colaborem com a migração para um futuro net zero.
Este conteúdo foi pago e produzido pela LSEG em parceria com o Departamento Comercial do Financial Times.
De acordo com a Global Sustainable Investment Alliance (GSIA), no início de 2020 o valor dos investimentos sustentáveis nos principais mercados financeiros globais era de US$ 35,3 trilhões (1), representando 36% de todos os ativos gerenciados profissionalmente nos EUA, Canadá, Japão, Australásia e Europa. E só nos últimos dois anos houve um crescimento de 15%.
O sistema financeiro reconhece a necessidade de investir em sustentabilidade
Victor van Hoorn, Diretor Executivo da Eurosif, associação que promove o investimento sustentável em toda a Europa, afirma que o sistema financeiro está finalmente despertando para a ideia de que existem riscos reais de sustentabilidade, e que alguns deles podem, inclusive, ser materiais.
Segundo ele, a intensa adesão a investimentos que focam na sustentabilidade ambiental, social e de governança (ESG) reflete a forma como uma série de fatores acabaram se unindo ao mesmo tempo. “Primeiro, há a agenda política. Vimos uma onda regulatória relacionada a finanças sustentáveis, relatórios e disclosure”, diz van Hoorn. “Mas também se discute se os fundos de investimento ESG têm desempenho superior. Vimos que isso ocorreu no início da pandemia, embora tenhamos que questionar se é algo estrutural ou não. Além disso, todas as pesquisas com investidores de varejo demonstram que eles desejam ver suas economias investidas em alinhamento com seus valores, e isso é especialmente importante para os investidores mais jovens.”
Apesar de isso chamar a atenção dos profissionais do setor, não são apenas os investidores de varejo que estão colocando seu dinheiro em produtos que levam em consideração fatores ESG. Uma pesquisa da PwC descobriu que mais de três quartos dos grandes investidores, incluindo fundos de pensão e seguradoras, pretendem parar de comprar fundos convencionais em favor de alternativas ESG até 2022. Com base nesses dados, a PwC estima que os ativos dos fundos ESG triplicarão de valor até 2025 (2).
Na mesma linha, um estudo realizado pela FTSE Russell, subsidiária do London Stock Exchange Group (LSEG), indicou que 84% dos proprietários de ativos ao redor do globo estavam implementando ou avaliando estratégias de investimento sustentável em 2021 –um salto surpreendente em comparação a 2018, quando esse índice foi de apenas 53% (3).
Greenwashing: como se manter longe disso
Por ser um dos centros financeiros mais importantes da Europa, Londres acaba agregando muitos desses fundos, com empresas de investimento listadas na London Stock Exchange (LSE) oferecendo inúmeras oportunidades. Hoje existem, por exemplo, vinte instituições focadas em energia renovável, além de um número cada vez maior de fundos verdes negociados em bolsa (ETFs).
No entanto, como lar de tantos fundos ESG, Londres também se tornou responsável por promover altos padrões de investimento sustentável. Em meados de 2021, a Autoridade de Conduta Financeira (FCA, na sigla em inglês), principal órgão regulador da cidade, alertou sobre os potenciais perigos do greenwashing (a promoção de produtos por meio de alegações enganosas sobre suas credenciais ESG).
Essas preocupações levaram ao lançamento do Green Technical Advisory Group (GTAG), encarregada de desenvolver uma “taxonomia verde” –estrutura que define o que os fundos devem fazer para se qualificar como genuinamente sustentáveis e como devem relatar isso aos investidores.
A iniciativa segue a linha de um trabalho semelhante realizado pela União Europeia e em outras regiões do mundo. “É importante estabelecer uma linguagem comum para identificar oportunidades de investimento verde e medir o crescimento e o desempenho associados a esses negócios. O GTAG vem trabalhando em estreita colaboração com o governo do Reino Unido para desenvolver uma taxonomia britânica baseada na ciência e que seja consistente com as boas práticas globais”, explica Lily Dai, líder sênior de pesquisa em investimento sustentável da FTSE Russell e membro do GTAG.
Como as pontuações ESG podem ajudar os investidores?
Outro instrumento fundamental para os players do setor são as pontuações ESG do Refinitiv Lipper Fund, que cobrem 19.000 carteiras que totalizam US$ 15,7 trilhões em ativos.
As pontuações medem o desempenho, o compromisso e a eficácia em dez áreas, como emissões de carbono e direitos humanos (nos pilares ambiental, social e de governança).
“As pontuações ESG são uma maneira extremamente eficaz de avaliar o desempenho em todos os setores, levando em consideração questões como materialidade e estímulo à transparência. Elas funcionam como uma avaliação objetiva e imparcial da importância de cada tema ESG para diferentes setores”, diz Robert Jenkins, chefe global de pesquisa da Lipper e Mutual Fund Propositions para LSEG.
De uma perspectiva sistêmica, os investimentos ESG serão cobrados pela sua capacidade de impulsionar uma mudança para comportamentos mais sustentáveis nas empresas, além de sua contribuição para o financiamento da transição para uma economia mais verde.
O trabalho da London Stock Exchange abre o caminho para se alcançar o primeiro ponto. Atualmente, cerca de 101 empresas no valor de £ 149 bilhões já detêm seu Green Economy Mark, concedido a companhias listadas em bolsa que geram pelo menos 50% de suas receitas totais com base em produtos e serviços verdes. Esse número representa um aumento de 36% desde o lançamento da iniciativa, há dois anos.
Quanto à redução da lacuna de financiamento, há um pouco mais de trabalho a ser feito. Para se ter uma ideia, o Office for Budget Responsibility, um órgão independente, avalia que serão necessários £1,4 trilhão para que o Reino Unido atinja emissões líquidas zero até 2050; desse total, a previsão é de que apenas £344 bilhões virão das finanças públicas.
Atitudes como a do LSEG, que apoiam a expansão das finanças sustentáveis –seja por meio de mercados de ações ou de títulos—, serão primordiais para garantir que as organizações façam a transição para um futuro mais verde e net zero.
- Global Sustainable Investment Review 2020, Global Sustainable Investment Alliance (GSIA).
- PwC, 2022: The Growth Opportunity of the Century, Are you ready for the ESG change? Abril 2020.
- Sustainable Investment: 2021 global survey findings from asset owners, FTSE Russell.