Ir para conteúdo

Quais são as novas fronteiras no mundo do crédito para as empresas de médio porte?

Matthew Toole
Matthew Toole
Director, Deals Intelligence

Em um recente webinar promovido pela Refinitiv, importantes investidores e provedores de crédito analisaram os efeitos da pandemia para o mercado de dívida de empresas de médio porte. Confira aqui as principais conclusões.


  1. Os padrões de exigências para empréstimos concedidos a empresas de médio porte estão menos rígidos agora do que antes da pandemia, em 2019.
  2. O desempenho das carteiras de crédito permanece “surpreendentemente” positivo.
  3. Diversidade nas estratégias de crédito privado possibilita aos credores identificar nichos lucrativos.

Para mais informações baseadas em dados diretamente no seu inbox, assine o boletim semanal Refinitiv Perspectives

Não há dúvidas de que em 2020 testemunhamos um ciclo completo no mercado de crédito –e esse percurso foi percorrido com velocidade ímpar.

É só lembrar que, do início ao fim do ano, saímos de um ambiente extremamente favorável aos empréstimos, passamos pela gestão de crise e triagem de portfólio no segundo e terceiro trimestres e antes mesmo da chegada de 2021 já desembocamos em um mercado ainda mais aquecido do que antes.

Na esteira desse movimento, diversas esferas do Debt Capital Market (DCM) ainda estão “borbulhando”, com prazos mais flexíveis do que no final de 2019, e o efeito de toda essa atividade pode ser  sentida no mercado intermediário.

Além disso, o aquecido mercado de empréstimos sindicalizados levou o segmento de unitranche a mirar também nas empresas de médio e pequeno porte, com termos bem mais flexíveis. Eventualmente, no entanto, esse cenário deve mudar, e as transações menores, na faixa de US $ 10 milhões a US $ 30 milhões, não vão mais usufruir de condições tão brandas.

Refinitiv Workspace: tenha acesso a dados financeiros, notícias e conteúdos incomparáveis por meio de uma experiência de fluxo de trabalho altamente personalizada, criada especialmente para você

Carteiras resilientes

Mas, enquanto essa hora não chega, os credores têm relatado uma resiliência surpreendente em suas carteiras.

Podemos dizer que, em alguns casos, foi uma questão de sorte, já que os negócios não envolveram os setores mais atingidos pelos lockdowns. Mas esse desempenho também está relacionado à enorme liquidez injetada nos mercados pelos governos, o que, por sua vez, incentivou o setor privado a abrir novamente as torneiras de dinheiro.

Nem todo mundo chegou a fechá-las, é claro. Algumas instituições foram rápidas e aproveitaram um curto espaço de tempo em que foi possível socorrer as empresas necessitadas sem ser exatamente neurótico com o tipo de cotação.

Também houve oportunidades na área de crédito privado, especialmente no segmento não patrocinado, onde as equipes de liderança corporativa podem não ser tão experientes no mercado de capitais e buscam uma “ponte institucional” para recuperar ou atingir seu próximo marco de avaliação sem diluição adicional das equities .

Empréstimo baseado em ativos

Nos segmentos mais tradicionais do mercado, como o de empréstimo baseado em ativos (asset-based lending, ou ABL), vimos apenas um leve impacto nas condições de empréstimo, de volta à situação pré-pandêmica. De forma geral, foi um ano forte para a área de ABL, especialmente porque ela tende a se concentrar em setores que foram relativamente poupados pelos lockdowns impostos pela Covid-19, como distribuição e agricultura.

Mesmo áreas mais “ousadas” do mercado de crédito, como de dívidas de risco, resistiram à turbulência, com as carteiras chegando a se beneficiar da rápida adoção de serviços de tecnologia. Enquanto isso, o boom das Special Purpose Acquisition Companies (SPACs) impulsionou saídas de capital de risco que, por sua vez, também fornecem liquidez para aos credores.

A natureza não financeira desta recessão tornou excepcionalmente difícil um planejamento.

Em vez disso, os credores enfatizam a importância da comunicação, com um forte consenso de que o nível de transparência e disposição para iniciar um diálogo aberto entre mutuários e credores tem sido amplamente positivo.

Para os credores, a educação do mutuário é uma exigência contínua, seja para explicar os méritos de lidar com uma contraparte, as razões para considerar um custo de capital mais alto ou simplesmente as vantagens de abreviar os longos processos de negociação com credores tradicionais.

O futuro dos empréstimos para as empresas de médio porte

Depois de um ciclo completo, o segmento de crédito privado para empresas de médio porte encontra em 2021 um ambiente próspero, embora supercompetitivo.

E a especialização do mercado é tão grande –de negócios patrocinados, não patrocinados ou independentemente patrocinados; financiamento de risco; empréstimos baseados em ativos ou em fluxo de caixa; e até mesmo soluções baseadas em royalties— que as oportunidades na área de empréstimos privados parecem mais resilientes e menos correlacionadas com macrotendências do que o mero observador poderia esperar.

Ou, dito de outra forma: se 2020 não foi capaz de acabar com esse mercado, o que mais pode?

Refinitiv Workspace: tenha acesso a dados financeiros, notícias e conteúdos incomparáveis por meio de uma experiência de fluxo de trabalho altamente personalizada, criada especialmente para você