Em meio a um cenário de bloqueio econômico nos EUA e de queda dos preços dos ativos, gestores de fundos altamente qualificados conseguem mitigar perdas e gerar Alfa.
- No primeiro trimestre de 2020 foram registradas quedas sem precedentes no mercado de ações norte-americano, com o Federal Reserve reposicionando as suas taxas de juros em quase zero. Enquanto isso, o fluxo de retirada de fundos de títulos atingia níveis recordes.
- Grandes oscilações nos preços de ativos podem representar oportunidades táticas para gestores de perfil agressivo. Já os mais passivos buscam retornos mantendo seus investimentos a longo prazo.
- Os fundos bem-sucedidos dependem do conhecimento e da experiência de seus adminstradores, como demonstram os vencedores da edição de 2020 do Refinitiv Lipper Fund Awards para os EUA.
Meia-noite, 20 de março de 2020. Chegava ao fim uma semana inacreditável. Em apenas sete dias, a doença letal provocada pelo novo coronavírus, a Covid-19, se espalhara rapidamente pelos EUA. O número de casos relatados havia disparado de 2.100, na semana anterior, para 19.200; as mortes saltaram de 37 para 258. Aliás, esses foram apenas os dados referentes aos casos e mortes relatados às autoridades. Acredita-se que os números reais já rondavam patamares bem mais altos.
Em poucos dias, a cidade de Nova York se tornou o epicentro da crise nas Américas –o prefeito Bill de Blasio estima que lá estejam concentrados 30% dos casos dos Estados Unidos, com o número de mortos chegando a um por hora. “Medidas dos EUA para combater a pandemia são inconsistentes e descoordenadas. Está um caos”, chegou a lamentar o governador de Nova York, Andrew Cuomo.
Para dados mais detalhados sobre fundos gerenciados nos EUA e em outros países, conheça a Lipper
Liquidação generalizada
Em meio à turbulência, Wall Street estava assustada. A crise de saúde transformara-se rapidamente em financeira, e começou a liquidação geral. Semanas antes, conforme a doença ia devastando partes da Ásia e da Europa, os investidores começaram a vender ações de empresas que eles consideravam em perigo, provocando uma queda livre nos mercados.
Em fevereiro, os mercados de ações dos EUA e de outros países desenvolvidos caíram 27%. Para se ter uma ideia do que estamos falando, uma queda de 20% leva em geral oito meses para se materializar. Esse tombo generalizado ocorreu em apenas um mês –o mais rápido já registrado!
Diante de tudo isso, o Federal Reserve, banco central norte-americano, respondeu de forma enérgica, retornando as taxas de juros a quase zero.
Voltemos à semana que terminaria em 20 de março: o preço do petróleo cai para US$ 22 o barril, ante quase US$ 69 no ano anterior; e o CBOE Volatility Index atinge o nível mais alto de todos os tempos, passando de 14,38 para 82,69 em apenas quatro semanas.
Os fluxos recordes dos fundos refletiam o sentimento do mercado. Ou seja, questionando a capacidade de obtenção de crédito pelas empresas diante de quarentenas prolongadas, os investidores decidiram se retirar dos fundos de renda fixa. Com isso, os fundos de obrigações tributáveis perderam quase US$ 56 bilhões (a maior saída já registrada), enquanto os fundos municipais de ações perderam mais de US$ 12 bilhões e os de ações em geral, quase US$ 15 bilhões.
Entretanto, em meio a esse intenso movimento de liquidação, os fundos do mercado monetário (altamente líquidos) proporcionariam consolo aos investidores. Os ingressos chegaram a aproximadamente US$ 140 bilhões.
Assista ao vídeo: Delivering alpha during times of heightened volatility
A longo prazo
Enquanto muitos no mercado entravam em pânico, alguns, no entanto, demonstravam calma. John Barr, gerente de portfólio da Needham Funds, administra fundos passivos de longo prazo que freqüentemente enfrentam quedas no mercado, mas que, com o tempo, acabam gerando Alfa –termo empregado quando uma estratégia, trader ou gerente de portfólio consegue ultrapassar o retorno de mercado em algum período específico. “O tempo médio de retenção de nossos fundos é de 10 anos, portanto, estamos além de qualquer impacto de curto prazo”, explicou ele na edição de 2020 do Refinitiv Lipper Fund Awards para os EUA.
