No segundo post da nova série de blogs produzidos em colaboração com a IIR Energy –empresa especializada em inteligência de abastecimento de mercado, que oferece informações exclusivas para o trading de commodities– abordamos as mudanças na capacidade de produção de petróleo mundial e seu potencial impacto na dinâmica do mercado.
- Apesar dos inúmeros desafios presentes no setor global de refino de petróleo, temos percebido ótimas oportunidades para a implantação de projetos localizados próximos a fontes de abastecimento.
- Entre os projetos específicos de desenvolvimento de refinarias que merecem destaque estão a Lekki, do Grupo Dangote, na Nigéria; a Olmeca, no México; e a Al Zour, da Kuwait Integrated Petroleum Industries Company (KIPIC).
- Mas, para ter a total compreensão do impacto das mudanças de capacidade esperadas na dinâmica do mercado é necessário o acesso a dados e análises que sejam completos, confiáveis e constantemente atualizados.
Entendendo a capacidade projetada
Conforme dissemos no primeiro post desta série, a indústria global de refino de petróleo tem, entre outras responsabilidades, a tarefa de fornecer produtos refinados suficientes para atender à crescente demanda pós-Covid-19.
E, apesar da natureza altamente dinâmica do cenário mundial de oferta de petróleo –que oferece uma série de desafios para os produtores—, detectamos uma oportunidade de ouro para as empresas do setor: aumentar a capacidade de refino em áreas próximas às fontes de fornecimento de petróleo e também em regiões em que a demanda do usuário final vem crescendo.
Como destaca Hillary Stevenson, Senior Director of Energy Market Intelligence da IIR Energy, no momento a sua empresa está acompanhando mais de duas dúzias de projetos de refinarias em construção na África, Ásia e América Latina.
A análise desses projetos revela que um volume projetado de 1,4 milhão de bpd já está quase concluído, enquanto a capacidade diária de quase 3 milhões de bpd poderá ser alcançada já em 2025.
Hillary Stevenson também ressalta que 2023 é um ano importante para a capacidade de refino: “Vários projetos aguardados há um bom tempo –incluindo Dangote, Al Zour e Karbala, para citar apenas alguns— estão previstos para serem concluídos este ano, e isso trará o refino global de volta aos níveis de 2019”, diz ela.
A capacidade futura, no entanto, além de 2025, ainda está sujeita a decisões finais de investimento (FIDs, na sigla em inglês), que podem ser afetadas por possíveis atrasos e/ou cancelamentos de projetos.
Panorama do setor: refinarias em construção
Entre os projetos mais importantes para a indústria global de refino estão:
- Refinaria Lekki, do Grupo Dangote, na Nigéria. Projetada para dar conta da oferta local de petróleo, reduzindo as importações de produtos refinados para o país, será a maior refinaria da África e aumentará a capacidade de refino do país para 3,24 milhões de bpd. Ela terá uma única unidade de destilação de petróleo bruto de 650.000 bpd que, uma vez comissionada, será a maior unidade em capacidade do mundo. Segundo a diretora da IIR Energy, o mercado está observando essa iniciativa bem de perto, especialmente no que se refere à quantidade de petróleo capaz de processar. “Nossas análises indicam que a planta deve funcionar com 50% da capacidade até que as unidades downstream estejam operacionais, o que pode não acontecer até 2025”, diz ela.
- Refinaria Olmeca (anteriormente Dos Bocas), em Tabasco, México. É um projeto de 340.000 bpd que processará petróleo local. Trata-se de um empreendimento ambicioso e que tem enfrentado uma série de desafios. Jim Mitchell, Head of Americas Oil Analysts da Refinitiv, explica: “Desde o início, este foi um projeto muito politizado, que acabou sendo afetado por questões que vão desde desvios de dinheiro até problemas de manutenção. Além disso, as dificuldades de distribuição persistem; nem as docas locais nem a infraestrutura de dutos podem garantir uma distribuição eficiente neste momento”, conta.
- Refinaria Al Zour, da Kuwait Integrated Petroleum Industries Company (KIPIC). Com capacidade de 615.000 bpd, ela começou a ser construída em 2016, mas sofreu vários atrasos. Duas das três unidades planejadas foram comissionadas, mas tiveram problemas operacionais, o que provocou lentidão no comissionamento da terceira, prevista para o final deste ano, de acordo com a IIR Energy. Mas, quando finalmente estiver pronta, esta planta será capaz de alternar entre diferentes matérias-primas com base na economia, reduzindo assim o risco operacional e de preço. Além disso, ela deverá consumir todo o suprimento local de petróleo.
Qual será o impacto da maior capacidade de refino?
Jim Mitchell, da Refinitiv, comenta sobre o potencial impacto desses empreendimentos nos mercados e fluxos globais: “Como são dinâmicos, cada cenário pode afetar os mercados de petróleo e combustível de maneiras diferentes. Acabamos de falar rapidamente de Nigéria, México e Kuwait –três produtores sofisticados e que estão preparados para trazer uma nova capacidade de refino para a arena global. Isso terá um efeito indireto, que é colocar outras refinarias menos eficientes para fora do mercado, aumentando a concorrência nesse espaço”, afirma.
Diante desse quadro volátil, os players do setor precisam de dados e análises completos, confiáveis e constantemente atualizados se quiserem realmente compreender o impacto da mudança de capacidade, entre outras questões.
Para capacitar os stakeholders a desenvolver uma visão mais holística do setor, a Refinitiv e a IIR Energy colaboraram para criar uma poderosa combinação de conhecimento operacional detalhado e dados precisos e confiáveis.
O PetroCast Live, da IIR Energy, disponível na plataforma Refinitiv, oferece dados sobre operações globais de refino em tempo real, permitindo que os usuários prevejam com maior precisão o preço de produtos brutos e refinados e tomem decisões mais conscientes.
Em breve, no último post desta série, iremos abordar algumas iniciativas relacionadas a questões ambientais, sociais e de governança (ESG) em diferentes partes do mundo, analisando como elas podem ajudar a impulsionar metas globais mais amplas de transição energética. Não perca!