A direção do dólar está no limbo, à medida que os mercados financeiros globais aguardam uma trajetória mais clara do Federal Reserve, de acordo com pesquisa da Reuters com estrategistas de câmbio, que estavam divididos sobre qual será o patamar de negociação da moeda nos próximos três meses.
Em desvantagem mesmo antes de comentários de sexta-feira passada do chair do Fed, Jerome Powell, o dólar já perdeu quase 1,4% desde que atingiu uma máxima em nove meses há cerca de duas semanas. Mas a moeda ainda tem alta de cerca de 3% no ano.
Embora os analistas consultados na pesquisa — feita entre 30 de agosto e 2 de setembro com quase 60 estrategistas de câmbio — esperem que o dólar devolva a maioria desses ganhos no próximo ano, eles estavam cada vez mais incertos sobre as perspectivas de curto e médio prazo.
“Existem duas forças importantes quando olhamos para a direção do dólar. A primeira é a recuperação global e o ímpeto que vimos mais recentemente e o segundo ponto é obviamente a resposta dos bancos centrais a isso”, disse Kerry Craig, estrategista de mercados globais do JP Morgan Asset Management.
“Como essas duas forças estão competindo no momento, somos relativamente neutros quanto à direção do dólar.”
A eventual redução das compras mensais de 120 bilhões de dólares em títulos do Fed deve ajudar os rendimentos dos Treasuries a subirem. Uma maioria de 75% de 51 analistas espera que o banco central dos EUA anuncie o início da redução dessas compras no último trimestre deste ano
“Em última análise, pensamos que, num mundo onde os rendimentos reais continuarão a aumentar nos próximos meses, é provável que isso seja positivo para o dólar”, disse David Adams, chefe de estratégia de câmbio na América do Norte do Morgan Stanley.
“Continuamos esperando alta do dólar, particularmente em relação às moedas de baixo rendimento — que seriam o iene japonês e o euro.”
Dados da Comissão de Negociação de Futuros de Commodities (CFTC, na sigla em inglês) dos EUA, divulgados em 27 de agosto, mostraram que os especuladores mais uma vez aumentaram suas posições compradas em dólar.
Mas, ressaltando a incerteza prevalecente, não houve consenso entre os analistas que responderam a uma pergunta adicional sobre como o dólar vai operar nos próximos três meses.
Embora 23 dos 60 estrategistas tenham dito esperar que a moeda seja negociada em torno dos níveis atuais, 25 disseram que vai subir amplamente. Os 12 restantes disseram que o dólar vai cair amplamente.
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Questionados sobre sua confiança nessa visão, 62% dos estrategistas, 36 de 58, disseram que não estavam confiantes ou estavam nada confiantes. Vinte e dois afirmaram ter confiança.
Com a expectativa de que a maioria das principais moedas se fortaleça em relação ao dólar nos próximos 12 meses, o euro deve subir 2% no mesmo período, de acordo com as projeções. A moeda já tem queda de 3% este ano.
A maioria das moedas de mercados emergentes também deve enfraquecer ou, na melhor das hipóteses, se agarrar a uma faixa de negociação nos próximos três a seis meses, já que a retirada do estímulo nos EUA pode levar os investidores a evitarem as moedas conhecidas como “cinco frágeis” — real, lira turca, rand sul-africano, rupia indiana e rupia indonésia — como fizeram em 2013.