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Indústria automotiva e riscos climáticos: uma equação complicada

Leon Saunders Calvert
Leon Saunders Calvert
Head of Sustainable Investing & Fund Ratings

Um relatório recém publicado pela Refinitiv traz uma análise crítica sobre a indústria automotiva e sua intensiva produção de carbono. Leia, a seguir, o resumo desse estudo, que aborda como as mudanças nas preferências do consumidor vêm impactando estratégias de descarbonização do setor e de que forma a análise de dados ajudar a mitigar o risco climático.


  1. Investidores e outros stakeholders de setores altamente dependentes de carbono, como a indústria automotiva, ainda carecem de informações para ajudá-los na complexa tarefa de compreender, analisar e mitigar os riscos climáticos.
  2. As mudanças climáticas e a descarbonização da economia têm o potencial de impulsionar ou acabar com investimentos de longo prazo se as implicações dos riscos ambientais não forem devidamente quantificadas e gerenciadas.
  3. A análise de risco climático ajuda a capacitar e informar os investidores (e outras partes interessadas) para que tomem decisões mais sustentáveis ​a longo prazo.

Para mais informações baseadas em dados diretamente no seu inbox, assine o boletim semanal Refinitiv Perspectives

Os riscos de longo alcance trazidos pelas mudanças climáticas e seu crescente impacto sobre o meio ambiente e a economia global já são bem documentados. Entretanto, investidores e outros stakeholders de indústrias que dependem intensivamente de carbono, como o setor automotivo, ainda precisam de informação para auxiliá-los na complexa tarefa de compreender, analisar e mitigar esses problemas.

A boa notícia é que uma nova geração de ferramentas de análise de risco climático –com base em dados ambientais, sociais e de governança (ESG) robustos e confiáveis— está capacitando e informando investidores, gestores de ativos e outras partes interessadas para avaliar e quantificar o problema, acarretando em decisões mais sustentáveis ​​a longo prazo.

Nosso mais recente relatório sobre o tema, Sustainability Trends and the Automotive Industry, examina as tendências de demanda e vendas de veículos entre 2010 e 2019 e o impacto gerado por essas mudanças juntamente com estratégias de descarbonização para o setor.

Faça o download do nosso novo relatório: Sustainability Trends and the Automotive Industry

A década dos caminhões

Entre 2010 e 2019, as vendas globais de veículos aumentaram de forma significativa (23,1%), e houve uma mudança histórica nas preferências do consumidor. A demanda por veículos utilitários esportivos (sport utility vehicles, ou SUVs) disparou, com quase todas as montadoras registrando um crescimento significativo na classe de SUVs de médio a grande porte.

 

Clique no gráfico acima para acessar o relatório Sustainability Trends and the Automotive Industry

Essa transformação, conhecida como truckification, significou lucros crescentes para as montadoras. Mas, simultaneamente, embaralhou suas estratégias de descarbonização, introduzindo uma série de entraves para as iniciativas do setor relacionadas à corte de emissões e prevenção das mudanças climáticas.

A indústria automotiva sempre foi uma importante fonte de emissões globais de gases de efeito estufa (GEE). Porém, uma pesquisa da Agência Internacional de Energia (AIE) revelou que a popularização dos SUVs foi a segunda maior responsável pelo aumento dos níveis de GEE entre 2010 e 2018, perdendo somente para a produção de eletricidade e calor.

 

Clique no gráfico acima para acessar o relatório Sustainability Trends and the Automotive Industry

Um enorme apetite por veículos do tipo SUV em todo o mundo –mas especialmente nos EUA e na China— foi responsável por grande parte dessa mudança fundamental. Segundo o relatório da Refinitiv, o impacto dessa tendência de consumo sobre o volume de emissões é mais do que claro.

E o que é pior, em decorrência da demanda, todas as montadoras agora são altamente dependentes dessa classe de automóveis para sua lucratividade e crescimento futuros.

Nesta próxima década, o setor automobilístico deverá seguir com a tarefa de intensificar as estratégias de descarbonização existentes. Isso, no entanto, não será um processo simples, visto que a atração dos consumidores por veículos, digamos, mais robustos não dá sinais de arrefecimento.

Dificuldades da indústria automobilística

Os desafios enfrentados pelo setor, como a lenta demanda por modelos alternativos de automóveis e regulamentações que ainda favorecem os tipos maiores, estão retardando ainda mais os avanços em direção à descarbonização.

A necessidade de alternativas atraentes aos tradicionais motores de combustão interna é clara. Mas, apesar de algumas opções –incluindo veículos híbridos ou totalmente elétricos— já estarem disponíveis, elas representaram menos de 5% (4,3 milhões de um total de 87,1 milhões) das vendas do final da década passada. Isso mesmo: 95% da frota que saiu às ruas em 2019 era composta de modelos movidos a combustíveis fósseis.

Clique no gráfico acima para acessar o relatório Sustainability Trends and the Automotive Industry

Para complicar ainda mais o cenário, algumas disposições regulatórias favorecem ainda mais os modelos de grande porte. Nos EUA, por exemplo, a comercialização de automóveis considerados menos eficientes é permitida pela Agência de Proteção Ambiental (EPA, na sigla em inglês), que concede permissões de emissão de CO2 com base na distância entre eixos e medições de peso para cada veículo. Ou seja, isso acaba permitindo mais emissões por milha para modelos maiores.

Caminho para mudanças

Diante desse cenário complexo e desafiador, os stakeholders do setor automobilístico precisam de ferramentas e análises confiáveis ​que os ​​ajudem a compreender o panorama e mitigar os riscos climáticos.

O objetivo da Refinitiv é proporcionar cada vez mais transparência aos mercados, e isso se traduz em nosso investimento contínuo em finanças sustentáveis. A Refinitiv oferece o conjunto de dados ESG mais abrangente do setor. Entretanto, também reconhece que para ajudar as empresas a medir sua capacidade de executar estratégias de descarbonização nã bastam os dados ESG.

Assista: The Value of Climate Analytics in Investment Processes


Gerenciamento de riscos

Fizemos uma parceria com a Constellation Research, que desenvolveu um método inovador de geração de análises avançadas aproveitando dados operacionais e de vendas granulares e prospectivos, além dos dados ESG da Refinitiv. Essas análises enfocam a política, transparência e relatórios climáticos, e fornecem percepções sobre quais fabricantes estão na liderança da gestão de riscos climáticos.

À medida que o setor automotivo se prepara para o que provavelmente será mais uma década de transformação histórica, esta nova geração de análises de risco climático se tornará parte do kit de ferramentas necessário para informar com precisão os investidores e outros stakeholders sobre o progresso e as perspectivas de descarbonização. Neste relatório, examinamos a dinâmica entre “truckification” e “electrification”, as duas variáveis ​​que têm mais impacto na jornada da indústria em direção à descarbonização.

Assim, prevemos a direção para os próximos anos e –por meio de dados da Refinitiv, como os de emissões de carbono, políticas e metas das corporações— identificamos os prováveis ​​vencedores e perdedores na transição para um futuro de baixo carbono e maior prosperidade no planeta.

Para os investidores, os riscos climáticos têm o potencial tanto de impulsionar como de afundar investimentos de longo prazo, dependendo de como forem quantificados e gerenciados. Não transferir capital para as empresas com maior probabilidade de sobreviver e prosperar à medida que a economia se descarboniza é, certamente, um risco –além, claro, de uma oportunidade perdida.

Faça o download do nosso novo relatório: Sustainability Trends and the Automotive Industry