As equipes de trading vêm enfrentando mudanças regulatórias sem precedentes, e muitas das novas exigências pressupõem acesso a uma série de dados e análises. Diante dessa realidade, os profissionais do setor adotam, cada vez mais, data-as-a-service e analytics-as-a-service para atingir o compliance comercial de maneira ágil e econômica.
- As demandas de dados e análises nas atuais regulamentações se mostram bastante desafiadoras para as empresas, e a baixa qualidade dos dados comerciais é constantemente sinalizada pelos supervisores bancários.
- A menos que adotem uma abordagem mais estratégica, as organizaçoes continuarão a enfrentar dificuldades para cumprir com regulamentações comerciais como a FRTB e MiFID II.
- Ao se decidirem por dados e análises confiáveis na nuvem, as empresas poderão cumprir com as normas de forma mais eficiente e gerenciar futuras alterações regulatórias com mais agilidade.
A atual onda de mudanças regulatórias é intensa, e as novas regras exigem que instituições financeiras forneçam quantidades cada vez maiores de dados e resultados analíticos para os supervisores do setor. Exemplos recentes incluem:
- A Diretiva dos Mercados de Instrumentos Financeiros II (MiFID II), da União Europeia, que implementou requisitos de melhor execução e relatórios de negociação.
- Regras de fiscalização do mercado financeiro, que em um crescente número de jurisdições exigem o monitoramento de uma ampla variedade de dados.
- A Revisão Fundamental da Carteira de Negociação (FRTB) pelo Comitê de Supervisão Bancária da Basiléia, que apresenta uma série de demandas de dados e análises.
Esses regulamentos exigem que as empresas reúnam fontes de dados internas e externas, analisem esses elementos e forneçam aos reguladores dados (como nos relatórios comerciais da MiFID II) ou resultados analíticos (como no FRTB).
As empresas continuam a se debater com a MiFID II e o monitoramento do mercado. Os problemas são tão significativos que, antes da pandemia, muitos reguladores da UE planejavam atuar com mais força contra os relatórios comerciais de baixa qualidade da MiFID II.
Enquanto isso, em seus boletins informativos Market Watch, a Autoridade de Conduta Financeira do Reino Unido (FCA, na sigla em inglês) continua a chamar a atenção das organizações para falhas na vigilância do mercado. Embora a FRTB não entre em vigor até janeiro de 2023, muitas instituições já estão preocupadas com a sua capacidade de cumprir esse prazo, principalmente em função das demandas de dados e análises.
Um novo whitepaper da Refinitiv, “How Trusted Data Will Power Digital Transformation in your Trading Business”, aborda como as equipes de negociação estão se engajando na transformação digital para enfrentar os desafios de desenvolver e testar estratégias de trading, realizar análises de boas práticas de execução e inovar em geral.
Neste post exploramos um quarto tópico do white paper: compliance comercial e mudança regulatória.
Dados e análises confiáveis são essenciais para superar as dificuldades impostas pelas atuais regulações. Ter uma estratégia forte permite às empresas se tornarem mais ágeis diante das alterações regulatórias, adotando soluções tecnológicas inovadoras que melhorem a eficiência e sustentem o crescimento.
Dados confiáveis: um desafio
Um bom estudo de caso sobre as dificuldades que as empresas enfrentam em relação a dados é a FRTB, pois ela engloba os três principais problemas com dados e análises:
- Calcular o risco de mercado – As organizações precisam acessar dados históricos do mercado que remontam, pelo menos, a 2007. Esse conjunto de dados deve incluir uma ampla gama de instrumentos e ser normalizado com outros conjuntos de dados, como ações corporativas.
- Realizar o novo teste de liquidez –É necessário identificar em seus próprios dados as negociações executadas e as cotações estabelecidas para que se possa realizar o Risk Factor Eligibility Test (RFET). Isso é bem complicado para as equipes de negociação, que terão de examinar os dados de que dispõem e decidir como rotular os pontos de dados de negociação individuais. Depois, as empresas precisam conduzir análises de teste de liquidez.
- Adotar a abordagem padronizada –As instituições devem classificar seu portfólio com base nos atributos dos instrumentos que possuem. Esses atributos geralmente estão contidos nos termos e condições dos instrumentos, aos quais uma equipe de negociação nem sempre tem acesso. A classificação incorreta dos instrumentos pode ter um impacto direto no capital que a empresa detém (e que deve ser calculado).
Claramente, obter os dados corretos é essencial para o bom resultado da análise. Segundo Jacob Rank-Broadley, director of Regulatory and Market Structure Propositions, a melhor maneira de atender a todos esses requisitos de compliance da FRTB é ter um conjunto de dados que seja o mais completo e preciso possível. “As empresas não devem apenas usar seus próprios dados, pois é provável que estejam incompletos. Embora o prazo final seja até janeiro de 2023, não se deve subestimar a quantidade de trabalho necessária para que os dados tenham um nível adequado de qualidade”, diz o diretor.
Muitas organizações já estão optando por terceirizar suas necessidades de dados –usando tick data na nuvem— para atender a esses requisitos de forma mais rápida, fácil e econômica.
Acesso a análises de compliance comercial
Assim que tiverem os dados necessários para começar a cumprir suas obrigações regulatórias, as empresas geralmente precisam analisá-los e relatar os resultados ao regulador.
Essas análises podem ser simples ou complexas, e o próprio processo de análise está sujeito a revisões de auditores e reguladores.
Muitas organizações já reconhecem que, embora seja essencial realizar análises de compliance comercial corretamente, esses estudos, por natureza, não são proprietários, já que a maioria das instituições acaba adotando o mesmo tipo de abordagem.
Um bom exemplo disso são os requisitos de boas práticas para a MiFID II. As empresas precisam reunir grandes volumes de dados (cotações intraday em centenas de locais) para comprovar a melhor forma de execução de um determinado instrumento ou de relatórios regulatórios, como os RTS 27 e RTS 28.
Para o RTS 27, locais de execução, formadores de mercado e internalizadores sistemáticos (SI, na sigla em inglês) devem criar relatórios trimestrais sobre a qualidade de sua execução em nome dos clientes. Para o RTS 28, as empresas de investimento devem relatar seus cinco principais locais para todas as negociações em nome dos clientes.
Ou seja, por um lado, as equipes de trading necessitam de um grande volume de dados, e por outro, as análises de compliance comercial estão tão bem estabelecidas a ponto de não fornecerem qualquer tipo de vantagem competitiva para as instituições que as conduzem.
Mas, como a Refinitiv já reúne e normaliza esses tick data históricos –afinal, isso é fundamental para a nossa oferta de dados—, faz sentido fornecer os dados e análises de compliance necessários por meio da nuvem, permitindo que os times comerciais criem suas próprias análises a partir daí. Os nossos clientes podem acessar tudo isso por meio de APIs.
Essa abordagem (analytics-as-a-service) ajuda a aumentar a eficiência das organizações e reduzir a carga operacional dos profissionais, liberando-os para dedicar mais tempo a atividades que agreguem maior valor ao negócio. Além disso, a conduta permite à empresa responder com agilidade às novas regras regulatórias.
Em resumo, vemos que a maneira como as empresas enfrentam os desafios do compliance comercial está mudando. As equipes de trading já procuram terceirizar a coleta e normalização de dados, bem como certas análises de compliance, para a nuvem.
Ao adotar essa abordagem estratégica, os traders tornam-se mais eficientes e ágeis perante as mudanças regulatórias, apoiando diretamente o programa de transformação digital de sua organização.