Em meio a uma série de novas regulações que entraram em vigor nos últimos anos, como a MiFID II, o mercado de câmbio começa a adquirir novas características.
Desde o início do ano passado, as novas regras da MiFID II estão interagindo com as dinâmicas específicas da indústria e transformando o funcionamento dos mercados de câmbio ao redor do mundo. A regulamentação de novos locais de negociação, exigências adicionais de melhor execução e um impulso cada vez maior em direção à automação vão afetar significativamente o papel dos profissionais do mercado de câmbio.
Com a expansão de novos locais de negociação regulamentados pela MiFID II na Área Econômica Europeia, como as Multilateral Trading Facilities (MTFs), segue forte a tendência de fragmentação de liquidez cambial.
Isso começou ainda em 2013, com o lançamento das Swap Execution Facilities nos Estados Unidos. A liquidez cambial, que até então representava um mercado global sem regulamentação e, quase sempre de balcão (ou OTC), agora varia de acordo com a localização geográfica e o instrumento.
Na Área Econômica Europeia, se um participante resolve negociar derivativos cambiais em um determinado local, ele deverá ser regulado. E isso também vale para swaps cambiais, NDFs e opções. Já nos EUA, apenas locais que negociam NDFs e opções devem ser regulamentados. No resto do mundo, entretanto, as negociações podem ocorrer em qualquer lugar, sem nenhum tipo de norma regulatória.
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Locais de negociação
Participantes tanto do buy-side quanto do sell-side devem decidir onde vão obter e fornecer liquidez cambial. Para alguns, os benefícios de negociações em locais regulamentados, como o aumento da transparência, são atraentes. Para outros, no entanto, maiores regulamentações vão significar apenas custos mais elevados, sem representar nenhum benefício.
Embora a maioria das instituições do buy-side deva continuar negociando na mesma jurisdição, algumas podem transferir suas operações de negociação cambial para outras localidades a fim de escapar da regulamentação.
Mas, no final das contas, os bancos acabarão fazendo o que for necessário para prover liquidez aos seus clientes. E, para muitos deles, isso inclui oferecê-la em diversos locais.
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Escolha de derivativos
Embora a regulamentação de novos locais de negociação possa, sem dúvida, influenciar onde participantes específicos farão suas operações de câmbio, os tipos de derivativos escolhidos devem permanecer os mesmos.
Provavelmente continuaremos vendo um crescimento tanto dos tradicionais instrumentos cambiais OTC, como swaps, quanto dos futuros cambiais negociados em bolsa. Isso porque as características específicas que fizeram com que esses instrumentos fossem atraentes permanecerão as mesmas, independentemente das novas regulamentações.
Análise de custos de transações
Desde o ano passado, a implementação de novos requisitos de melhor execução e a adoção do novo Código Global cambial voluntário fez com que os fluxos de negociação fossem bastante alterados.
Muitas empresas agora são obrigadas (pelas regulações), ou acabam optando (devido ao novo Código Global cambial) por estabelecer melhores práticas de execução.
Assim, o buy-side será cada vez mais requisitado a justificar suas decisões sobre liquidez.
Para cumprir essas obrigações, as instituições precisarão contar com ferramentas de análise de custos de transação e dados de mercado de qualidade.
É razoável assumir que uma parte do serviço dos bancos de fornecimento de liquidez cambial poderia se expandir e começar a incluir ferramentas de relatórios transparentes. Dessa forma, seria demonstrado como se chegou à formação de um preço para um determinado cliente.
Além disso, à medida que as empresas do buy-side analisam mais detalhadamente seu processo de negociação, elas deverão examinar relações de contrapartes e critérios de seleção. É possível que, sob um maior escrutínio, uma organização que mantenha poucos parceiros comerciais acabe negociando com mais. Ou mesmo o contrário: que acabe enxugando esse número para gerar maior eficiência.
Soluções de tecnologia cambial
Esses regulamentos explicitam ainda mais a necessidade de automação ao longo dos processos de negociação. O aumento das exigências sobre transparência, por exemplo, acabará eliminando a pequena parcela de operações cambiais ainda realizadas de forma manual (por telefone).
Com a intensa pressão sobre custos que afeta toda a indústria, as instituições passarão a depender cada vez mais de soluções tecnológicas para ganhar eficiência no acesso e distribuição de liquidez cambial.
As plataformas que permitem aos usuários acessar pools de liquidez (sendo eles regulados ou não) por meio de uma única interfaceserão cruciais para muitos participantes. E os dados e ferramentas de análise se mostrarão necessários tanto para tomar decisões comerciais quanto para avaliar sua eficácia.
Diante do aumento do uso de algoritmos de execução, as decisões sobre operações comerciais se tornarão gradualmente mais automatizadas. E, claro, o papel dos traders também deve evoluir à medida que aprendem a otimizar e monitorar todo esse fluxo de transações.
Em meio a todas essas perspectivas, uma coisa é certa: apesar de o futuro próximo reservar uma quantidade de mudanças sem precedentes para as negociações cambiais, sabemos que os mercados já enfrentaram alterações regulatórias em outras épocas e conseguiram se ajustar a elas. Portanto, o setor de câmbio não diminuirá de tamanho (nem se tornará menos importante) conforme os participantes se adaptam às suas novas características.