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De que forma o setor automotivo tem reagido aos riscos climáticos?

Leon Saunders Calvert
Leon Saunders Calvert
Head of Sustainable Investing & Fund Ratings

Um novo relatório da Refinitiv investiga o setor automotivo e analisa como as principais montadoras do mundo estão se preparando para combater as mudanças climáticas e reduzir emissões de carbono.


  1. Como as diferentes empresas do setor automotivo se comparam atualmente em relação à gestão do impacto climático?
  2. Ao comparar a capacidade de gerenciamento do impacto climático de diferentes fabricantes, é importante observar mudanças (ao longo do tempo) em metas, intenções e realizações.
  3. Em nosso relatório exclusivo, concluímos que ainda há muito trabalho a ser feito até que as montadoras transformem significativamente seu mix de produtos, afastando-se dos modelos de motor de combustão interna (ICE) para desenvolver novos tipos de veículos.

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Um novo relatório da Refinitiv –“Tendências de sustentabilidade e indústria automotiva: caminhões e eletrificação”— descreve a próxima década como aquela em que provavelmente testemunharemos uma transformação histórica na indústria automotiva, uma das que mais produzem carbono.

O estudo destaca que para as empresas do setor a sustentabilidade é hoje tão fundamental quanto qualidade, digitalização e globalização foram nas décadas anteriores.

Tanto as montadoras tradicionais como as consideradas disruptivas vêm se esforçando para formular e executar estratégias de descarbonização, construindo assim vantagem competitiva e otimizando novos recursos que lhes permitirão prosperar em um cenário em intensa mudança.

Mas, afinal, como os diferentes fabricantes de automóveis se comparam no que diz respeito à gestão do impacto climático?

Leia o relatório “Tendências de sustentabilidade e indústria automotiva: caminhões e eletrificação”

 Comparação entre empresas do setor automotivo

Ao comparar a capacidade de gerenciamento do impacto climático de diferentes fabricantes, é importante observar mudanças (ao longo do tempo) em metas, intenções e realizações. É igualmente importante utilizar dados granulares e baseados em fatos, e que levam em consideração desempenhos prévios, índices de mudança e planos futuros.

Os dados ambientais, sociais e de governança (ESG) têm um papel importante a desempenhar em qualquer análise.

A Refinitiv oferece o conjunto de dados ESG mais abrangente do setor, mas também reconhece que para realmente compreender a intenção corporativa e medir a capacidade das empresas de executar suas estratégias de descarbonização é necessário mais do que isso.

Portanto, firmamos uma parceria com a Constellation Research, que desenvolveu um método inovador de geração de análises avançadas capaz de usar dados operacionais e de vendas juntamente com as referências ESG da Refinitiv e, assim, fornecer insights sobre a política climática, transparência e relatórios das diversas empresas.

Assista “Refinitiv Perspectives LIVE: Climate Risk Analytics: A Higher Resolution Picture”

O modelo da Constellation Research centra-se na análise da curva de maturidade e estabelece que, conforme as empresas sobem nessa curva, seguem quatro fases distintas.

Os quatro estágios de maturidade

O modelo da curva de maturidade descreve os seguintes estágios:

  • Estágio 1: engajamento inicial –este estágio começa com a criação de uma política de relatórios sobre as emissões e os impactos que elas causam.
  • Etapa 2: gestão sistemática – esta etapa incorpora a verificação dos impactos das emissões, e segue com o desenvolvimento de metas públicas de redução de emissões. Por fim, há a análise da intensidade de energia necessária para a produção de veículos.
  • Etapa 3: transformação do núcleo – aqui entram a implementação de estruturas de governança corporativa para descarbonização; o percentual atual de vendas de veículos com motores alternativos; projeções da empresa e metas futuras para veículos com motores alternativos; e o volume de emissões da frota.
  • Estágio 4: diferenciação competitiva – O estágio final analisa a participação de mercado e as vendas de veículos híbridos plug-in e com emissão zero. Aqui também entra o alinhamento com a meta internacional para 2030 de limitar o aquecimento global a menos de 2 °C acima dos níveis pré-industriais.

 O que a análise mostrou?

A análise da curva de maturidade da Constellation Research revelou que as empresas mais disruptivas (como Tesla e BYD) já estão demonstrando uma capacidade significativa de inovar e descarbonizar.

Muitos deles, no entanto, desempenham pior nos estágios iniciais de nossa curva, em fatores como transparência e análise de impacto.

Parece óbvio que essas montadoras estão começando no topo da curva e descendo. Para elas, o desafio será aumentar a produção e melhorar a divulgação e a governança.

Em contraste, os fabricantes tradicionais estão subindo na curva, com uma abordagem mais conservadora. Muitos já implementaram as políticas e relatórios de impacto descritos acima, no Estágio 1, mas são desafiados por novas tecnologias e métodos.

A análise mostra que algumas empresas líderes, como a VW e a Daimler, podem não ter tido tanto sucesso no desenvolvimento e venda de novos tipos de automóveis, mas ainda assim apresentam alguns dos planos mais agressivos de transformação.

Curiosamente, entre as empresas tradicionais, a Toyota é a líder na produção de veículos alternativos, apesar de não ser tão clara sobre seus planos relacionados à gestão do impacto climático.

Além disso, há um grupo grande –incluindo Tata, Suzuki, Isuzu e Mitsubishi— que mostra experiência limitada, além de falta de planos e metas de transformação publicamente disponíveis.

Cooperação multilateral

O relatório conclui que ainda há muito trabalho a ser feito até que as montadoras transformem significativamente seu mix de produtos, afastando-se dos modelos de motor de combustão interna (ICE) para desenvolver novos tipos de veículos.

  • Em 2019, apenas 4,9% da produção global de veículos se encaixava na categoria alternativa.
  • Apenas 10 das 27 montadoras analisadas em nosso relatório estão no caminho necessário (ou próximas dele) para a meta de no máximo 2 °C de aquecimento até 2030. Outras 10 mostram uma alarmante falta de experiência e planejamento na área de automóveis com tecnologias alternativas.

Vários fatores determinarão quando e como as metas globais de descarbonização se traduzirão em mudanças reais, e serão necessários esforços em várias frentes para criar soluções viáveis.

Para que haja um real avanço nessa área, é necessária a colaboração entre uma ampla gama de stakeholders, de consumidores e fabricantes a reguladores e governos. Somente trabalhando juntos poderemos ser bem-sucedidos nessa transformação.

Leia o relatório “Tendências de sustentabilidade e indústria automotiva: caminhões e eletrificação”

 

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