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Bioceres espera que Brasil aprove trigo transgênico no início de 2021

Maximilian Heath
Maximilian Heath
News Correspondent, Thomson Reuters, Buenos Aires

A empresa argentina de biotecnologia Bioceres espera que o Brasil aprove o trigo geneticamente modificado HB4, com tolerância à seca, antes do início da próxima safra, por volta de março do ano que vem, disse o presidente-executivo da companhia à Reuters nesta quinta-feira.

A Argentina aprovou o HB4 na quarta-feira, tornando-se o primeiro país do mundo a autorizar trigo transgênico, mas a Bioceres não poderá comercializar o produto até que haja o sinal verde para importações pelo Brasil, principal destino do cereal argentino.

“Esperamos que eles (Brasil) possam tomar uma decisão em breve, esperamos que antes da próxima temporada do trigo no Hemisfério Sul, que começa no próximo outono e é um processo que já está bem avançado”, afirmou à Reuters o CEO Federico Trucco.

Ele acrescentou, porém, que mesmo com o sinal verde do Brasil, isso “não significa que a empresa, recebendo essa aprovação, imediatamente lançaria a tecnologia comercialmente”, e que a companhia buscará a aprovação em outros mercados.

“Seremos o mais cuidadosos possível em cada mercado internacional”, disse ele.

Trucco afirmou compreender os “temores” das pessoas do setor preocupadas com o potencial impacto sobre o trigo não transgênico da Argentina no mercado global.

Procurado, o governo brasileiro não respondeu de imediato a um pedido por comentários. No ano passado, 45% das 11,3 milhões de toneladas de trigo exportadas pela Argentina foram para o Brasil.

Embora os transgênicos sejam amplamente utilizados no milho e soja para aumentar as produtividades ou tornar as safras mais robustas, o trigo geneticamente modificado para produção comercial ainda não havia sido aprovado em nenhum país. O cereal é utilizado principalmente na alimentação humana.

Produtores e importadores ainda desconfiam da tecnologia.

“No final das contas, além das aprovações, o sucesso disso vai depender do consumidor, do nível de aceitação, algo que nenhum governo pode garantir e que é conquistado dia após dia”, afirmou Trucco.

O executivo acrescentou que o HB4, desenvolvido pela Trigall Genetics, joint venture da Bioceres com a francesa Florimond Desprez, pode ajudar a levar mais estabilidade para áreas marginais com incertezas de produção em um momento em que o foco aumenta em relação às mudanças climáticas.

Trucco afirmou ainda que uma aprovação pendente da China à soja geneticamente modificada da companhia pode ocorrer entre o final de 2020 e o início de 2021.

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