Mesmo com a realização de alguns grandes negócios, os primeiros três meses de 2022 ainda serão lembrados pela força com que o mercado de M&As corporativas freou e que o segmento das SPACs, sensação dos últimos anos, passou a se mover em câmera lenta.
- Após quedas mensais no primeiro trimestre, os negociadores do setor global de M&A consideram entrar em ritmo de espera.
- As aquisições de private equity, no entanto, aumentaram 18% em comparação ao ano passado e já somam 29% de todos os negócios, um recorde para o segmento.
- Nos primeiros três meses do ano, as transações com SPACs (special purpose acquisition companies) caíram 87% em relação ao ano anterior, representando apenas 3% do valor total das M&As.
Nos primeiros três meses de 2022, a atividade na esfera global de fusões e aquisições ultrapassou um trilhão de dólares pelo sétimo trimestre consecutivo (desde o segundo trimestre de 2020). Isso ocorreu apesar das crescentes tensões geopolíticas que estão levando os tomadores de decisão das corporações a considerar uma “pausa”.
Entre janeiro e março deste ano, o setor mundial de M&A movimentou US$ 1 trilhão, o que, na comparação com o mesmo período do ano passado, representa uma queda de 20% tanto em valor quanto em volume de negócios. Este também foi o primeiro trimestre mais lento desde o início de 2020, quando surgiu a pandemia de Covid-19.
Além disso, a trajetória do mercado ao longo do trimestre foi profundamente negativa, com quedas mensais de janeiro a março.
Setor de tecnologia segue na liderança
O enfraquecimento do setor se deu apesar de terem sido registrados meganegócios que somaram mais de US$ 10 bilhões –um salto de 46% nesse segmento específico na comparação com o ano passado. Entre os principais meganegócios do trimestre, destaca-se a aquisição da empresa de entretenimento online Activision Blizzard, por US$ 69 bilhões.
Por outro lado, os negócios de grande e médio porte, avaliados entre US$1 bilhão e US$5 bilhões, diminuíram em 40%.
Como já era esperado, o setor de tecnologia consolidou sua liderança em M&As, respondendo por uma fatia de 25% dos negócios fechados em todo o mundo. Já o setor imobiliário saltou 86% na comparação ano a ano, atingindo US$ 127 bilhões, seu trimestre de abertura mais forte desde o início dos registros, em 1980.
Entretanto, a atividade caiu em todas as principais regiões, com o declínio mais acentuado na Ásia-Pacífico, que contribuiu com apenas 17% do faturamento global. Enquanto isso, os EUA amargaram uma queda de 19% (para US$ 521 bilhões) e a Europa, de 6% (para US$ 236 bilhões).
Os negócios internacionais diminuíram em cerca de 25%, para US$ 329 bilhões. E o valor dos negócios cancelados no primeiro trimestre foi 26% maior do que aqueles do mesmo período do ano passado. Importante dizer que mais da metade dessas transações (canceladas) envolviam organizações da Ásia-Pacífico (proporção que vem caindo constantemente nos últimos anos). Já as aquisições europeias que não foram adiante representaram apenas um quarto do mercado (proporção que vem crescendo nos últimos anos).
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A ascensão dos “general purpose vehicles” nas M&As
Um segmento que tem estado bastante otimista é o de M&As patrocinados por private equity, com um número de aquisições 18% maior do que no mesmo período do ano passado, atingindo US$ 291 bilhões. Isso fez com que sua participação no mercado global de M&As batesse um recorde: 29%.
Apesar de uma queda no número de negócios lastreados em private equity, isso representa o ano mais forte para aquisições desde que os registros começaram, em 1980.
Esse desempenho recorde dos gestores de private equity contrasta bastante com os gestores de SPACs, cuja atividade de aquisições caiu 87% no trimestre, representando apenas 3% do valor total de M&As.
Em relação aos rankings de consultorias para M&As, o Goldman Sachs conquistou o primeiro lugar nos EUA, Europa e Ásia-Pacífico. Enquanto isso, onze empresas de consultoria independentes ficaram entre as 25 principais consultoras financeiras globais durante o trimestre, lideradas por Allen & Co, Lazard e Rothschild.