As fontes de pesquisa do buy-side estão mudando conforme os gestores de ativos adotam, cada vez mais, dados alternativos e Inteligência Artificial. Mas, afinal, como essas tecnologias emergentes são utilizadas para fornecer investimentos mais inteligentes?
- Tecnologias emergentes, como dados alternativos e inteligência artificial (IA), têm tornado os gestores de ativos mais aptos a usar suas próprias pesquisas.
- Um recente evento da Investiment Association discutiu o emprego da IA e do Processamento de Linguagem Natural como forma de os gestores de ativos diversificarem suas carteiras e encontrarem novos investimentos.
- Exemplos de dados alternativos na pesquisa do buy-side incluem um modelo do StarMine para risco de crédito –ferramenta com capacidade de antecipar eventuais mudanças de ratings das agências.
“Fazer previsões é difícil, especialmente sobre o futuro”, já afirmou de forma tanto espirituosa quanto perspicaz o cientista holandês Niehls Bohr, ganhador do Prêmio Nobel. Para as empresas do buy-side, essa afirmação têm se provado bastante verdadeira.
Instabilidades macro-políticas, dúvidas sobre os desdobramentos gerados pelos ciclos de mercado, e a sempre presente ameaça de estreitamento de margem dos fundos passivos têm imposto muitos desafios para os profissionais da área do buy-side.
Em meio a tudo isso, há algo, no entanto, relativamente fácil de prever: a área de gestão de investimentos estará bem diferente nos próximos cinco anos.
Sem dúvida, a implementação da MiFID II chegou para abalar os modelos tradicionais de pesquisas no setor. Mas a nova regulação também acabou reafirmando uma tendência pré-existente no buy-side: livrar-se da dependência do buy-side para guiar suas decisões de investimento e apoiar-se, mais e mais, em suas próprias pesquisas e modelos.
Os resultados de uma pesquisa da Refinitiv (em associação com a Greenwich) publicada em junho de 2018, e baseada em minuciosas entrevistas com 30 CIOs, gerentes de portfólio e analistas, confirmaram essa tendência. Na sondagem, 90% dos entrevistados afirmaram que sua principal fonte de pesquisa para investimento era interna.
Demanda por dados alternativos
Em um recente evento da Investment Association, em Londres, realizado em parceria com a Refinitiv, palestrantes do buy side discorreram sobre o surgimento de tecnologias como Inteligência Artificial (IA) e fontes de dados não estruturados, incluindo textos elaborados por meio do Natural Language Processing (Processamento de Linguagem Natural).
Essas são as ferramentas que funcionarão como uma espécie de bola de cristal para os gestores de ativos, auxiliando nas tarefas de gerenciamento de riscos, diversificação de portfólios e identificação de novas oportunidades de investimento.
Joe Rothermich, diretor sênior de Quantitative Science da Refinitiv, e Tim Gaumer, diretor de Fundamental Research, compartilharam com a platéia de CIOs, gestores de portfólio e diretores de tecnologia sua percepção sobre a rapidez com que tem crescido o interesse sobre novas tecnologias que possam ser empregadas em pesquisas exclusivas do buy-side.
Joe Rothermich chegou a comentar que ele teve de cancelar um evento sobre Inteligência Artificial que estava organizando em 2012 por falta de público. Hoje, em comparação a alguns anos atrás, a IA está intensamente presente no universo do mercado de investimento.
Os dados alternativos parecem estar trilhando o mesmo caminho, e nossa pesquisa demonstra sua rápida adoção pelo buy-side: metade dos participantes na sondagem da Refinitiv/Greenwich afirmou já utilizar dados alternativos em seus processos de investimento – e mais de 20% espera fazer isso nos próximos 12 meses.
Knowledge Graph
Durante o evento, Tim Gaumer explicou como sua equipe da StarMine na Refinitiv desenvolveu um modelo para risco de crédito utilizando os dados alternativos e não estruturados disponíveis no Eikon, o que poderia antecipar as mudanças de ratings das agências.
Gaumer e Rothermich explicaram ainda como estavam aperfeiçoando ainda mais o modelo associando o Knowledge Graph, da Refinitiv, que consegue mapear relações entre organizações, pessoas, instrumentos financeiros e cadeias de suprimento –seja para identificar oportunidades ou mitigar riscos.
Embora fazer previsões seja uma tarefa bastante ingrata, não se pode ignorar a clara tendência para a qual tem apontado o buy-side.
À medida que os gestores de ativos descobrem o poder dessas tecnologias e buscam a orientação de entidades do setor sobre o futuro, a Refinitiv será uma parceira fundamental, capaz de fornecer insights práticos sobre como essas novas ferramentas podem ser empregadas.
Saiba mais sobre como as pesquisas para investimentos estão evoluindo