Em webinar promovido recentemente pela Refinitiv, Wilson Leung, estrategista-chefe de mercado da TrendsetterFX, empresa de consultoria para a área de câmbio, fez uma análise sobre o impacto da pandemia nesse setor e na demanda pelo dólar norte-americano.
- A Covid-19 vem exercendo um profundo impacto sobre os mercados financeiros e o trading cambial, e continuará a fazê-lo por um bom tempo. Em um recente webinar organizado pela Refinitiv, as atenções voltaram-se para os fatores que devem afetar a demanda pelo dólar norte-americano.
- Nos EUA, a crise sanitária fez a taxa de desemprego subir a níveis superiores aos observados no auge da crise financeira de 2008. Isso levou investidores a buscar uma moeda de refúgio, aumentando bastante a demanda pelo dólar.
- As oscilações atuais na demanda por dólar são impulsionadas por indicadores emocionais de curto prazo, que não levam em conta o impacto de fatores de longo prazo, como desemprego em massa e altos índices de endividamento governamental.
Em um webinar organizado pela Refinitiv, Wilson Leung, da TrendsetterFX, abordou os motivos pelos quais a crise deflagrada pela Covid-19 continuará por um bom tempo a ter enorme impacto no setor de câmbio e nos mercados financeiros.
Para ilustrar a sua análise, ele usou uma série de dados que mostram por que o seu tom é cauteloso, mas com certo otimismo, e a razão de acreditar na continuidade da alta demanda global por dólares.
Em tempos normais, um analista de FX pode contar com gráficos de mercado e cenários de taxas de juros para prever tendências. Nessa situação de rápida mudança, no entanto, Leung teve que ir além de suas fontes de informações habituais para entender o que está impulsionando os principais pares de moedas do setor.
Acesse a íntegra do webinar: Impact of Covid-19 on foreign exchange market and future outlook
Aumento do desemprego
Para avaliar o atual estado da indústria cambial, é preciso analisar alguns fatores mais abrangentes envolvidos na pandemia de coronavírus –e eles vão muito além da simples análise dos dados disponíveis. Um dos mais importantes é o desemprego, que está subindo rapidamente em todo o mundo como resultado de políticas de isolamento social que visam conter a disseminação do vírus. As crescentes perdas de postos de trabalho e de renda são o que tornam a crise causada pela Covid-19 tão ruim quanto (ou potencialmente pior) as anteriores, como a Grande Depressão, na década de 1930, ou a que afetou os mercados financeiros globais em 2008.
Wison Leung coloca a situação atual em perspectiva. Para isso ele observa que, no início da Grande Depressão, em 1929, o desemprego nos EUA era de 3,2%. Uma década depois, em 1938, havia subido para 19%.
Já durante a crise financeira global, a perda de postos de trabalho não foi tão significativa: atingiu um pico de 9,9% nos EUA no início de 2009 para logo em seguida começar a melhorar constantemente para um mínimo de 3,5% em 2019 e no início de 2020.
Não mais. Em apenas cinco semanas, mais de 26 milhões de norte-americanos solicitaram auxílio-desemprego. Alguns economistas, como Justin Wolfers, da Universidade de Michigan, calculam que o desemprego atual pode chegar a 13% –e ainda aumentar bastante.
Taxa de desemprego nos EUA
Fonte: Eikon
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Mercados de ações e de FX
Outro indicador que costuma ter grande influência sobre o setor cambial é o mercado de ações. Leung diz que o início desta crise foi marcada pelo medo súbito, com investidores se desfazendo de ativos de risco e elegendo o dólar como um porto seguro devido ao seu status de moeda de reserva global.
No entanto, em meio à volatilidade do mercado houve momentos de otimismo. Eles foram sentidos primeiro em índices de ações como o S&P 500 e o Dow Jones Industrial Average, sinalizando apetite por risco enquanto traders se desfaziam da moeda norte-americana.
Isso é evidência de que a emoção, em vez de dados confiáveis, tem impulsionado esses indicadores –e emoção, lembre-se, é um termômetro de curto prazo. É bastante improvável que os preços atuais estejam refletindo o impacto a longo prazo do desemprego em massa, do risco de dívida corporativa superalavancada, da reestruturação de mercados como o de imóveis comerciais ou mesmo dos empréstimos e dos gastos do governo com monumentais pacotes de ajuda econômica.
O que o índice do dólar diz?
Por enquanto, Wison Leung tem analisado as ações, taxas de juros e desemprego dos EUA como elementos de informação, dados. Os movimentos desses indicadores sugerem uma força sustentada do dólar, medida pelo Dollar Index (ou DXY).
Todos esses índices estão apresentando volatilidade, mas, no curto prazo, eles apóiam moedas tradicionais como o dólar, o franco suíço e o iene japonês, além do ouro. Porém, ainda estamos nos estágios iniciais da resposta econômica global à pandemia –tanto em termos de danos causados pelo novo vírus quanto de nossa compreensão sobre cada um deles.
Dollar Index (4º tri de 2007 – 1º tri de 2020)
Fonte: Eikon
Como o TrendsetterFX pode ajudar?
TrendsetterFX é um provedor de conteúdo de terceiros para a Refinitiv. Desde sua estréia na plataforma da Reuters, em 1989, a empresa vem fornecendo análises exclusivas em tempo real e estratégias de trading para o mercado de FX e de metais preciosos. Os seus serviços podem ser acessados por meio do Eikon (código de página TREN01). OTrendsetterFX também está na Apps Studio Product Page.
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