Aprovada há cerca de dois anos, a Lei Alemã da Cadeia de Suprimentos faz parte de uma tendência global que procura responsabilizar as empresas por práticas de negócios mais sustentáveis e éticas, e exige que as organizações com sede na Alemanha mantenham-se atentas às violações ambientais e dos direitos humanos em suas cadeias de abastecimento.
- O principal objetivo da Lei Alemã da Cadeia de Suprimentos (German Supply Chain Act) é ajudar as empresas a melhorar a sustentabilidade ao longo de seu sistema de abastecimento. No entanto, ela impõe às organizações uma série de desafios relacionados às obrigações de due diligence.
- Isso ocorre devido à amplitude da nova lei, que exige que as corporações investiguem profundamente suas cadeias de suprimentos, contornando quaisquer dificuldades para a precisa coleta de dados.
- Para superar esses obstáculos, as organizações devem introduzir, o quanto antes, programas de gerenciamento de riscos de terceiros, incluindo plataformas de due diligence, ferramentas de avaliação de riscos e sistemas de gerenciamento de dados de fornecedores.
Aprovada há dois anos na Alemanha, a Lei da Cadeia de Suprimentos passou a valer para empresas com mais de 3.000 funcionários somente no início deste ano. E, a partir de 2024, será expandida, abrangendo firmas com 1.000 ou mais empregados.
O descumprimento da nova norma pode resultar em multas de até 2% do faturamento global da companhia –sem falar dos prováveis danos à reputação.
Desafios da nova lei
A Lei Alemã da Cadeia de Suprimentos certamente representa uma excelente oportunidade para que as corporações aumentem o nível de sustentabilidade de sua cadeia de abastecimento e, de quebra, melhorem sua reputação.
Entretanto, as empresas afetadas também podem ter dificuldades para cumprir suas obrigações de due diligence nos termos da lei. Entre os maiores desafios, estão:
- Profundidade e tamanho da rede de abastecimento: um dos maiores problemas é que a lei se concentra nos riscos de terceiros, e não somente em fornecedores imediatos de primeira linha de uma empresa. Isso exige que as organizações analisem mais profundamente suas cadeias de abastecimento. E essa é uma tarefa difícil –quando não impossível—, devido a fatores como o tamanho das redes globais de suprimentos; da falta de visibilidade dos fornecedores que estão além daqueles de primeira linha; e da localização dos inúmeros fornecedores, que, muitas vezes, encontram-se em jurisdições com padrões trabalhistas e ambientais mais fracos. Essa falta de transparência é um obstáculo para as empresas que agora necessitam obter informações sobre as práticas de seus fornecedores, e faz com que o controle sobre suas atividades seja limitado (sobretudo sobre aqueles alojados mais profundamente na cadeia de suprimentos).
- Precisão e disponibilidade de dados: alguns fornecedores podem não ter os processos ou controles necessários para coletar e fornecer os dados de que as companhias precisam para cumprir a lei. Por exemplo, eles talvez sejam incapazes de rastrear e relatar seus impactos ambientais, práticas trabalhistas ou conformidade com os direitos humanos. Assim, mesmo quando as corporações conseguem obter dados de seus fornecedores, eles podem ser limitados, incompletos ou imprecisos. Isso dificulta a avaliação de riscos, a realização de processos de due diligence eficazes e a adoção de medidas preventivas ou de remediação adequadas. E os desafios não param por aqui: se estendem à coleta de informações. As organizações corporativas precisam lidar com complexos sistemas de coleta e análise de dados, principalmente na criação e gerenciamento de questionários, que devem ser avaliados em diferentes fases do “ciclo de vida” de seus fornecedores.
- Restrições de recursos: a implementação de um processo de due diligence requer muitos recursos, incluindo pessoal, investimentos operacionais e financeiros, o que pode ser um sério empecilho para pequenas e médias empresas.
- Problemas relacionados à integração de dados: as organizações também podem enfrentar desafios na integração de dados de várias fontes e sistemas para fornecer uma visão abrangente dos riscos e desempenho de sua cadeia de suprimentos. Sem dúvida, esse é um exercício que pode revelar-se complexo, caro e demorado.
O caminho para um processo eficaz de due diligence
Para se manter em compliance com a Lei Alemã da Cadeia de Suprimentos, as corporações precisam adotar processos de due diligence que deem conta de riscos de terceiros. E isso só pode ser alcançado por meio de um programa abrangente de gerenciamento de riscos de terceiros, o que inclui investimento em sistemas e ferramentas de última geração, como:
- Plataformas de due diligence: essas plataformas fornecem um local centralizado para as empresas gerenciarem seus processos de due diligence e avaliarem se estão em conformidade com a Lei Alemã da Cadeia de Suprimentos. Elas podem incluir fluxos de trabalho, avaliação de riscos, listas de verificação, ferramentas de remediação e relatórios que permitem gerenciar as atividades de due diligence (de ponta a ponta) com mais eficiência.
- Ferramentas de avaliação de risco: essas ferramentas usam análise de dados e algoritmos de machine learning para identificar, avaliar e monitorar os potenciais riscos de uma cadeia de suprimentos em várias áreas, como ambiental, social e governança (ESG), de identidade, de integridade, de operações, financeira e cibernética, entre outros.
- Sistemas de gerenciamento de dados de fornecedores: esses sistemas permitem que as organizações coletem e gerenciem dados de seus fornecedores; apliquem uma abordagem baseada em risco na coleta de informações adicionais para entidades de alto risco; e monitorem o relacionamento comercial de forma contínua (desde o início até a eventual renovação do contrato).
Comprometimento com práticas responsáveis
Diante do que foi exposto acima, podemos afirmar que o compliance com a Lei Alemã da Cadeia de Suprimentos significa uma grande oportunidade para que o mundo empresarial aprimore as práticas comerciais responsáveis.
Contudo, é inegável que muitas corporações terão sérias dificuldades para cumprir com as novas diretrizes –seja por causa das complexas exigências da lei, da amplitude das cadeias de suprimentos, dos recursos limitados ou da falta de dados confiáveis.
Mas, com o auxílio de dados e tecnologia de ponta, as empresas podem aperfeiçoar seus programas de risco de terceiros adotando uma abordagem abrangente de due diligence baseada em risco para a cadeia de suprimentos e, assim, reafirmando seu compromisso com práticas de negócios responsáveis, éticas e sustentáveis.