A torneira de dinheiro se abriu e continuará assim, não importa quem assuma o novo governo da Alemanha. Esse é o veredicto dos investidores, que veem ganhos potenciais para segmentos como finanças sustentáveis e rendimentos modestamente mais altos dos títulos.
Depois que o Partido Social-Democrata (SPD), de centro-esquerda, do ministro das Finanças Olaf Scholz derrotou por pouco o bloco governista democrata-cristão (CDU/CSU) na eleição de domingo, ambos os partidos vão tentar se aliar aos Verdes e ao Partido Liberal Democrático (FDP), pró-negócios, para formar uma coalizão.
Com base nas cores das partes envolvidas, uma potencial aliança liderada pelos social-democratas foi apelidada de coalizão “semáforo”, enquanto uma aliança liderada pelos conservadores foi batizada em homenagem à bandeira da Jamaica.
E, para os investidores que acompanham as negociações, essa pode ser a principal diferença entre os dois grupos. À exceção do FDP, que deseja um rápido retorno ao teto da dívida, limitando novos empréstimos federais, todos os outros partidos expressaram alguma disposição para gastar com mais flexibilidade.
“Parece que os Verdes farão parte da coalizão … Portanto, seja uma coalizão Jamaica ou semáforo, isso significa uma política fiscal mais expansionista”, disse Anna Stupnytska, macroeconomista global da Fidelity International.
Ela vê a opção ‘semáforo’, do SPD, Verdes e FDP, como a mais positiva para os mercados e “uma mudança real em relação à política das últimas décadas”.
Espera-se que maiores gastos desta coalizão proporcionem um impulso maior aos investimentos públicos, apoiando o crescimento econômico.
Thomas Kruse, diretor de investimentos para a Alemanha da Amundi, disse que uma coalizão liderada pelo SPD poderia liberar mais gastos do governo, mas um grupo liderado por conservadores provavelmente estimularia o investimento do setor privado por meio de cortes de impostos, com as ações sendo beneficiadas de qualquer maneira.
Dado que os Verdes serão chave em qualquer coalizão, Kruse está particularmente buscando oportunidades em empresas que se beneficiam de uma transição sustentável mais rápida.
Além disso, é improvável que os aumentos de gastos tenham um efeito muito forte nos mercados de títulos, avaliam investidores, considerando o apoio do Banco Central Europeu. Embora os rendimentos tenham subido nas últimas semanas, à medida que o SPD cimentava sua liderança, isso também se deve a dados de inflação e ao nervosismo em relação à política monetária, observaram analistas.