Um novo relatório da Refinitiv analisa as tendências, dados e atores que estão levando à proliferação de iniciativas de infraestrutura sustentável.
- Dados do Refinitiv Infrastructure 360 mostram que em 2020 foram anunciados projetos de infraestrutura sustentável no valor de US$ 272 bilhões, quase o dobro do montante de uma década atrás.
- Vários fatores têm contribuído para isso, mas as mudanças climáticas e as pressões geopolíticas são os principais.
- Embora haja muitas oportunidades, os investidores precisam ser cautelosos. Gerenciar os riscos associados a esta nova classe de ativos exigirá a combinação certa de dados de alta qualidade, visão aprofundada do setor e análises robustas.
Com as questões climáticas assumindo lugar de destaque nos primeiros 100 dias de Joe Biden na presidência dos EUA, temos testemunhado um aumento global em empreendimentos de infraestrutura sustentável.
Uma grande parte do plano de infraestrutura de Biden, estimado em US$ 2,3 trilhões, visa tornar a matriz energética do país neutra em carbono até 2035. O objetivo deverá ser alcançado por meio de investimentos na rede elétrica e de créditos fiscais para apoiar a energia renovável.
Paralelamente, a UE e a Índia concordaram em construir projetos conjuntos de infraestrutura em todo o mundo, especialmente na África, com ambas as partes se comprometendo a colaborar em energia renovável, tecnologia de armazenamento energético e modernização das redes elétricas.
Um novo relatório da Refinitiv, “Sustainable Infrastructure: The Green Rush”, examina as razões para a mudança em direção às energias renováveis e esmiuça as informações que os participantes desse mercado –sejam eles banqueiros de investimento, provedores de fundos de pensão ou gestores de portfólio— devem ter em mãos para tirar proveito desta atraente classe de ativos.
Leia o relatório: “Sustainable Infrastructure: The Green Rush”
Projetos de energia renovável em ascensão
Com base em dados rastreados pelo Refinitiv Infrastructure 360, o relatório aponta várias tendências globais que estão surgindo no setor de energia.
A primeira delas é que o número de novos projetos que podem ser classificados como renováveis (como biomassa, geotérmica, hidrelétrica, solar e eólica) vem aumentando constantemente nos últimos dez anos, com US$ 272 bilhões tendo sido anunciados em 2020 –quase o dobro do que tínhamos há uma década.

Energia eólica na liderança
Em segundo lugar, estamos vendo uma corrida global rumo à energia eólica, que vem sendo novamente impulsionada por grandes economias. A nova administração democrata nos EUA revelou recentemente a meta de implantar 30 gigawatts de energia eólica offshore até 2030 e, inclusive, já deu passos nesse sentido com a aprovação do primeiro grande parque eólico offshore do país.
Enquanto isso, a China ampliou a sua capacidade eólica em 2020 em um ritmo maior do que todo o resto do mundo em 2019, e a Europa já manifestou sua intenção de instalar 105 gigawatts até 2025.
De acordo com o Refinitiv Infrastructure 360, um total de US$ 55,3 bilhões em novos projetos eólicos foram divulgados no primeiro trimestre de 2021, mais do que o dobro do valor relatado durante o primeiro trimestre de 2020 (US $ 21,9 bilhões).
Apesar de o setor se encontrar em intensa atividade, tem havido uma competição acirrada para a obtenção de licenças de energia eólica offshore.
Com as empresas ansiosas para incrementar seus portfólios de energia renovável para satisfazer investidores e governos, a companhia de serviços públicos alemã EnBW e a gigante britânica de energia BP chegaram a pagar recentemente um recorde de US$ 1,38 bilhão para garantir os direitos de operação em uma localidade offshore no Mar da Irlanda.
Aportes de capital em infraestrutura sustentável
Entre todas as tendências identificadas pelo nosso relatório, talvez a mais significativa para os financistas é a que vemos o capital fluindo para os projetos de infraestrutura sustentável em um ritmo bastante intenso.
E o lançamento, em abril, do fundo global de energia renovável de US$ 4,8 bilhões da Blackrock –apoiado por mais de 100 investidores institucionais de 18 países— ilustra bem o crescente apetite por investimentos sustentáveis.
Aliás, dados da Refinitiv Lipper revelam que o número de fundos de infraestrutura ética no Reino Unido aumentou de 11 para 26 somente nos últimos cinco anos, com o total de ativos sob gestão (AUM, na sigla em inglês) saltando de £1,687 bilhões para £9,273 bilhões.
A proporção de financiamento para projetos de energia renovável também continuou a crescer em 2020, mesmo com a pandemia.
O setor de energia foi responsável por US$ 132,7 bilhões em empréstimos globais em 2020, com 72% desse total destinados a iniciativas de energia renovável.
Assista: “Infrastructure – The Investment Megatrend: Data on the Data”
Avaliação de riscos
Embora vejamos nisso tudo um grande potencial para investidores, há também uma necessidade crescente de ofertas de dados e ferramentas de avaliação mais abrangentes.
Como explica Rod Morrison, do Project Finance International, da Refinitiv, a quantidade de fundos levantados, a disposição de empresas como a BP e EnBW de pagar mais por licenças para operações offshore e o financiamento de projetos com taxas de juros zero são sinais de um espírito de ‘corrida do ouro’. “Tudo isso certamente cria oportunidades, mas também traz grandes riscos”, diz.
Os participantes do setor precisarão considerar os riscos financeiros e operacionais. Como em projetos de infraestrutura é comum que o orçamentos estourem em mais de 25%, dados de qualidade são necessários para garantir que os investidores tenham uma visão completa sobre riscos, compliance regulatório, além de perfis de credores, investidores e consultores.
Leia na íntegra o nosso novo relatório, “Sustainable Infrastructure: The Green Rush”, e obtenha mais informações sobre os principais participantes desse mercado, tendências geográficas e financeiras e o papel das “Special Purpose Acquisition Companies (SPACs ou “Companhias com Propósito Específico de Aquisição, em tradução livre para o português) na ampliação do acesso a esse tipo de negócios.