A ideia de que os combustíveis fósseis podem ser facilmente trocados por fontes de energia renovável está longe representar uma verdade. A menos que encontremos formas de obter as gigantescas quantidades de metais e minerais necessárias para eletrificar a economia, não conseguiremos fazer essa transição.
- A transição para energias renováveis requer quantidades substanciais de metais e minerais –um fato que muitas vezes é ignorado.
- Atender à demanda insaciável (e crescente) por esses recursos, que são finitos, é um desafio e tanto. Isso porque, além de as reservas conhecidas serem insuficientes e os teores de minério estarem em declínio, ainda será preciso lidar com a questão da concentração geográfica desses recursos e o tempo/custo de sua exploração.
- À medida que procuramos caminhos para alcançar net zero carbon emissions (zero emissões líquidas de carbono, em tradução livre), ferramentas e análises de gerenciamento de dados podem ajudar o setor de comércio de commodities e investidores institucionais a obter transparência e insights sobre os mercados de metais e minerais.
Ao discutir as mudanças de base necessárias para atingirmos a neutralidade de carbono, prefiro a expressão “caminho para o net zero” à mais comumente utilizada “transição de energia”.
A razão da preferência é que este último termo desvia a discussão para o complexo energético, criando uma falsa percepção de que os combustíveis fósseis podem ser facilmente substituídos por fontes de energia renováveis.
E isso está longe de ser a verdade.
Para começar, a transição para energias renováveis requer quantidades consideráveis de metais e minerais, como cobre, níquel, cobalto e lítio –para citar apenas alguns exemplos—, mas eles são muitas vezes omitidos da discussão.
Metais e minerais são fundamentais para a eletrificação da economia porque sem eles não podemos expandir a rede nem produzir baterias, cabos, fiação e grande parte da infraestrutura.
Suprimento: primeiro desafio à frente
Como dá para perceber, se não resolvermos a questão dos metais e minerais, simplesmente não será possível fazer a transição para as energias renováveis e eletrificar a economia. Ou seja, a escala do problema é enorme, e a lista de obstáculos que exigem reflexão e ação imediatas, longa.
Oscilação do cobre, cobalto, níquel e lítio ao longo do ano

Em primeiro lugar, não há oferta de metais e minerais para atendermos as metas de transição especificadas pelo Acordo de Paris e pela COP26. As nossas reservas são insuficientes, e suprimentos adicionais não estarão disponíveis no curto prazo, já que explorar, desenvolver e entregar novas minas demora várias décadas.
Políticas ambientais cada vez mais rigorosas nas atividades de mineração não facilitam esse longo processo e revelam um certo nível de desalinhamento com os regulamentos que visam reduzir urgentemente as emissões.
Queda da qualidade dos teores de minério e questões geopolíticas
Outro sério desafio é o declínio dos teores de minério.
Metais e minerais são recursos não renováveis, e com o tempo encontramos menos depósitos de minério de alta qualidade.
De acordo com o Fórum Econômico Mundial, o custo médio de produção de cobre aumentou mais de 300% nos últimos anos, enquanto o teor caiu 30%.
A questão geopolítica é outro problema, pois o fornecimento de metais e minerais embute um alto risco por conta de sua concentração geográfica.
A atual turbulência geopolítica e a guerra na Ucrânia provavelmente acarretarão em um novo equilíbrio nos fluxos comerciais, com a regionalização das cadeias de suprimentos e o surgimento de novos blocos comerciais, conforme descrito recentemente pela secretária do Tesouro dos EUA, Janet Yellen.
Como os dados podem auxiliar o trading de commodities?
Em meio a esse contexto, o que poderia ajudar o setor de trading de commodities a enfrentar esses desafios? Dados.
Historicamente, os mercados de metais e minerais têm sido bastante opacos. Mas um crescente número de fontes de dados, impulsionado por análises de big data e novas tecnologias, incluindo análises geoespaciais, está trazendo a tão necessária transparência.
Essa transparência orientada por dados tem ajudado as empresas que comercializam metais e minerais a ter uma visão granular do mercado sem a necessidade de integrar verticalmente a produção.
Os dados também podem ajudar os investidores. Hoje em dia, com a grande quantidade de investidores institucionais realocando fluxos de capital de companhias com impacto ambiental negativo para empresas que contribuem para a mitigação e adaptação às mudanças climáticas, dados sobre emissões e ESG oferecerão uma oportunidade de identificar as mineradoras que estão tentando descarbonizar e têm uma pontuação melhor do que seus pares.
Mas por onde começar?
Com os dados se tornando amplamente disponíveis e “comoditizados”, o acesso a uma mera coleção de diferentes pontos de dados não oferece mais uma real vantagem competitiva. Todo o processo de extrair insights dos dados começa, de fato, no gerenciamento de dados.
O gerenciamento de dados permite que cientistas de dados, analistas, traders e gerentes de risco se concentrem na geração de ideias em vez de gastar tempo misturando dados de mercado com dados proprietários.
Para as tradings de commodities que não possuem o conhecimento necessário para desenvolver o gerenciamento de dados internamente, a assinatura de soluções baseadas em nuvem remove essa barreira e permite que profissionais C-level tomem decisões com confiança, posicionando a empresa para crescer de forma robusta.