Com os avanços tecnológicos escancarando as portas para os crimes cibernéticos e fraudes financeiras, os bancos digitais têm cada vez mais dificuldade para proteger suas operações. Diante desse cenário desafiador, a mais recente edição do Refinitiv Expert Talk explorou como a tecnologia pode ajudar os participantes desse mercado a construir estruturas de compliance resilientes, robustas e centradas no cliente para se manter sempre à frente da curva regulatória.
- Com a crescente ameaça do cibercrime, os bancos digitais precisam preencher lacunas nos processos de combate à lavagem de dinheiro (AML) e cumprir com os recentes desenvolvimentos no cenário regulatório.
- Em todo o mundo, os reguladores têm prestado especial atenção ao universo dos ativos virtuais.
- A mais recente edição do Refinitiv Expert Talk analisa em profundidade a relação entre os mercados de criptomoedas e os desafios do combate à lavagem de dinheiro (AML). Ele também examina como a tecnologia pode ajudar os participantes do mercado financeiro a se proteger do cibercrime e se manter em compliance com as novas medidas regulatórias.
Novas tecnologias bancárias: uma faca de dois gumes
É inegável que a transformação digital pela qual passou o setor bancário foi extremamente veloz, intensa e, acima de tudo, bem-vinda. Isso porque, além de gerar maior eficiência e velocidade em toda a indústria, ela vem proporcionando custos mais baixos para clientes e fornecedores.
Aproveitando esse movimento, tanto os recém-chegados bancos digitais quanto suas contrapartes tradicionais se valeram de tecnologias de ponta para oferecer melhores experiências à clientela. No entanto, os mesmos recursos de automação que servem para facilitar o dia a dia dos usuários de serviços bancários são os que, involuntariamente, acabam oferecendo aos criminosos oportunidades inéditas para cometer fraudes financeiras e lavagem de dinheiro.
Apesar dos enormes esforços por parte de bancos e empresas de serviços financeiros em geral, lacunas nos processos de combate à lavagem de dinheiro (AML) continuam acarretando em crescimento de atividades ilícitas e em multas cada vez maiores.
Faça o download do Expert Talk: “How Digital Banks Can Turn AML/KYC Challenges Into Opportunities”
Ambiente regulatório em plena atualização
Como se o cenário já não fosse suficientemente complicado, a onda de mudanças regulatórias no setor bancário vem ganhando contornos mais e mais complexos, além de diferir de forma significativa entre as jurisdições.
E uma coisa é certa: órgãos reguladores do mundo inteiro estão concentrando mais atenção no espaço de ativos virtuais, com sérias implicações para bancos digitais e provedores de serviços de ativos virtuais (VASPs, na sigla em inglês).
O Grupo de Ação Financeira contra a Lavagem de Dinheiro e o Financiamento do Terrorismo (GAFI/FATF), por exemplo, estendeu em 2021, por meio da chamada “Regra de Viagem”, as obrigações de AML e de CFT para os VASPs. Agora, eles são obrigados a identificar os originadores e beneficiários de transferências acima de um determinado limite e transmitir essas informações às contrapartes.
Nos Estados Unidos, tem ocorrido um maior escrutínio do espaço criptográfico, com o Office of Foreign Assets Control (OFAC) focando especificamente em indivíduos e entidades que usam criptomoedas para atividades ilícitas, bem como quaisquer empresas de serviços financeiros ou VASPs que permitam tal atividade –mesmo sem ter consciência disso.
Há também a “Regra de Viagem” da Lei de Sigilo Bancário (Bank Secrecy Act ou BSA), que, sob determinadas circunstâncias, impõe que todas as instituições financeiras (IFs) passem certas informações para a instituição seguinte.
Já na União Europeia, a nova “Regra de Viagem de Criptografia” da Comissão Europeia, instituída em meados de 2021, exige que haja consistência com a “Regra de Viagem” do GAFI.
Considerações sobre boas práticas
O novo Refinitiv Expert Talk trouxe algumas considerações importantes para os participantes do setor a fim de garantir respostas contra crimes financeiros e para o compliance com AML. Elas compõem um plano de 5 pontos, abrangendo todo o ciclo de vida do cliente.
Obviamente, é fundamental realizar uma due diligence completa e concluir os processos de KYC durante o estágio de integração de novos clientes. Mas, como os riscos mudam ao longo do tempo e outros podem surgir em qualquer estágio do relacionamento com o cliente, o monitoramento contínuo se mantém como ferramenta básica.
Outras considerações incluem:
- Monitorar as transações diante de qualquer sinal de alerta que possa indicar atividade potencialmente ilícita.
- Garantir que os alertas de “mudança de circunstância” estejam em vigor. Isso porque as circunstâncias dos clientes permanecem dinâmicas, podendo mudar a qualquer momento.
- Implementar uma pontuação de risco holística, que leva em consideração toda a gama de fatores que podem contribuir para a pontuação de risco de um cliente.
Apesar de as instituições financeiras terem a obrigação de se manter em compliance e de minimizar os riscos de atividades ilícitas, elas não podem perder o foco no cliente. Hoje em dia, oferecer ao usuário uma experiência agradável deixou de ser algo apenas desejável para se tornar pré-requisito para quem almeja o sucesso nesse setor.
Até pouco tempo atrás, muitos processos de compliance, por sua própria natureza, geravam impacto negativo na clientela. Agora, contudo, não há mais desculpa para isso. Tanto os dados quanto a tecnologia, se empregados de maneira correta, podem ajudar os bancos digitais e outras IFs a criar estruturas de compliance robustas e reduzir riscos enquanto propiciam experiências cada vez mais positivas para seu público alvo.
Faça o download do Expert Talk: “How Digital Banks Can Turn AML/KYC Challenges Into Opportunities”