Analistas do MarketPsych, da Refinitiv, decidiram investigar se as referências sobre preços que encontramos em notícias e mídias sociais funcionam melhor para prever índices inflacionários do que o consenso mensal de especialistas. E adivinhe o resultado: sim!
- Referências encontradas na mídia sobre futuras mudanças de preços –e incorporadas nas estimativas de inflação do Refinitiv MarketPsych Analytics (RMA)— podem aprimorar os atuais modelos de previsão de inflação usados por economistas.
- Essa vantagem oferecida pelo conjunto de dados do RMA pode ser empregada na alocação de títulos e moedas, análises macroeconômicas e formulação de novas políticas.
- Poder acompanhar indícios inflacionários por meio de um feed de dados tão dinâmico é particularmente relevante para profissionais que atuam em bancos centrais, formuladores de políticas econômicas e traders de curto prazo que estão sempre em busca de (boas) surpresas.
Ao longo de 2021, muitos analistas econômicos foram pegos de surpresa tanto pela intensidade quanto pela persistência dos índices inflacionários. Como a maioria das projeções de inflação baseia-se em modelos econômicos fundamentais que são lentos, a velocidade da subida dos preços os pegou desprevenidos.
Os pesquisadores do MarketPsych averiguaram se as referências sobre preços observadas em notícias e nas mídias sociais conseguiam prever a inflação de forma mais precisa do que o consenso mensal de especialistas. E a conclusão foi que sim; as projeções baseadas na mídia são realmente superiores às dos economistas.
O relatório que montamos a partir desta pesquisa do MarketPsych Analytics está disponível na íntegra mediante solicitação ao info@marketpsychdata.com. Se você quiser testar nosso conjunto de dados exclusivo em seus próprios modelos, entre em contato com a Refinitiv.
Dados e previsões de inflação
O Índice de Preços ao Consumidor dos EUA (CPI, na sigla em inglês) para um determinado mês é sempre divulgado de uma a duas semanas após o final desse mês. Mas, antes da divulgação do CPI, os números dos especialistas são agregados ao que chamam de “previsão de consenso”.
Com base nisso, o nosso time do MarketPsych coletou o CPI mensal oficial dos Estados Unidos e os números da “previsão de consenso” do site investing.com. Já os dados de mídias sociais vieram do conjunto de dados do Refinitiv MarketPsych Analytics (RMA).
Esse conjunto de dados monitora referências de cada país para elevações e quedas de preços em milhares de sites de mídia social relacionados a negócios e notícias confiáveis. Assim, tudo o que diz respeito à índice inflacionário é agregado por país e publicado em pontuações de séries temporais. Conseguimos publicar esse feed de dados do RMA quase em tempo real, com atualizações a cada 60 segundos.
A partir daí, as dimensões subjacentes do CPI são rastreadas na pontuação de inflação do RMA, que inclui referências diretas à inflação ou deflação e referências indiretas a mudanças nos custos de fabricação, salários, assistência médica e preços de mercadorias.
Uma variante dessa métrica inclui ainda apenas referências de tempo futuro, e foi chamada de InflationForecast para deixar bem claro que está quantificando as expectativas de inflação futura na mídia.
A InflationForecast do RMA está correlacionada positiva e significativamente (0,39) com o número de inflação atual (CPI), como pode ser comprovado nos gráficos abaixo.
No entanto, como a pontuação da InflationForecast captura referências da mídia à inflação futura, levantamos a hipótese de que ela poderia ter algum poder preditivo.
Nos quadros abaixo, você confere o InflationForecast dos EUA gerado a partir de notícias e mídias sociais e o CPI real dos EUA (de 1998 a 2021) –e notamos uma forte correlação entre os valores dos dois gráficos.
Como desenvolvemos o novo modelo
Os analistas do MarketPsych dividiram o histórico do CPI e do RMA em um conjunto in-sample que abrange o período entre 1998 e 2002. Então, eles exploraram modelos autorregressivos lineares (SARIMA e SARIMAX) para previsão da inflação naquele período.
Os modelos utilizaram dados de inflação passada (CPI) combinados ao InflationForecast RMA e aos preços do petróleo bruto (como variáveis exógenas), e foram avaliados com a técnica de janela de expansão mensal (entre 2003 e maio de 2021).
O que a equipe do MarketPsych descobriu é que modelos que utilizam o InflationForecast RMA produziram previsões mais precisas e mostraram uma relação positiva significativa entre a expectativa da mídia para a inflação e a inflação de 1 mês à frente. O modelo final (MP-Inf) foi finalizado em maio de 2021.
Para ter acesso à metodologia completa, consulte nosso relatório de pesquisa, disponível mediante solicitação.
Inflação: o que os resultados recentes apontam?
Dado que a inflação continua sendo uma das principais preocupações dos formuladores de políticas econômicas –e muitos especialistas previram (incorretamente) que o aumento do índice inflacionário em 2021 seria algo temporário—, em fevereiro de 2022 reavaliamos o nosso modelo, comparando sua produção com a “previsão de consenso”.
Os resultados do MP-Inf versus as estimativas de consenso do CPI desde maio de 2021 estão descritos abaixo. Na tabela a seguir, CPI refere-se ao número do CPI (não ajustado sazonalmente) publicado para aquele mês; MP-Inf é a estimativa de nosso modelo; e o consenso refere-se à previsão de inflação de especialistas, conforme recuperada do site investing.com.

Observe que desde que o modelo foi criado, o erro (média quadrática, MSE) foi maior para o consenso dos especialistas do que no modelo MP-Inf.
Em seis dos últimos nove meses, o MP-Inf ficou mais próximo do CPI real do que o consenso –e, em três desses meses, o modelo MP esteve cerca de 0,2% mais próximo do que o consenso (o que é considerável se pensarmos na magnitude da inflação mês a mês).
Essa precisão sugere que o modelo baseado em mídias sociais tem mais flexibilidade na hora de se adaptar às surpresas do CPI. Assim, excesso de preocupação na mídia sobre o aumento da inflação pode, sim, indicar um CPI futuro acima do esperado.
Identificando surpresas da inflação
Diante dessas evidências, concluímos que as referências da mídia às próximas mudanças de preços (incorporadas na InflationForecast RMA) podem ser muito mais úteis para aperfeiçoar os modelos de projeção de inflação do que as estimativas do consenso dos especialistas. E esse “poder” extra de previsão pode ser usado na alocação de títulos e moeda, análises macroeconômicas e formulação de novas políticas.
Para desenvolver ainda mais o modelo MP-Inf, planejamos ampliar o escopo de uso nos países do G-12, aumentando assim o seu número de pontos e robustez. Além disso, temos intenção de validar os melhores parâmetros do modelo SARIMA.
Como os valores do RMA são publicados minuto a minuto, é possível utilizá-los nos chamados modelos nowcasting (previsões muito próximas do futuro), que podem ser atualizados até um minuto antes do lançamento real do CPI.
Essa capacidade, de prognóstico contínuo da inflação por meio de um feed de dados tão dinâmico, é especialmente relevante para profissionais de bancos centrais, formuladores de políticas econômicas e traders de curto prazo.
Assista: Refinitiv MarketPsych Analytics
O relatório que montamos a partir desta pesquisa do MarketPsych Analytics está disponível na íntegra mediante solicitação ao info@marketpsychdata.com. Se você quiser testar nosso conjunto de dados exclusivo em seus próprios modelos, entre em contato com a Refinitiv.