Apesar de ter sido rotulado como o ano que nos trouxe a pandemia, 2020 também foi responsável por impulsionar o setor de finanças sustentáveis, com emissões recordes de ações de empresas que se destacam nessa área e de títulos atrelados a projetos verdes e sociais.
- Em 2020, a emissão de títulos sociais atingiu um recorde de US$ 164 bilhões, valor quase dez vezes maior do que em 2019.
- Nesse mesmo período, também vimos a quantidade de títulos de sustentabilidade aumentar, com um levantamento inédito de US$ 128 bilhões (três vezes o valor de 2019).
- Ao longo do ano passado, a emissão de equities de empresas sustentáveis saltou 65% –para um recorde de US$ 14 bilhões.
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Em 2020, vimos um intenso crescimento do mercado de produtos financeiros sustentáveis, impulsionado pela maior demanda por títulos sociais e de sustentabilidade, além dos chamados green bonds (títulos verdes).
Emissão de títulos sustentáveis dobra em 2020
A emissão de títulos atrelados a projetos e iniciativas sustentáveis dobrou no ano passado, atingindo o recorde histórico de US$ 554,3 bilhões. A demanda foi saltando a cada trimestre de 2020: de menos de US$ 70 bilhões nos primeiros três meses para US$ 180 bilhões no final do ano, marcando o maior total trimestral desde o início dos registros, em 2015.
Dentro desse setor, as categorias de títulos sociais e de sustentabilidade ultrapassaram, cada uma delas, o valor de US$ 100 bilhões em captação pela primeira vez na história. Isso ocorreu à medida que governos soberanos, organizações multilaterais e bancos financiaram projetos de ajuda relacionados à crise econômica gerada pela Covid-19.
Por incrível que pareça, os títulos sociais, relacionados a projetos nessa área, aumentaram globalmente em quase dez vezes, alcançando US$ 164,2 bilhões. Isso representou 30% do valor total levantado pelo mercado de títulos financeiros sustentáveis durante 2020; no ano anterior, a participação desse segmento foi de 5%.
Comparados a esse desempenho podemos dizer que os títulos de sustentabilidade tiveram um período um tanto quanto “fraco”, afinal só captaram três vezes mais do que em 2019 (US$ 127,6 bilhões).
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Como os green bonds atingiram um novo recorde anual?
Esse súbito avanço na emissão de títulos sociais e de sustentabilidade não chegou prejudicar outros segmentos das finanças sustentáveis.
A emissão de títulos verdes –ou green bonds—, por exemplo, também cresceu quase 25%, para US$ 222,6 bilhões, o que gerou um novo recorde anual. No entanto, depois de um trimestre histórico, de julho a setembro, a categoria entrou em compasso de espera no final do ano, caindo 22% (para US$ 63,3 bilhões).
Os grandes responsáveis por esse aumento na demanda foram as agências e governos ao redor do globo, que triplicaram suas atividades ano a ano, e responderam por 56% do mercado em 2020.
Os emissores europeus continuaram na liderança do setor, com 53% de participação –seguidos pelas Américas (26%) e Ásia-Pacífico (16%). E na dianteira dos dez maiores subscritores de títulos esteve o JP Morgan, que consolidou a sua posição ao abarcar quase metade dessas transações.
Em um claro contraste com o cenário apresentado acima, observamos oscilações menos drásticas no segmento de empréstimos sindicalizados sustentáveis. Os ganhos sobre 2019 não passaram dos 3%, o que manteve o total um pouco abaixo do limite de US$ 200 bilhões para o ano. Aliás, se não fosse pela alta do último trimestre, de US$ 75 bilhões, 2020 teria sido um ano de baixa para a categoria. E aqui, mais uma vez, os europeus mantiveram a liderança, com uma participação de 64%.
Emissão de equities sustentáveis
A emissão de ações de empresas sustentáveis atingiu US$ 13,8 bilhões em 2020, um salto anual de 65%, além de um recorde histórico.
No ano, a região das Américas respondeu por 62% das atividades nesse segmento; seguida por Europa (23%) e Ásia-Pacífico (11%). E os três maiores bookrunners globais foram Morgan Stanley, Bank of America Securities e JPMorgan, que, juntos, ficaram com 46% do setor.
Diante de tanto capital subsequente sendo colocado no mercado, parece óbvio que em 2020 tenha faltado apetite para a aquisição de empresas. E, realmente, vimos nesse período uma queda de 9% –no que diz respeito a valor— nas fusões e aquisições de companhias sustentáveis, a maior baixa em três anos.
A Europa segue dominando a atividade global de M&A, sendo responsável por 43% dessas transações em 2020.
Em relação a números de negócios, no entanto, o mercado se manteve estável em 2020. Ele contou com 497 novas operações e foi apoiado sobretudo por compradores chineses, que realizaram um quinto das M&A. Já os Estados Unidos ficaram em um distante segundo lugar, com 9%.
Em 2020, quem ficou no topo da tabela de consultoria para M&A corporativas em setores sustentáveis foi o Goldman Sachs. A instituição assessorou oito negócios avaliados em US$ 6,2 bilhões e ficou à frente de JPMorgan e Nomura.
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