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Bancos centrais planejam fim de estímulos, mas em ritmos diferentes

Tommy Wilkes
Tommy Wilkes
Jornalista
Saikat Chatterjee, CFA
Saikat Chatterjee, CFA
Senior FX Correspondent na Thomson Reuters
Sujata Rao
Sujata Rao
Deputy editor for markets and financial services, EMEA at Thomson Reuters
Dhara Ranasinghe
Dhara Ranasinghe
Senior European Bonds Correspondent, Thomson Reuters

Uma grande saída dos estímulos extraordinários criados para manter economias à tona durante a pandemia de Covid-19 está em andamento por parte de bancos centrais, com os Estados Unidos e a Austrália afastando-se esta semana de políticas monetárias de forte apoio à atividade.

Mas formuladores de políticas monetárias também se opuseram às expectativas de investidores quanto a uma série de aumentos nas taxas de juros, enquanto esperam para ver se a inflação continua mais persistente do que o esperado. O Banco da Inglaterra surpreendeu os mercados nesta quinta-feira, mantendo as taxas de juros.

Segue um detalhamento de como formuladores de políticas monetárias se posicionam em relação à saída do estímulo da período de pandemia.

1/ NORUEGA

O banco central norueguês aumentou sua taxa básica em 25 pontos-base para 0,25% em setembro e reiterou, na quinta-feira, que planeja novo aperto em dezembro.

Isso torna o Norges Bank o mais agressivo dos principais bancos centrais das economias desenvolvidas na contenção de políticas ultra-frouxas, reforçando a coroa da Noruega.

2/ NOVA ZELÂNDIA

O Banco da Reserva da Nova Zelândia aumentou as taxas no mês passado, pela primeira vez em sete anos, para 0,5% e os mercados estimam outro aumento de 0,25 ponto percentual na reunião de 24 de novembro.

O Índice de Preços ao Consumidor da Nova Zelândia está subindo, a taxa de desemprego está em níveis recordes e os formuladores de política monetária alertam que a alta do mercado imobiliário do país é insustentável.

O mercado aposta que as vão superar 2% até agosto de 2022.

3 / CANADÁ

O Banco do Canadá disse na semana passada que estava encerrando seu programa de compra de títulos devido a uma economia robusta, altas taxas de vacinação contra Covid-19 e um forte mercado de trabalho.

Também sinalizou que as taxas podem subir já em abril de 2022 e disse que a inflação permanecerá acima da meta durante grande parte do próximo ano, colocando o Canadá firmemente no campo mais inclinado ao aperto monetário.

4/ ESTADOS UNIDOS

O Federal Reserve está encerrando a política de forma mais lenta. O banco central norte-americano disse nesta semana que “reduzirá” até zero suas compras mensais de ativos de 120 bilhões de dólares até a metade de 2022.

Mas ressaltou que a redução não significa que um aumento da taxa ocorrerá em breve, já que a expectativa é de que uma inflação mais alta seja “transitória”. O presidente Jerome Powell acrescentou que o banco central será paciente e esperará por mais crescimento de empregos antes de apertar.

5/ REINO UNIDO

O Banco da Inglaterra frustrou as expectativas do mercado de um aumento da taxa de juros nesta quinta-feira, com uma votação de 7 a 2 dos formuladores de políticas monetárias para manter as taxas em 0,1%, um recorde de baixa.

Mas o banco central do Reino Unido disse que seria necessário aumentar as taxas “nos próximos meses” se os dados do mercado de trabalho estivessem alinhados com as previsões.

Depois que várias autoridades deram fortes sinais recentemente sobre a necessidade de aumentar as taxas em breve, apenas para votar contra a iniciativa, os mercados monetários nesta quinta-feira se esforçaram para reduzir as expectativas – um aumento inicial agora está previsto para fevereiro.

6/ AUSTRÁLIA

O banco central australiano permanece no campo do afrouxamento monetário, mas apenas por pouco.

Na terça-feira, o Banco da Reserva da Austrália deu um grande passo para eliminar o pacote de estímulo criado durante a pandemia. Abandonou uma meta de rendimento de títulos ultrabaixa e abriu a porta para um primeiro aumento nas taxas em 2023, antes da previsão anterior de 2024.

O chefe da instituição, Philip Lowe, prometeu ser paciente com a política monetária, no entanto, e rejeitou a conversa do mercado sobre um aumento já em maio.

7/ SUÉCIA

Os mercados esperam que a taxa de 0% da Suécia suba 75 pontos-base até o terceiro trimestre de 2024, em comparação com a visão do Riksbank para taxas inalteradas neste período.

O banco central encerrou as linhas de crédito do período da pandemia, mas afirma que as taxas só aumentarão se houver grandes mudanças nas pressões inflacionárias.

A inflação, nos maiores níveis em décadas, pode chegar a 3% no próximo ano, mas espera-se que diminua depois. O chefe do banco, Stefan Ingves, vê uma superação da inflação como mais fácil de se enfrentar do que uma subestimação.

8/ ZONA DO EURO

O Banco Central Europeu continua no cenário de afrouxamento de políticas monetárias. A chefe Christine Lagarde avalia que um aumento da taxa em 2022 é muito improvável, já que a inflação ainda está muito baixa.

Com a inflação no maior patamar em 13 anos, os mercados apostam que o BCE aumentará as taxas no próximo ano pela primeira vez desde 2011, mas Lagarde discordou.

As pressões inflacionárias de longo prazo permanecem fracas e o BCE provavelmente continuará com as compras de ativos por muito tempo depois da data prevista para o fim do seu programa emergencial de compra de títulos durante a pandemia, em março.

9/ JAPÃO

O Japão é um ponto fora da curva. O Banco do Japão rejeitou na semana passada as preocupações de que o enfraquecimento do iene esteja alimentando a inflação, o que impulsionou o crescimento dos preços no atacado para máximas em 13 anos.

O BOJ cortou sua previsão de inflação ao consumidor de 0,6% para 0% para o ano que se encerra em março de 2022 e reduziu a previsão de crescimento econômico deste ano, sinais de que manterá sua meta para as taxas de juros de curto prazo em -0,1% por enquanto.

10/ SUÍÇA

O Banco Nacional da Suíça provavelmente ficará atrás de seus pares em relação ao aumento da taxa básica de juros de -0,75%, atualmente a mais baixa do mundo.

Ao contrário do BCE e do Fed, o BNS não ajustou sua estrutura para introduzir um limite de tolerância à inflação mais alto. Isso implica que o banco central teria de agir se a inflação se acelerasse acima de sua meta de estabilidade de preços, um pouco abaixo de 2%.

Com 0,94%, a inflação suíça está atingindo altas de dois anos e os mercados estimam um aumento de 25 pontos-base nas taxas até o final de 2022.

O franco suíço está sendo negociado perto de suas máximas de 11 meses em relação ao euro <EURCHF = EBS>, auxiliado por algumas especulações do mercado de que poderia apertar antes do BCE.

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