Historicamente, os preços dos ativos aumentam com o tempo. Entre janeiro de 2010 e janeiro de 2020, o S&P 500, por exemplo, mais do que triplicou o seu valor, apesar de várias correções de mercado ao longo do caminho. O desempenho médio do mercado dois anos após uma correção costuma ser de 45%.
Em geral, os investidores tentam cronometrar o mercado e sacar seu dinheiro antes de uma desaceleração. Mas raramente isso é alcançado. Muitos calculam mal o momento de saída e acabam ficando de fora da retomada do mercado. Por exemplo, aqueles que venderam seus ativos durante a semana que terminou em 20 de março perderam a recuperação de quase 20% da semana seguinte.
Portanto, os investidores devem escolher um horizonte de investimento e cumpri-lo, independentemente da volatilidade experimentada ao longo do caminho. “A paciência é algo que compensa a longo prazo”, brincou Christopher Retzler, gerente de portfólio da Needham Funds.
Assista: Driving alpha through fixed income fund management
Operações táticas
A volatilidade do mercado também pode apresentar oportunidades, já que ações supervalorizadas geralmente tornam-se mais baratas. Embora possa ser tentador comprar uma ampla variedade de ações quando isso acontece, diz John Barr, é preciso examinar cada oportunidade com o mesmo rigor que temos em tempos menos voláteis, garantindo que cada compra atenda a critérios rígidos de investimento.
Da mesma forma, nos mercados de títulos, taxas de juros próximas a zero dificultam significativamente a capacidade de crescimento dos fundos de renda fixa. Para superar esse impasse, Jim Caron, gerente global de portfólio de renda fixa da Morgan Stanley Investment Management, explica que os gestores devem adotar uma postura mais agressiva em um mercado tipicamente passivo, e capitalizar as oportunidades táticas à medida que forem surgindo.
Seja com um perfil mais agressivo ou passivo, a capacidade de superar o retorno de mercado é uma habilidade que apenas os melhores gestores de fundos possuem. E a Refinitiv Lipper Fund Awards homenageia essas empresas e talentos.
Para dados mais detalhados sobre fundos gerenciados nos EUA e em outros países, conheça a Lipper
O que os mercados e investidores devem esperar?
Segundo Robert Jenkins, chefe de pesquisa da Lipper na Refinitiv, à medida que a população, os mercados e os governos ao redor do globo reagem à contínua ameaça do coronavírus, os gerentes de portfólio devem levar em consideração esses e outros fatores de mudança e repensar o posicionamento de seus portfólios entre empresas e setores.
“Somente quando sairmos dessa desaceleração, saberemos quais mudanças serão permanentes e quais, transitórias. E aí teremos uma visão mais clara de quais gestores de investimento foram capazes de navegar melhor nesse ambiente de mudanças”, completa Jenkins.
Para dados mais detalhados sobre fundos gerenciados nos EUA e em outros países, conheça a Lipper
Obtenha informações sobre as tendências de fluxo de fundos e a atividade dos investidores
Como acompanhar os desdobramentos:
O aplicativo Corona Vírus no Eikon é o lugar certo para acompanhar as principais manchetes, bem como gráficos, dados e análises de impacto nos mercados, setores e classes de ativos de commodities. Se você é um usuário do Eikon, basta procurar por ‘Corona Vírus’. Se você ainda não é usuário, obtenha acesso agora ou mude para o Eikon.
- Assista a #CoronaCorrection Series, nossa série exclusiva de vídeos sobre vários setores e classes de ativos, produzida em conjunto com a Real Vision.
- Siga nossos canais no LinkedIn, Twitter e YouTube.
- Para mais insights da Refinitiv sobre o impacto da Covid-19, go to refinitiv.com/pt/covid