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Segmento de finanças sustentáveis desaquece em meio à alta volatilidade dos mercados

Lucille Jones
Lucille Jones
Analyst, Deals Intelligence

Acompanhando outros mercados de capitais, as finanças sustentáveis também apresentaram queda no nível de atividade em 2022. No entanto, o mercado de empréstimos sustentáveis ​​provou ser resiliente, e uma recuperação na emissão de ações no terceiro trimestre sinaliza que a Ásia-Pacífico está se tornando um player importante no cenário de capital sustentável.


  1. Nos primeiros nove meses de 2022, os títulos financeiros sustentáveis ​​retornaram aos níveis pré-pandemia, caindo 26% em comparação ao mesmo período de 2021.
  2. Mas, mesmo nesse clima de incertezas, os empréstimos sustentáveis ​​resistiram bem, e as emissões nesses trimestres ficaram apenas 3% aquém das de 2021.
  3. A região da Ásia-Pacífico, em compensação, reforçou as emissões de ações sustentáveis durante os nove primeiros meses de 2022 e é hoje responsável por três quartos da atividade sustentável dos Equity Capital Markets (ECM) nesse período.

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Nos três primeiros trimestres de 2022, os títulos financeiros sustentáveis ​​arrecadaram US$ 586 bilhões, 26% a menos do que no mesmo período do ano passado. E, desde que se começou a fazer esse tipo de registro, este também foi o primeiro declínio em relação ao ano anterior.

Essa fraqueza continuou ao longo do terceiro trimestre, com o período de julho a setembro trazendo números 17% abaixo dos três meses anteriores.

Como resultado, o mercado de títulos financeiros sustentáveis ​​encontra-se agora próximo do patamar observado no final de 2019 e início de 2020, antes das emissões ocorridas na pandemia.

Porém, devido ao recuo generalizado de captações provocado pela alta volatilidade macroeconômica, os instrumentos de dívida sustentáveis ​​representam 9% ​​da atividade total dos Debt Capital Markets (DCM) em 2022 (apenas um ponto percentual abaixo da alta do ano passado).

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DCM: green bonds são a maior parte do segmento sustentável

Os títulos verdes continuam sendo o tipo mais popular de transação de dívida sustentável, arrecadando US$ 312 bilhões nos primeiros nove meses de 2022, uma queda relativamente modesta de 13% em relação ao ano anterior.

Do segundo para o terceiro trimestre, contudo, a fraqueza se acentuou, com um tombo de 27% na emissão de títulos verdes, que ficou abaixo de US$ 100 bilhões pela primeira vez desde o quarto trimestre de 2020. No que diz respeito ao número de emissões, os green bonds caíram 18% em relação ao ano anterior.

Já os títulos sociais estiveram em uma montanha-russa nos últimos tempos: após um breve aquecimento no início de 2021, eles despencaram 56% nos três primeiros trimestres de 2022 em relação ao mesmo período do ano anterior.

 

A emissão de títulos de sustentabilidade arrecadou US$ 113 bilhões durante os primeiros nove meses de 2022, recuo de 25% na comparação com o mesmo período de 2021 e a maior baixa em dois anos.

O valor captado por empresas sustentáveis ​​manteve-se praticamente inalterado, com uma ligeira diminuição no número de emissões. As empresas, no entanto, aumentaram sua participação no mercado de títulos sustentáveis (de 55% para 59%) em 2022.

Enquanto isso, a Europa continua sendo o maior mercado de títulos financeiros sustentáveis​, respondendo por mais da metade da movimentação do setor, e deixando 22% para Ásia-Pacífico e 19% para os emissores dos EUA.

Neste ano, o JPMorgan, mais uma vez, manteve sua posição de liderança no segmento, com 5,8% dos negócios. Logo atrás, vieram BofA Securities e BNP Paribas.

Empréstimos sustentáveis seguem bem (até agora)

Nos últimos dois anos, a atividade no setor de empréstimos sustentáveis tem se mantido estável, com quatro dos últimos sete trimestres atingindo a marca de US$ 150 bilhões, mas intercalados com picos.

As emissões do terceiro trimestre voltaram a cair para US$ 150 bilhões, o que deixou a contagem dos primeiros nove meses em pouco mais de US$ 500 bilhões –apenas 3% abaixo do mesmo período de 2021.

Durante o período, os EUA responderam por 43% do mercado de empréstimos sustentáveis, com os mutuários da Ásia-Pacífico responsáveis por 15% e a Europa, 37% (sua menor participação de todos os tempos).

O BofA Securities manteve o primeiro lugar entre os mediadores de empréstimos sindicalizados sustentáveis em 2022, apesar de sua participação de mercado ter caído ligeiramente, para 4,7%. O BNP Paribas e o Mizuho Financial Group ficaram em segundo e terceiro lugar, respectivamente.

Ásia-Pacífico sustenta os Equity Capital Markets

Temos testemunhado um alto grau de volatilidade nas emissões de ações de empresas sustentáveis.

Após uma grande queda no segundo trimestre, no período seguinte houve alguma recuperação tanto no número quanto no valor dos negócios.

Isso se deve, sobretudo, à forte movimentação vista na região Ásia-Pacífico, que fez com que a arrecadação nos primeiros nove meses atingisse US$ 19 bilhões. Mesmo assim, na comparação com o mesmo período do ano anterior, a baixa foi de 35%—o pior resultado em três anos.

 

Na verdade, nos primeiros nove meses de 2022, a Ásia-Pacífico gerou cerca de três quartos de toda a atividade dos ECM sustentáveis. A região também foi responsável por cinco das dez principais ofertas nos ECM, lideradas pela IPO de US$ 11 bilhões da produtora de baterias sul-coreana LG Energy Solution, que ocorreu ainda em janeiro.

Goldman Sachs, Citi e Morgan Stanley lideram a lista de bookrunners para ofertas de ações sustentáveis, dividindo mais de um quarto do mercado.

Enquanto isso, a atividade no segmento de fusões e aquisições envolvendo empresas sustentáveis também se manteve relativamente bem, principalmente em face à turbulência geral do mercados de capitais.

Embora o valor agregado das aquisições corporativas tenha diminuído 20% em relação ao mesmo período de 2021 (para US$ 118 bilhões, o maior recuo em dois anos), a quantidade de transações avançou 15%, com 1.055 negócios anunciados até o final de setembro de 2022, o que representa um recorde histórico.

Em número de negócios, os EUA e a China respondem, cada um, por 16% da atividade desse mercado, seguidos pela Índia e Reino Unido, ambos com 6%.

Assista: “How have M&A trends changed?” | The Chatter | The Big Conversation

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