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Qual a previsão para os mercados de capitais globais em 2022?

Cornelia Andersson
Cornelia Andersson
Head of M&A and Capital Raising, Product Strategy, Refinitiv

Neste final de ano, o diretor de Investment Banking and Capital Markets da Refinitiv faz um apanhado dos últimos dezoito meses de atividade recorde nos mercados. E pondera: “em 2022 veremos as negociações retornarem a níveis mais modestos, ou o que tivemos até agora será o novo normal?”.


  1. Espera-se que o nível recorde de fusões e aquisições observado nos mercados de capitais nos últimos dezoito meses se mantenha em 2022.
  2. O ano de 2021 foi o melhor da história para o setor de IPOs, com mais de 1.800 ofertas públicas iniciais em todo o mundo. O valor agregado estimado foi de US$ 360 bilhões –mais do que o dobro do recorde anterior.
  3. A sustentabilidade será, cada vez mais, um impulsionador de negócios e de restruturações.

Nos últimos dezoito meses, o ritmo do mercado de capitais global deixou os profissionais da área quase sem fôlego. Como em 2020 a economia mundial praticamente parou durante os lockdowns impostos pela pandemia, os mercados internacionais saíram em seu socorro, gerando níveis recordes de atividade.

Depois de um ano tão excepcional, a Refinitiv perguntou aos participantes do setor financeiro quais eram as perspectivas para 2021. A resposta foi otimista: mais crescimento! E assim foi.

Agora, conforme chegamos ao final de 2021, os mercados de capitais ao redor do globo continuam a bater novos recordes em todas as classes de ativos, incluindo M&As e IPOs. Como resultado, eles se tornaram um motor fundamental da atividade econômica e do crescimento da “nova economia global”. Diante de tanta incerteza e disrupção por que passamos recentemente, os mercados foram os reponsáveis por proporcionar às empresas maior acesso à liquidez, levando a uma inédita transferência de capital entre poupadores e tomadores de empréstimos.

Afinal, os mercados de capitais apresentaram companhias locais a investidores internacionais, permitindo que estes emitissem ações e financiassem aquisições e expansões. Atualmente, testemunhamos uma média de 500 negócios por dia.

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M&As recuperam o tempo perdido

No início da pandemia, as empresas estavam no modo de “controle e contenção”, e muitas precisaram levantar capital para sustentar seus balanços, o que levou a emissão de títulos a um patamar inédito. Naquela época, os M&As que haviam sido planejados tiveram de ser adiados.

Só que, desde então, o mercado de fusões e aquisições se recuperou … e foi muito além disso.

Até agora, em 2021, registramos US$ 5,2 trilhões em transações de M&A, um valor que supera todos os recordes anteriores.

Ao longo dos últimos dezoito meses, observamos altos níveis de atividade na área dos chamados “mega negócios” (aqueles acima de US$ 5 bilhões), o que, sem dúvida, ajudou a turbinar o universo de M&As.

Mas não estamos falando de apenas alguns negócios envolvendo mais de US$ 5 bilhões; foram registrados cerca de 50.000 negócios desse tipo durante 2021, ressaltando um nível bastante saudável de atividade em toda a esfera corporativa.

Os investidores de private equity, em particular, estão tirando proveito da turbulência do mercado para colocar seus fundos para trabalhar: as empresas de aquisição já respondem por 20% do mercado de M&As –um índice recorde.

Também temos visto um aumento surpreendente no valor levantado por novas listagens nas bolsas de valores globais.

As ofertas públicas iniciais (IPOs) costumam ser processos longos e caros, normalmente reservados às empresas mais bem sucedidas. E 2021 foi o melhor ano já registrado para esse setor, com mais de 1.800 IPOs anunciados em todo o mundo (o número mais alto de que se tem notícia desde o início dos registros, em 1980). O valor agregado chegou a US$ 360 bilhões, o dobro do recorde anterior, estabelecido em 2007.

Não é de espantar que a tecnologia esteja liderando esse movimento. Uma em cada cinco novas listagens vem do setor de tecnologia e respondem por um terço de todas as receitas. A NASDAQ é a bolsa de valores mais popular, seguida pelas de Nova York, Hong Kong e STR, que foca em tecnologia.

O que acontecerá em 2022?

A principal dúvida é: 2022 será o começo do fim deste período sem igual para os mercados de capitais globais? Ou neste próximo ano esqueceremos de uma vez por todas a antiga noção que tínhamos dos mercados de capitais?

Bem, muito vai depender do fator “sentimento”, e dos CEOs terem confiança suficiente para empreender programas plurianuais de sinergia e integração.

Muitos profissionais de finanças esperam que 2022 seja ainda mais “forte” do que o ano passado, ultrapassando a incrível recuperação vista no segundo semestre de 2020 tanto no segmento de fusões e aquisições quanto nos mercados de capitais.

Os principais impulsionadores continuam aí. Um ambiente com taxas baixas significa que as fusões e aquisições oferecem aos gestores de empresas uma forma (rara) de garantir o crescimento. Além disso, em um ambiente econômico incerto, as transações de M&A permitem que as companhias se preparem rapidamente para o futuro e desenvolvam suas capacidades.

Também temos observado movimentos de consolidação em muitos setores, à medida que as organizações buscam ganhos de eficiência.

E tudo isso é apoiado por uma disponibilidade imediata de financiamentos de dívida –com uma boa relação de custo-benefício para financiar essas aquisições.

Se esse sentimento se mantiver, e o ambiente de risco persistir, será ótimo para as IPOs e para a sua contraparte mais arriscada, os SPACs, que assumiram posição de destaque nos EUA nos últimos dezoito meses.

Embora outras jurisdições também tenham tentado atrair essa forma rápida e eficiente de listagem reversa, o apetite do investidor pelos mercados locais ainda está pequeno.

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Como o ESG está impulsionando a atividade do mercado de capitais?

Um motivador adicional (e relativamente recente) de atividade é a sustentabilidade e a agenda ESG: dois terços dos deal makers classificam isso como importante.

Isso é consequência tanto da pressão do setor privado, particularmente por meio de grandes gestores de ativos, quanto da maior supervisão regulatória, como a SFDR da União Europeia.

No início deste ano, vimos o departamento de gestão da dívida do governo do Reino Unido emitindo o maior título verde de todos os tempos na Bolsa de Valores de Londres, em um negócio histórico que destaca o apetite do investidor nessa área.

E esperamos um foco ainda maior em ESG em 2022, já que a questão impacta a forma como as empresas colocam seu capital “para trabalhar”.

Em suma, há inúmeros motivos para estar otimista quanto aos mercados de capitais no próximo ano, uma vez que eles continuam a desempenhar uma função vital para a manutenção da atividade e do desempenho corporativo ao redor do globo.

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