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Qual foi o real impacto da pandemia no mercado de ações?

Maria Vieira, Ph.D
Maria Vieira, Ph.D
Quantitative Research Analyst, Refinitiv

Novo relatório lançado pelo time de pesquisa do Refinitiv StarMine revela os efeitos da Covid-19 sobre o mercado acionário, analisando especificamente a volatilidade e o Índice de Sharpe.


  1. A natureza singular da pandemia de Covid-19 gerou (e continua a gerar) efeitos em cascata sobre os mercados de capitais, incluindo alguns que afetam diretamente os retornos das ações.
  2. Durante a pandemia, as atenções voltaram-se para as empresas de fundo tecnológico, capazes de operar sem presença física. E isso demonstra que essas companhias, vistas anteriormente como mais voláteis, passaram a ser mais valorizadas devido à sua capacidade de funcionar com base em nuvem.
  3. À medida que a popularidade dessas organizações aumentou, o mesmo aconteceu com os preços de suas ações, levando a uma descoberta surpreendente: ações mais voláteis estavam gerando retornos mais altos.

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Os analistas do Refinitiv StarMine realizaram uma extensa pesquisa com base nos retornos das ações nos EUA e em outras regiões geográficas entre 31 de dezembro de 2019 e 31 de dezembro de 2021 –exatamente a época em que o impacto da Covid-19 pôde ser avaliado por completo.

O estudo teve como objetivo detalhar o comportamento do mercado durante uma fase de crise sem precedentes, e fornecer informações sobre o desempenho real das ações durante esse período.

Veja, a seguir, o que foi descoberto:

  1. A anomalia de baixa volatilidade não se mostrou verdadeira

Essa dita anomalia é uma teoria –já bem testada— que afirma que a volatilidade e os retornos teriam uma relação inversa. Em outras palavras, as ações mais voláteis ofereceriam os menores retornos e vice-versa.

Apesar de certas variações regionais, a anomalia de baixa volatilidade acabou não sendo observada no biênio considerado.

A lógica convencional sugere que as empresas de menor volatilidade são uma opção de investimento mais segura quando o risco e a volatilidade estão aumentando, e tradicionalmente têm sido um refúgio para aqueles que buscam posições defensivas em tempos de estresse econômico.

  1. Analisamos o Índice de Sharpe, que mede retornos ajustados ao risco

Pesquisas anteriores do Refinitiv StarMine haviam descoberto que um portfólio de menor volatilidade tem os maiores retornos ajustados ao risco, conforme medido pelo Índice de Sharpe.

Durante o período desta última pesquisa, o índice revelou tendência de queda paralelamente ao aumento da volatilidade –ou seja, uma relação inversa com a volatilidade se mostrou evidente.

Isso significa, em uma base ajustada ao risco, que as ações de menor volatilidade tiveram um desempenho melhor do que as de maior volatilidade.

Retorno das ações e Índice de Sharpe X quintil de volatilidade

Retorno anotado para os EUA (a) e outras regiões geográficas (b) DE – Europa Desenvolvida; CN – Canadá; DA – Ásia Desenvolvida (exceto-Japão); JP – Japão; EM – Mercados Emergentes. O Índice de Sharpe para os EUA (c) e outras regiões geográficas (d) onde tomamos a taxa livre de risco como zero.

A partir desses dados, nossa principal conclusão é que, em um período de crise econômica como a pandemia de Covid-19, uma estratégia de baixa volatilidade deve ser evitada. Mas, em uma base ajustada ao risco, carteiras de baixa volatilidade ainda apresentam um desempenho melhor do que aquelas com maior volatilidade.

Clique aqui para acessar o relatório completo: “Volatilidade e índice de Sharpe nos mercados de ações na era de Covid-19″

Por que o impacto da Covid-19 no mercado acionário foi anômalo?

A pandemia lançou o mundo em um período de incertezas sem precedentes, que desafiou a sabedoria tradicional e criou anomalias em muitas áreas de nossas vidas.

E, pela natureza singular desta crise, ela teve (e continua a ter) uma infinidade de efeitos em cascata, incluindo aqueles que impactam os retornos das ações.

Com o advento da Covid-19, do dia para a noite, muitas atividades comerciais tradicionais pararam quando as fronteiras fecharam, e em muitos países, o lockdown fez com que comunidades inteiras fossem instruídas a ficar em casa.

Nesse ambiente incomum, a atenção se voltou quase imediatamente para empresas capazes de operar sem presença física, incluindo aquelas orientadas para o setor de tecnologia e muitas outras que antes eram consideradas voláteis.

De uma hora para outra, a capacidade de basear suas operações em nuvem tornou-se uma ferramenta de sobrevivência. E, à medida que a popularidade dessas companhias aumentava, o mesmo acontecia com os preços de suas ações, levando a um insight curioso: ações mais voláteis estavam gerando retornos mais altos.

Tabela 1. Universo analisado. Os títulos com a maior capitalização de mercado foram selecionados para cada região e o universo é rearranjado trimestralmente para evitar “sobrevivências” e análises parciais.

Ao lado dos investidores na busca por Alfa

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Clique aqui para acessar o relatório completo: “Volatilidade e índice de Sharpe nos mercados de ações na era de Covid-19″