Matthew Toole, diretor de Deals Intelligence na Refinitiv, analisa o crescimento do mercado financeiro sustentável durante o ano, observando as tendências em títulos sociais e verdes, empréstimos sustentáveis e mercados de capital acionário.
- No terceiro trimestre de 2020, o setor de finanças sustentáveis movimentou o valor recorde de US$ 155 bilhões. A performance foi impulsionada pela Covid-19 e por preocupações generalizadas com sustentabilidade.
- O contínuo crescimento das finanças sustentáveis deve-se, em grande parte, aos títulos sociais. Durante os primeiros nove meses de 2020, eles movimentaram cerca de US$ 85 bilhões, oito vezes mais do que no ano anterior.
- Ao longo do ano, os valores captados com títulos verdes e emissão de títulos de sustentabilidade cresceram fortemente. Essas tendências compensaram o moderado desempenho de empréstimos sustentáveis.
O mercado financeiro sustentável passou por um rápido amadurecimento nos primeiros nove meses de 2020, em parte como resposta à pandemia de coronavírus, mas também pelas incessantes preocupações acerca da sustentabilidade.
O ímpeto cresceu durante o ano, com o terceiro trimestre registrando um aumento recorde de US$ 155 bilhões. Como resultado, outro recorde, de US$ 357,5 bilhões, foi levantado globalmente por empresas sustentáveis e produtos sustentáveis até o final de setembro –um salto de 96% em relação ao mesmo período de 2019.
Números em destaque
Entre os segmentos que se saíram melhor, estão os títulos sociais, que arrecadou US$ 84,5 bilhões no período, oito vezes mais do que no ano anterior. Esse valor representa quase um quarto do mercado atual de finanças sustentáveis; no ano passado essa participação foi de apenas 6%.
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Emissões de títulos verdes e de sustentabilidade
Os títulos verdes começaram o ano lentamente, com US$ 60 bilhões apurados até março. Em compensação, no terceiro trimestre as emissões (170) bateram um recorde de US$ 76,5 bilhões, auxiliadas por títulos soberanos, multilaterais e de bancos, que ajudavam a financiar a recuperação econômica em tempos de pandemia.
Além disso, os títulos de sustentabilidade triplicaram em valor até o final de setembro, levantando US$97 bilhões, com o dobro de emissões do ano anterior.
As emissões realizadas por agências e governos triplicaram durante o ano, chegando a ultrapassar as corporativas.
A Europa continua a dominar o mercado de finanças sustentáveis, com 48% do mercado. Já as Américas têm 28% de participação, e Ásia-Pacífico, 18%.
O HSBC, por sua vez, assumiu o primeiro lugar em subscrição de títulos sustentáveis, com 6,3% de participação no que permanece um segmento relativamente fragmentado. Os dez maiores subscritores ainda representam menos da metade do mercado.
Em contraste, os empréstimos sustentáveis encerram o terceiro trimestre iguais ao ano anterior, em US$ 114,5 bilhões, e em desaceleração.
Durante o terceiro trimestre, apenas US 30 bilhões foram movimentados nesse segmento, cerca de um quinto a menos que no segundo trimestre. Os mutuários europeus respondem por 60% desse mercado. Entre os principais, encontram-se o grupo italiano de energia Enel SpA, a gigante marítima dinamarquesa Moller-Maersk e a subsidiária da Volkswagen, Traton SE.
Recuperação das ações
As empresas sustentáveis contribuiram para o ressurgimento dos mercados de ações durante o verão passado no hemisfério norte, levantando US$ 9,7 bilhões até o final de setembro, um aumento de 38% em relação ao ano anterior –além de um recorde histórico. E o crescimento do terceiro trimestre foi três vezes maior do que o do período anterior, com arrecadação de US$ 5,6 bilhões, recorde trimestral de todos os tempos.
Enquanto isso, as Américas dominaram o financiamento de capital sustentável, com uma participação de mercado de 77%. Ásia-Pacífico e Europa ficaram com 12% e 11%, respectivamente. O Bank of America Securities, Morgan Stanley e JP Morgan comandaram, cada um, mais de 15% das ofertas de ações sustentáveis.
Já a categoria de M&A envolvendo empresas sustentáveis apurou US$ 21,6 bilhões ao longo de 350 negócios em 2020, atingindo o maior valor em dois anos.
As empresas sustentáveis chinesas responderam por 17% do mercado, e as norte-americanas, por 10%. O Goldman Sachs foi a instituição financeira líder em M&A de empresas sustentáveis, presente em oito negócios no valor de US$ 6,1 bilhões.
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