– Investidores internacionais que têm apostado na China nos últimos anos agora estão se preparando para uma de suas grandes quedas, à medida que os problemas da superendividada gigante imobiliária Evergrande chegam a ponto crítico.
Os problemas da incorporadora chinesa têm crescido como uma bola de neve desde maio. Os recursos decrescentes contra 2 trilhões de iuanes (305 bilhões de dólares) em passivos geraram perda de quase 80% dos preços de suas ações e títulos, e um pagamento de cupom no valor de 80 milhões de dólares está próximo, com o prazo para pagar a dívida se encerrando semana que vem.
O que acontecerá então não está claro. Banqueiros têm dito que a Evergrande provavelmente não efetuará o pagamento e entrará em uma espécie de ‘animação suspensa’ em que as autoridades intervêm e vendem alguns de seus ativos. Mas as coisas podem facilmente ficar bagunçadas.
“Eles provavelmente estão trabalhando em um acordo nos bastidores, mas não temos nenhuma clareza e não temos precedentes, então são águas desconhecidas”, disse Sid Dahiya, chefe de títulos corporativos de mercados emergentes da abrdn, antiga Aberdeen Standard, que detém uma pequena parcela dos títulos da Evergrande.
A incorporadora chinesa alertou há pouco mais de duas semanas que corre risco de não pagar sua dívida se não conseguir levantar dinheiro. Desde então, disse que nenhum progresso foi feito nesse sentido.
Analistas dizem que o quadro mais amplo é que, se a Evergrande –que tem mais de 1.300 projetos imobiliários em mais de 280 cidades– realmente falir, acabará firmemente com a ideia de que algumas empresas chinesas são grandes demais para quebrar.
A contaminação pela Evergrande tem ficado em grande parte limitada a outras empresas de alto rendimento profundamente endividadas da China, que também despencaram, mas o índice Hang Seng, de Hong Kong, atingiu uma mínima em dez meses nesta quinta-feira, mostrando que há algum efeito sobre outras ações.
Também há grandes fundos globais envolvidos. Dados da EMAXX mostram que a Amundi, maior gestora de ativos da Europa, era a maior detentora geral dos títulos internacionais da Evergrande, embora seja provável que tenha vendido pelo menos alguns antes de as coisas ficarem realmente complicadas.
Em abril, esses títulos eram negociados em torno de 90 centavos de dólar, e agora estão mais próximos dos 25 centavos.
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De acordo com carta enviada pela Evergrande ao governo chinês no fim do ano passado, seu passivo envolve mais de 128 bancos e mais de 120 outros tipos de instituições.
Outros fundos também expostos aos títulos incluem a maior gestora de ativos do mundo, a BlackRock, bem como dezenas de outras casas como Fidelity, Goldman Sachs Asset Management e Pimco.
Analistas de dívida têm esperança de que o dano possa não ser tão generalizado. As participações são mínimas em comparação com o tamanho total dessas grandes casas de investimento. Além disso, apenas 6,75 bilhões de dólares dos quase 20 bilhões de dólares da dívida da Evergrande estão incluídos no índice CEMBI, do JPMorgan, que os compradores de dívidas corporativas de grandes mercados emergentes usam como uma espécie de lista de compras.
Outros ainda estão preocupados com o sinal mais amplo que a situação emite.
“Até que os reguladores intervenham e abordem com credibilidade o risco de insolvência de forma generalizada, as condições provavelmente só vão piorar”, disse no Twitter Michael Pettis, membro sênior não residente do Centro Carnegie-Tsinghua para Política Global.