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Moedas latino-americanas devem permanecer estáveis, descoladas de outras emergentes

Gabriel Burin
Gabriel Burin
Polling correspondent for Latin America, Reuters

As moedas latino-americanas devem permanecer estáveis ​​no curto prazo, conforme operadores se concentram num aperto monetário relativamente mais moderado pelo Federal Reserve e no cenário político no Brasil, em vez de na invasão da Ucrânia pela Rússia.

No curto prazo, o peso mexicano e o real devem ser negociados perto de seus valores atuais, após perderem algum terreno no final de fevereiro, quando os efeitos financeiros do ataque de Moscou abalaram os mercados globais.

A moeda do México deve ganhar 0,2%, a 20,66 por dólar, em um mês, de acordo com a estimativa mediana de 16 estrategistas entrevistados de 28 de fevereiro a 3 de março. Já o real deve cair 2,1% no mesmo período, a 5,20 por dólar.

Em um ano, o peso deve se desvalorizar 2,4%, a 21,225 por dólar, enquanto o real recuará 5,7%, a 5,40 por dólar.

A moeda mexicana acumula queda de apenas 1% no último um ano, inabalada pelo colapso do rublo russo, que atingiu outras moedas emergentes.

“O peso mexicano se comportou muito bem em meio à turbulência do mercado, limitando assim o risco de alta” para um dólar mais forte em relação ao peso, disse Jessica Roldan, economista-chefe da Finamex.

“No entanto, o aumento dos juros básicos –mesmo que em ritmo mais lento– deve tender a depreciar a moeda doméstica”, acrescentou, referindo-se à estratégia do banco central dos EUA de iniciar “cuidadosamente” um ciclo de aperto monetário neste mês.

A principal preocupação em torno do peso é que o Banxico, como é conhecido o banco central do México, possa suavizar seu esforço para aumentar os juros, principalmente depois de a autoridade monetária dizer nesta semana que as pressões inflacionárias diminuirão ao longo de 2022.

O Banxico elevou sua taxa básica de juros em 2 pontos percentuais desde junho, para 6,00%, ante uma mínima pandêmica de 4,00%, alta bem mais tímida do que a de 8,75 pontos promovida pelo Banco Central do Brasil.

A taxa Selic está em 10,75% ao ano atualmente, saindo de uma mínima histórica de 2,0%. Os juros básicos do Fed ainda estão num intervalo entre 0% e 0,25%.

A agressividade do Banco Central, aliada ao recente bom desempenho fiscal do Brasil e ao cenário político calmo, contribuiu para uma alta de 9,4% do real desde o início de 2022.

Operadores de câmbio estão acompanhando de perto os próximos passos dos prováveis candidatos presidenciais, agora que o Carnaval terminou e a corrida pela votação de outubro –o evento político mais importante deste ano na América Latina– começa a se intensificar.

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem uma sólida vantagem sobre o presidente Jair Bolsonaro nas pesquisas de intenção de voto. Lula pode dar pistas sobre seus planos econômicos no esperado anúncio formal de sua candidatura no final deste mês.

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