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O impacto da Covid-19 sobre a demanda de energia elétrica no Brasil

Claudio Andres Villegas Vallejos
Claudio Andres Villegas Vallejos
Lead Analyst, Refinitiv

As medidas restritivas adotadas para contenção da atual pandemia têm provocado um forte impacto sobre o consumo energético, afetando esse setor da economia e gerando reflexos em toda a cadeia produtiva. Entenda, neste post, como a Refinitiv utiliza seu modelo proprietário de previsão de demanda para oferecer dados essenciais para o mercado de comercializadoras, geradoras e gestoras de energia.


  1. Uma maneira de calcular o efeito da pandemia para a indústria de energia elétrica é comparando a real demanda do insumo àquela que deveria ter ocorrido em situações normais.
  2. As medidas restritivas começaram a ter impacto significativo no setor energético na semana de 23 de março, totalizando uma queda de demanda no SIN de aproximadamente 14,9%.
  3. Diante da intensa redução no consumo de energia causada pelas medidas de contenção ao novo coronavírus, é possível dizer que o setor será severamente afetado –tanto no curto quanto no longo prazo.

A demanda de energia elétrica é um importante termômetro da economia brasileira, dada a importância do insumo na indústria e no comércio. E, como já era esperado, a adoção de medidas restritivas no país devido à atual pandemia de Covid-19 tiveram um forte impacto sobre esse consumo.

“Na Refinitiv, utilizamos nosso modelo proprietário de previsão de demanda de energia elétrica para quantificar esta redução e apontar as potenciais consequências da agenda de contenção da pandemia para o setor energético brasileiro”, explica Claudio Andres Villegas Vallejos, Lead Analyst da equipe de Power Research da Refinitiv.

Neste post, explicamos um pouco sobre como isso vem sendo feito.

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Comparação de cenários

Para medir o nível de redução, começamos comparando a demanda de energia observada (Actual, aproximada pela carga do sistema) com a que teria ocorrido caso não houvesse a disseminação no país do novo coronavírus (Synthetic, fornecida pelo nosso modelo de previsão).

Também é importante analisar e separar o potencial efeito da temperatura sobre a demanda, já que períodos mais quentes levam a um maior consumo de energia elétrica devido ao intenso uso de ar condicionado. Fazemos essa análise simulando a ocorrência de uma média climatológica de temperatura (Normal, também fornecida pelo nosso modelo de previsão).

Confira, nos gráficos abaixo a análise de um período de sete dias (de 31 de março a 6 de abril), para os quatro subsistemas do Sistema Interligado Nacional (SIN):

Ao observar os gráficos acima, é possível concluir que:

  • a redução de demanda é maior nos dias úteis, e menor nos fins de semana.
  • as temperaturas relativamente amenas para a época do ano não devem ter uma influência muito forte sobre a demanda, ao contrário do que ocorre na Europa, por exemplo.

Efeitos para o setor

Assim, uma maneira de calcular o impacto da pandemia é comparando a demanda observada (Actual) àquela que deveria ter ocorrido em situações normais (Synthetic). “Com o desvio obtido entre uma e outra, podemos quantificar o efeito das medidas restritivas sobre a demanda energética no Brasil”, afirma Vallejos.

Como controle, comparamos também a demanda observada (Actual) à estimada para a temperatura média climatológica (Normal). E, como já sabemos que a redução do consumo é maior nos dias úteis –como foi mencionado acima—, realizamos esta comparação apenas para os dias de semana.

Veja abaixo os resultados para as quatro semanas entre os dias 09 de março e 03 de abril:

Principais conclusões

Com base nos dados acima, podemos observar que as medidas restritivas começaram a ter impacto significativo na semana de 23 de março, totalizando uma queda de demanda no Sistema Interligado Nacional (SIN) de aproximadamente 14,9%. Na semana seguinte, de 30 de março, constatamos uma redução ainda maior, de 16,2%.

Conforme já havíamos verificado, as temperaturas relativamente amenas nos grandes centros de carga tiveram um efeito discreto sobre a demanda.

Esta análise ainda é preliminar, visto que temos apenas duas semanas completas para avaliar o efeito das ações de contenção. No entanto, a magnitude da redução do consumo energético deverá impactar severamente o setor elétrico no curto e no longo prazo, com reflexos em toda a cadeia produtiva.

Para visualizar a versão mais recente desta análise, acesse o aplicativo Eikon Power (palavra-chave POWBRA, e em seguida clicar em Analysis).

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