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Economia da China deve crescer 2,2% em 2020 em meio a demanda fraca e tensões com EUA

Lusha Zhang
Lusha Zhang
Breaking News Reporter, Reuters
Kevin Yao
Kevin Yao
Senior Correspondent, Greater China, Thomson Reuters

A economia da China deve se recuperar progressivamente no resto do ano, impulsionada por medidas de estímulo para reverter os danos da crise de coronavírus, mas a demanda global fraca e a crescente tensão sino-americana são os principais riscos, indicou uma pesquisa da Reuters nesta sexta-feira.

A segunda maior economia do mundo deve crescer 2,2% em 2020, de acordo com a mediana das projeções de 42 analistas consultados pela Reuters, acima da taxa de 1,8% projetada na última pesquisa de abril.

Mas esse ritmo ainda seria o mais fraco desde 1976 — o último ano da Revolução Cultural de Mao Zedong.

A economia da China cresceu 3,2% no segundo trimestre em relação ao ano anterior, após uma queda recorde de 6,8% nos três primeiros meses do ano, uma vez que o vírus e medidas rigorosas para contê-lo paralisaram grande parte do país.

Mas analistas alertaram que a recuperação depende fortemente de investimentos liderados pelo Estado, enquanto o consumo permanece fraco. A renda nacional per capita disponível caiu 1,3% no primeiro semestre do ano, segundo dados oficiais.

A manufatura e a construção se recuperaram relativamente rápido, graças em grande parte a um enorme impulso na infraestrutura e a uma retomada na construção de moradias. Mas o setor de serviços ficou para trás, com os setores de abastecimento, hotelaria e entretenimento lutando para voltar ao normal em meio a preocupações com o ressurgimento de casos de coronavírus e o sentimento cauteloso do consumidor.

As exportações melhoraram um pouco, em grande parte devido à enorme demanda por equipamentos médicos, à medida que o resto do mundo luta contra a pandemia, embora se espere que o choque da crise da saúde enfraqueça a demanda global por algum tempo.

“Ainda vemos incertezas sobre o crescimento antes de uma reabertura turbulenta e irregular em outros países, um ambiente político menos favorável e a perda de um forte fator de crescimento no consumo/serviços em meio a incerteza elevada no mercado de trabalho”, disseram analistas do Bank of America Merrill Lynch.

A deterioração do relacionamento entre Washington e Pequim também atrapalha as perspectivas, embora a Fase 1 do acordo comercial, assinado neste ano, ainda pareça intacta.

Em um dramático agravamento das tensões nesta semana, os Estados Unidos exigiram que a China feche seu consulado em Houston sob acusações de “roubo de propriedade intelectual”. Nesta sexta-feira, a China ordenou que os EUA fechem seu consulado na cidade de Chengdu, no sudoeste.

“O aumento da tensão EUA-China, as pressões de um colapso da cadeia de suprimentos e uma perspectiva de lucro moderada podem afetar o sentimento corporativo e deprimir as atividades comerciais e fabris”, disse o economista do UBS Tao Wang.

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Estímulo fiscal para promover o crescimento

Com a economia se recuperando, o banco central da China não vê necessidade imediata de afrouxar ainda mais a política monetária, mas manterá as condições expansionistas para apoiar a recuperação, disseram fontes à Reuters.

Analistas esperam que a China corte a taxa de empréstimo primária de um ano (LPR) em outros 10 pontos base (bps), para 3,75%, até o final de 2020. Ela foi cortada em 46 pontos desde agosto do ano passado.

A pesquisa também previu que não haverá alteração na taxa atual de depósito de referência. O banco central chinês a mantém em 1,5% desde outubro de 2015.

O índice de preços ao consumidor da China deverá subir 2,7% em 2020 na comparação com o mesmo período do ano anterior, desacelerando de um aumento de 2,9% em 2019, segundo a pesquisa.

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