Covid-19, emergências climáticas, guerra na Ucrânia, escassez de energia… Bem, a lista de obstáculos enfrentados recentemente pela economia global é extensa. Mas, dá para saber como tudo isso afetou a credibilidade de setores e empresas específicas? Seguindo um modelo de análise de risco de crédito setorial, o Refinitiv StarMine Structural Credit Risk oferece resposta a essa e outras questões. Confira!
- Como muitas pessoas necessitaram de cuidados de saúde durante a pandemia de Covid-19, o setor da Saúde foi o menos afetado durante os piores momentos da crise sanitária. Mas isso começou a mudar por volta de outubro de 2021, quando os números começaram a cair.
- Com muitos profissionais trabalhando de casa, cresceu bastante a demanda por suprimentos domésticos, o que beneficiou os setores de consumo não cíclico em todo o mundo.
- Já o setor imobiliário foi o mais afetado. Isso é um claro reflexo da mudança na forma de se trabalhar, já que muitas empresas transferiram definitivamente seus funcionários dos escritórios para as residências.
O modelo Refinitiv StarMine Structural Credit Risk (SCR) nos ajuda a jogar luz sobre a questão da qualidade de crédito. Usando o surto de Covid-19 como estudo de caso, percebemos que a pandemia fez com que alguns setores tradicionalmente vistos como dignos de crédito se tornassem mais arriscados –e vice-versa.
E o mesmo modelo (SCR) também nos diz que a economia global ainda não se recuperou totalmente dos prejuízos causados por lockdowns, interrupções na cadeia de suprimentos e inflação generalizada.
O que é o modelo de Risco de Crédito Estrutural StarMine?
O SCR é baseado em uma versão aprimorada de um modelo originalmente desenvolvido em 1974 pelo economista norte-americano Robert C. Merton, que propunha avaliar o risco de crédito estrutural de uma empresa modelando o seu patrimônio como uma opção de compra de seus ativos.
Cobrindo mais de 45.000 títulos globais, o SCR já demonstrou prever 85% dos eventos de inadimplência (em um horizonte de doze meses) em seu quintil inferior de empresas pontuadas.
Com base em um estudo realizado anteriormente, o SCR teve um desempenho melhor do que a popular abordagem Altman Z-Score para modelar o risco de crédito. Além disso, outra análise mostrou que o SCR pode prever a direção das mudanças nos spreads de credit default swaps (CDS).
As probabilidades de default calculadas pelo modelo SCR são mapeadas para compor uma classificação por letras (como em um sistema de classificação de crédito tradicional) e também categorizadas para criar pontuações de percentil de 1 a 100.
O que aconteceu durante a pandemia?
Um gráfico com as classificações por letras do SCR para setores empresariais dos EUA indica uma queda dramática nas pontuações de crédito no início de 2020 devido ao impacto da Covid-19 na atividade econômica.
Figura 1: Evolução da classificação por letras para diferentes setores econômicos nos EUA

Apesar dessa tendência geral, alguns setores se saíram melhor do que outros do ponto de vista de risco de crédito. O setor imobiliário, por exemplo, foi o que teve nos EUA a segunda classificação de qualidade mais alta no período que antecedeu a pandemia. Mas, em seguida, já despencou para o segundo pior, à medida que os investidores se preocupavam com o potencial impacto econômico da nova cultura de trabalho remoto, que gerou uma enxurrada de escritórios desocupados, queda dos aluguéis e declínio do valor dos imóveis.
Em compensação, os setores de consumo não cíclico (alimentos, bebidas, produtos de limpeza etc) e de tecnologia saíram ganhando com as mudanças nos hábitos corporativos trazidos pelo coronavírus. Isso porque a internet permitiu que profissionais das mais diferentes áreas trabalhassem facilmente a partir de suas casas, enquanto os serviços baseados em tecnologias de ponta possibilitaram a adaptação das empresas a essa nova realidade. E, claro, para trabalhar de suas residências, as pessoas precisavam de mais suprimentos, o que acabou beneficiando as indústrias de produtos de consumo não cíclico.
Mas e a recuperação da pandemia?
Bem, na Figura 1, as linhas coloridas inclinadas para cima (à direita) nos mostram que houve uma melhora geral na qualidade de crédito desde o início de 2020. No entanto, nenhum setor voltou a exibir a mesma classificação (positiva) da época pré-Covid. Afinal, outros fatores, como o surgimento de novas variantes de coronavírus e interrupções nas cadeias de suprimentos globais, vêm atrasando a recuperação econômica global.
Essas mudanças no setores empresariais dos EUA foram amplamente replicadas nas pontuações do modelo SCR para Canadá, Europa Desenvolvida, Ásia Desenvolvida (exceto-Japão), Japão e Mercados Emergentes. E não é nenhuma surpresa que, na maioria dessas regiões, o setor imobiliário tenha passado de um dos setores menos arriscados para um dos mais arriscados (embora essa tendência tenha sido menos evidente nos mercados emergentes).
Outro resultado digno de nota foi que Ásia Desenvolvida (exceto-Japão), Europa Desenvolvida e Mercados Emergentes tiveram variações menores nas pontuações de crédito (do final de 2019 a março de 2022) quando comparadas aos EUA, Canadá e Japão.
Quais setores apresentaram melhor recuperação?
A Figura 2 mostra como o modelo SCR avaliou a mudança na qualidade de crédito de diferentes setores em diferentes países e regiões geográficas. Essa oscilação é calculada desde o período pré-pandemia (dezembro de 2019) até março deste ano. A alteração é expressa em termos de ‘níveis’ implícitos de classificação de crédito.
Figura 2: Variação nos ‘níveis’ de classificação de crédito para diferentes setores econômicos em diferentes países/regiões entre 31 de dezembro de 2019 e 31 de março de 2022
Está claro que o setor imobiliário sofreu a maior perda de crédito no período, apresentando uma queda de dois ou três níveis entre as diferentes regiões. Outros setores, como o de materiais básicos, consumo não cíclico e energia, tiveram um declínio relativamente menor (ou nenhum, em algumas regiões).
Embora esses três setores sejam os que têm mais chance de retomar os níveis anteriores à pandemia, nenhum setor (em nenhum país ou região) ultrapassou até agora a classificação que tinha no final de 2019.
Solução inovadora
O modelo Refinitiv StarMine SCR oferece uma visão sensível e voltada para o futuro da qualidade de crédito corporativa.
Com a economia mundial ainda enfrentando grandes percalços, o SCR atende à demanda dos investidores por soluções inovadoras que deem conta dos crescentes desafios de gestão e moderação do risco de crédito.
Quer saber mais?
Para se informar mais sobre o assunto, leia o white paper: “Exploring the Impact of Covid-19 on Corporate Credit”. A publicação traz algumas das principais descobertas que a equipe do StarMine fez ao empregar o modelo Refinitiv StarMine Structural Credit Risk para analisar as mudanças no crédito de diferentes setores econômicos em vários países durante a pandemia de Covid-19.