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Uso (indevido) do ChatGPT em crimes financeiros: o lado sombrio de uma ferramenta valiosa

Avanços tecnológicos como o aplicativo ChatGPT ajudam a melhorar a produtividade nas empresas e a experiência do cliente, mas há crescentes preocupações sobre seu uso em esquemas criminosos.  


  1. Novas tecnologias, como o aplicativo ChatGPT, impulsionam a produtividade nas empresas e destravam o crescimento econômico, mas há crescentes preocupações sobre os riscos que elas embutem.
  2. Ferramentas tecnológicas têm sido utilizadas em crimes financeiros cada vez mais elaborados.
  3. Diante desse panorama, é essencial que empresas do setor financeiro, como fintechs, redobrem a atenção aos seus programas de risco e compliance.

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Desde que a OpenAI, empresa criadora do ChatGPT, anunciou em meados de março o lançamento da tecnologia GPT- 4, as atenções de cientistas, empresários e líderes globais voltaram-se massivamente para as possibilidades (tanto positivas quanto negativas) do que hoje em dia conhecemos como Inteligência Artificial. Evolução da GPT-3.5, a nova ferramenta parece ter chegado para redefinir o futuro da Inteligência Artificial e da comunicação, criando interações mais naturais e realistas entre humanos e máquinas. No momento, no entanto, apenas usuários do ChatGPT Plus, versão paga da IA conversacional, terão acesso ao GPT- 4—e de modo limitado.

Mesmo assim, centenas de personalidades da área de tecnologia assinaram, na semana passada, uma carta surpreendente, em que pedem uma pausa de pelo menos seis meses no desenvolvimento da Inteligência Artificial. O motivo? Segundo os signatários –entre os quais estão nomes como Elon Musk (Tesla/Twitter), Steve Wozniak (Apple) e o historiador israelense Yuval Harari—, estamos próximos de algo que pode representar uma mudança profunda na história do planeta, com a IA avançando com uma rapidez sem precedentes e sem que ainda tenhamos concluído a regulação desse setor.

Novas rotas para o crime financeiro

Bem, como sempre fazemos questão de lembrar neste blog, os avanços tecnológicos, como o aplicativo ChatGPT, ajudam a melhorar a produtividade nas empresas e a destravar o crescimento econômico, mas há crescentes preocupações sobre os riscos que eles podem representar para a privacidade, direitos humanos e até segurança das pessoas. Além disso, se por um lado as tecnologias emergentes são a força vital do contínuo movimento de inovação que temos presenciado em empresas, por exemplo, do setor financeiro (como fintechs), por outro, essa mesma tecnologia tem sido utilizada para se chegar a crimes financeiros cada vez mais elaborados.

Sim, temos falado disso já há um tempo aqui neste espaço e quase sempre em função da transição digital, tendência que, inadvertidamente, acaba escancarando novas rotas para o crime financeiro. Mas, na semana passada, a força policial da União Europeia, a Europol, emitiu um alerta sobre a possibilidade de que o ChatGPT venha a ser utilizado indevidamente em delitos envolvendo phishing, desinformação e crimes cibernéticos, agravando ainda mais o clima de preocupação em torno da nova ferramenta.

Como frisa a Europol, desde seu lançamento, no ano passado, o ChatGPT da OpenAI –que é apoiado pela Microsoft— desencadeou uma verdadeira obsessão pela tecnologia, levando rivais a lançar produtos semelhantes e empresas a integrá-lo em seus aplicativos. “As capacidades dos LLMs (Large Language Models), como o ChatGPT, estão sendo ativamente aprimoradas. Assim, a potencial exploração de sistemas de Inteligência Artificial desse tipo por criminosos parece uma perspectiva sombria”, afirmou a Europol em um relatório.

Para completar, a agência europeia ainda destacou o uso nocivo do ChatGPT em três possíveis áreas:

  1. Phishing“A habilidade do ChatGPT de redigir textos altamente realistas o torna uma ferramenta útil para criminosos que se dedicam ao phishing (tentativas de fraude para obter ilegalmente informações como número de cartão de crédito e senhas bancárias)”, alerta a Europol.
  2. Desinformação e propaganda – Por ser capaz de reproduzir padrões de linguagem para representar o estilo de fala de indivíduos (ou de grupos específicos), o chatbot pode ser usado por criminosos para entrar em contato com possíveis vítimas sem serem identificados. “Além disso, a capacidade do ChatGPT de produzir texto com som autêntico e de forma veloz faz dele um recurso ideal para propagar desinformação”, afirma a agência de fiscalização da UE. “E, por permitir que os usuários gerem e espalhem mensagens que refletem uma narrativa específica com relativamente pouco esforço, também pode ser usada como ferramenta de propaganda”, acrescenta a entidade.
  3. Produção de malware – Outra preocupação da Europol é que criminosos com pouco conhecimento técnico possam recorrer ao ChatGPT para a produção de malware (programas especificamente desenvolvidos para executar ações danosas e atividades maliciosas em um computador).

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Fraude online: desafio crescente

Diante desse panorama, é essencial que empresas do setor financeiro, como fintechs, redobrem a atenção aos seus programas de risco e compliance, mantendo um controle rígido dos processos de que precisarão para se proteger contra atividades ilícitas generalizadas e garantir a conformidade regulatória.

Segundo um recente white paper da Refinitiv, produzido em colaboração com a consultoria global FINTRAIL, as principais dificuldades enfrentadas pelas fintechs em 2022 estiveram relacionadas a ativos digitais, criptomoedas, sanções e, sobretudo, fraudes online. Sim, os profissionais do setor foram categóricos em afirmar que fraude online é o seu maior desafio e uma ameaça persistente, já que os criminosos “modernos” agora recorrem a identidades artificiais ou sintéticas, além de outras tecnologias de ponta, para produzir documentos falsificados.

Nós, da Refinitiv, acreditamos que à medida que o setor financeiro segue sua trajetória de crescimento, três elementos principais podem auxiliar as empresas em qualquer estágio dessa jornada: dados robustos, tecnologia de ponta e experiência humana inestimável.

Nossa combinação de dados de qualidade e tecnologia de ponta, desenvolvida para atender à complexa estrutura regulatória atual, tem sido pioneira em ajudar empresas, bancos e outras instituições financeiras a maximizar recursos, gerenciar riscos, melhorar o compliance e, claro, reduzir custos.

Para descobrir quais desafios de AML estão em jogo atualmente, as tendências que moldaram 2022 e o que esperar em 2023, acesse nosso novo white paper: “Desafios do Combate à Lavagem de Dinheiro para Fintechs: Insights para o Futuro”