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Novo relatório revela panorama global do risco financeiro

Phil Cotter
Phil Cotter
Managing Director, Risk business, Refinitiv

Um recém-publicado relatório da Refinitiv analisa em detalhes como o risco financeiro está mudando na esteira da Covid-19 e avalia o papel da tecnologia, dados e colaboração para a consolidação desse novo cenário.


  1. A edição de 2021 do relatório “Global Risk and Compliance” da Refinitiv mostra que quase três quartos dos entrevistados acreditam que a Covid-19 aumentou a ameaça de crimes cibernéticos.
  2. Segundo a pesquisa que embasou o relatório, a proporção de relacionamentos com terceiros que passaram por verificações de due diligence caiu de 49% em 2019 para 44% em 2021.
  3. Na luta contra os crimes financeiros, quase nove em cada dez pessoas afirmam que a tecnologia digital as ajudou a identificar atividades criminosas em suas organizações.

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Uma novo estudo da Refinitiv, realizado na esteira da Covid-19, indica que a dinâmica de risco financeiro global encontra-se em mudança. Esse relatório, bastante extenso e detalhado, baseia-se em pesquisas encomendadas pela Refinitiv durante o primeiro trimestre de 2021. Ao reunir as respostas de quase 3.000 entrevistados, o documento deixa evidente que a pandemia mudou a face do risco financeiro de diversas maneiras.

Leia o Relatório Global De Risco E Compliance 2021

Crimes cibernéticos aumentam o risco financeiro

Não é nenhuma surpresa que o relatório aponte que quase três quartos (71%) dos respondentes considere mais difícil combater o crime cibernético hoje em dia, já que a pandemia forçou muitos profissionais a trabalhar de forma remota.

Isso porque à medida que mais atividades e transações em todos os setores começaram a ser realizadas online, multiplicaram-se as oportunidades para os criminosos, elevando ainda mais os níveis de risco organizacional.

Além disso, 65% dos entrevistados concordaram que a crise sanitária global os forçou a tomar atalhos ao realizar os processos de KYC e de due diligence.

Provavelmente, isso é resultado de uma maior cobrança sobre as organizações, conforme os efeitos da pandemia são sentidos de forma cada vez mais aguda; 73% dos participantes da pesquisa relataram que suas empresas têm estado sob pressão significativa –ou mesmo extrema— para aumentar a rotatividade.

Embora essas descobertas deixem bem claro que o panorama de risco está se tornando mais complexo, também vislumbramos alguns sinais positivos:

  • Uma grande parcela dos profissionais consultados (43%) admite que a pandemia fez com que eles percebessem a importância dos fatores ambientais, sociais e de governança (ESG).
  • 43% também dizem que agora consideram o crime verde (incluindo pesca ilegal, extração de madeira, comércio de animais selvagens e despejo de lixo) como uma prioridade.

A pandemia, sem dúvida, trouxe uma série de consequências para as empresas, mudando, entre outras coisas, a natureza e a escala do risco. No entanto, ela também obrigou as organizações a prestar atenção em algumas das questões globais mais relevantes e importantes de nossa geração.

Falhas de compliance e falta de conscientização

Nosso estudo expõe ainda a existência de uma combinação alarmante: lacunas cada vez maiores no compliance e uma diminuição da consciência dos riscos relacionados a terceiros.

Por incrível que pareça, as enquetes mostram que apenas 44% dos relacionamentos com terceiros passaram por verificações de due diligence; em 2019, esse percentual havia sido de 49%. Isso indica lacunas persistentes nos processos formais de compliance – e o pior é que a situação piorou exatamente no momento em que o risco subiu às alturas.

Quando um grande número de relacionamentos com terceiros não é submetido a procedimentos formais due diligence, as oportunidades para atividades ilícitas podem proliferar rapidamente.

O crime financeiro engloba uma ampla gama de práticas ilegais –suborno e corrupção, lavagem de dinheiro, fraude, roubo, crime cibernético e tráfico de pessoas, entre outras— e continua sendo um flagelo global com consequências econômicas e sociais de longo alcance.

As organizações parecem estar cientes da importância de se evitar qualquer ligação com esses mal feitos, já que um terço (33%) dos entrevistados destacam que o dano à reputação causado pela associação com o crime financeiro é sua principal preocupação.

Ao mesmo tempo, no entanto, a percentagem de pessoas que estão cientes da ocorrência desses delitos em suas corporações nos doze meses anteriores à pesquisa foi de 62%, ante 73% em 2019.

Uma possível explicação seria a de que a falta de conscientização tem sido motivada pelo baixo uso de tecnologia em um subconjunto de empresas.

As respostas às nossas pesquisas mostram uma correlação direta entre a conscientização sobre o crime financeiro e o uso organizacional de tecnologia para detectá-lo e evitá-lo. Explica-se: 66% daqueles que recorrem à ferramentas tecnológicas para combater o crime financeiro também estavam cientes desses delitos dentro de suas operações globais (em comparação a apenas 40% daqueles que não usam a tecnologia para esse fim).

Tecnologia, dados e colaboração

A Refinitiv está comprometida em fornecer tecnologia de ponta e dados confiáveis, e em promover uma maior colaboração entre o setor público e o privado. Acreditamos que essas são ferramentas essenciais na luta global contra o crime financeiro.

E é bastante encorajador que os resultados de nossas pesquisas apoiem essa visão.

Um número significativo (86%) de entrevistados concorda que tecnologias digitais inovadoras os ajudam a identificar crimes financeiros em suas operações globais.

De acordo com essa visão, esses profissionais vêm procurando aumentar seus gastos em tecnologia. E, quando questionados sobre as principais áreas de investimento relacionadas à prevenção de crimes financeiros, a maior parte das pessoas (57%) revela que tem investido em automação e digitalização ao longo de 2021.

Também identificamos uma forte correlação entre uso de tecnologia e aprimoramento da colaboração. Os 60% dos respondentes que admitem recorrer regularmente a soluções tecnológicas para prevenir crimes financeiros têm maior probabilidade colaborar de forma mais intensa com as agências de aplicação da lei do que os outros.

À medida que a pandemia de Covid-19 continua transformando o cenário de risco global, acreditamos que a poderosa combinação entre tecnologia, dados e colaboração pode finalmente frear a onda de crimes financeiros.