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Mercados de capitais globais despencam no primeiro semestre

Matthew Toole
Matthew Toole
Director, Deals Intelligence

Após cerca de vinte e um meses de intenso levantamento de capital, o primeiro semestre de 2022 fez com que os ECMs e os DCMs em todo o mundo finalmente retornassem (na melhor das hipóteses) a níveis “mais normais” de atividade, com quedas significativas tanto nos mercados de dívida quanto nos de equities.


  1. Os mercados de ações dos Estados Unidos estão liderando esse desaquecimento com um declínio de 85% nas emissões.
  2. A redução de 14% na emissão geral de dívida, que somou US$ 4,8 trilhões, está sendo apoiada por mutuários com grau de investimento.
  3. O ritmo dos ECMs caiu em todas as regiões do globo, fazendo com que este fosse o primeiro semestre mais “fraco” desde 2005.

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Nos primeiros seis meses deste ano, vimos uma contração significativa na atividade dos mercados de capitais internacionais. Isso ocorreu à medida que a emergência global de saúde deflagrada pela Covid-19  deu lugar a preocupações com a geopolítica e à tensão com as crescentes pressões macroeconômicas.

As maiores baixas foram nos mercados de ações (ECMs), onde as emissões caíram 67% ano a ano, levantando apenas US$ 237 bilhões –ou seja, o primeiro semestre mais lento desde 2005.

Enquanto isso, o número de emissões não passou de 2.000, um tombo de 48% em relação ao ano anterior e o pior desempenho em uma década.

Podemos dizer que a situação foi parecida no segmento de ofertas secundárias, que desabou 63% em valor e 48% em número de follow-ons. Já as ofertas conversíveis tiveram performance ainda pior, sofrendo um declínio de 78% nas receitas.

Mercados dos EUA: os mais afetados

Até agora, pode-se afirmar que os Estados Unidos foram os mais atingidos pelo desaquecimento dos mercados de capitais, com uma redução de 85% na emissão de ações, o que deixou o país com apenas 14% do mercado global. Já a China, mesmo tendo amargado uma queda de 55% em suas emissões, que totalizaram US$ 83 bilhões, obteve a sua maior percentagem do mercado internacional em um primeiro semestre.

Em outras partes do globo, contrações de dois dígitos foram a norma. Na região EMEA (Europa, Oriente Médio e África) as emissões desceram 68% para um mínimo de 26 anos, declínio que só conseguiu ser superado pelo Japão, que arrecadou apenas US$ 4,1 bilhões e teve o pior resultado para um primeiro semestre desde o início de sua chamada “década perdida”, em 1992.

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Enquanto os ECMs derretiam nos últimos meses, o mercado de IPOs dos EUA quase parou. Em meio a um sentimento negativo dos investidores em relação às ações de tecnologia, entre outros fatores, o número de listagens do setor diminuiu 95% em comparação ao primeiro semestre de 2021, levantando apenas US$ 4,3 bilhões.

Globalmente, vimos um declínio de 67% na atividade desse segmento, o que levou o mercado de IPOs de volta aos níveis pré-pandêmicos.

Em termos de atividade global de subscrição de ações, o Goldman Sachs manteve a primeira posição, enquanto o CITIC saltou para o segundo lugar, empurrando o Morgan Stanley para terceiro.

DCMs: retorno aos níveis pré-pandêmicos

A retração nos DCMs globais foi igualmente dramática (embora um pouco menos à medida que avançamos na estrutura de capital).

As emissões nos mercados de crédito internacionais caíram 14% (para US$ 4,8 trilhões), retornando aos níveis anteriores à pandemia, mas, se compararmos com o primeiro semestre de 2021, a queda até que foi relativamente modesta, de apenas 7%.

A área de dívida corporativa com grau de investimento teve o primeiro semestre mais fraco desde 2019, e a tendência vem se mantendo negativa ao longo do ano: as emissões do segundo trimestre baixaram 29% em relação aos primeiros três meses de 2022. Mesmo assim, cerca de US$ 2,3 trilhões foram arrecadados por esses emissores de primeira linha, performance que seria considerada excelente antes de 2020.

O quadro mostra-se ainda mais sombrio entre os instrumentos de alto rendimento, onde o nível de emissões despencou 78% no ano, fazendo com que este fosse o pior primeiro semestre desde 2009.

Mercados emergentes: Brasil entre os maiores emissores

Enquanto isso, os mercados emergentes tiveram baixa de 48% em comparação com o mesmo período de 2021, levantando apenas US$ 120 bilhões no primeiro semestre de 2022.

Os emissores de dívida corporativa da Índia, Tailândia, Brasil e Malásia responderam por quase dois terços de todas as emissões de mercados emergentes nos primeiros seis meses do ano.

Paralelamente, as ofertas internacionais de títulos caíram 28% no ano e levantaram somente US$ 2,2 trilhões. No entanto, as ofertas de títulos em moeda local da Ásia saltaram 23%, somando US$ 1,9 trilhão –o patamar mais alto desde o início dos registros em 1980 e o único ponto positivo em um mercado global em baixa.

O JP Morgan manteve-se na liderança como o mais ativo subscritor de capital de dívida durante o primeiro semestre de 2022. Já o BofA Securities ficou em segundo lugar, empurrando o Citi para o terceiro.

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