Um recente relatório da Refinitiv traz uma análise crítica sobre as altas emissões de carbono da indústria automotiva e discute como as montadoras estão posicionadas para gerenciar novos riscos e oportunidades.
- À medida que a década avança, os fabricantes de automóveis deverão encontrar um equilíbrio –muitas vezes, tênue—entre as demandas dos consumidores e iniciativas de redução de emissões.
- Em parceria com a Constellation Research, a Refinitiv vem estudando uma métrica para medir a proporção (atual e prevista) entre oportunidades e riscos nos processos de transição climática.
- Discutimos ainda a velocidade com que as vinte e sete maiores montadoras globais estão se adaptando à nova situação e com que força planejam intensificar seus planos de transformação.
Em parceria com a Constellation Research, produzimos um relatório com as tendências para o mercado de veículos entre 2010 e 2019, analisando o impacto das recentes mudanças e preferências dos consumidores sobre as estratégias de descarbonização do setor. De quebra, examinamos o desempenho das principais montadoras ao redor do globo na gestão do impacto climático ao longo da última década.
Após esse estudo, podemos seguramente afirmar que os fabricantes de automóveis encontram-se diante de uma série de riscos, mas também de oportunidades, à medida que esta nova década (de transição) se desenrola.

Equilíbrio entre demanda do consumidor e preocupação com a crise climática
Conforme ingressamos em 2021, a indústria automotiva deve se preocupar cada vez mais em equacionar a necessidade de fornecer produtos que atendam à demanda dos clientes com os requisitos globais para reduzir o impacto climático.
Nosso relatório destaca que a década atual resultará em turbulências e oportunidades históricas de negócios, já que algumas empresas respondem bem às novas pressões por sustentabilidade, enquanto outras não. O estudo aponta ainda para uma espécie de prêmio de sustentabilidade, que pode ser descrito como uma vantagem competitiva durável, além de criação de valor.
Durante este período, esperamos que as montadoras com visão de futuro ganhem participação de mercado e desfrutem de uma posição de vantagem em relação à concorrência como resultado da oferta de produtos com baixa ou nenhuma emissão de carbono.
Uma nova classe de consumidores já começou a transformar a demanda no setor automotivo. Um bom exemplo disso é o Tesla Model 3, que ocupa o posto de automóvel de passeio mais vendido na Califórnia, nos Estados Unidos. A Tesla é a montadora líder em carros elétricos no mundo.
Proporção de valor sustentável
Nossa pesquisa também chama a atenção para uma nova relação de valor sustentável, descoberta por meio de uma métrica que mede a proporção (atual e prevista) entre oportunidades e riscos nos processos de transição climática.
Essa métrica fornece insights tanto sobre a exposição positiva quanto negativa de cada empresa à medida que embarcam na transição de seus negócios entre 2020 e 2030. Em resumo, o índice oferece um panorama de como as montadoras estão posicionadas para gerenciar riscos e oportunidades oferecidos pelos processos de transição ao longo próxima década.
O cálculo adiciona uma sobreposição de risco de mercado geográfico, em que o risco geográfico é calculado com base na percentagem das vendas totais de uma empresa em cada região, multiplicada por um fator de risco regional.
O resultado final é um retrato das oportunidades e exposições a riscos oferecidas pela futura transição dos negócios, e nosso relatório aponta quatro grupos distintos:
- As líderes: essas empresas (Tesla, por exemplo) são descritas como as mais comprometidas com a transformação e, para elas, as oportunidades superam os riscos.
- As concorrentes: essas, como a BMW, fizeram planos para a transição, mas sem uma estratégia all-in, de seus líderes.
- As defensoras: essas montadoras –entre elas, a Peugeot—
realizaram alguns planos, mas em muitos casos são pouco agressivos e têm várias lacunas a serem ainda preenchidas.
- As retardatárias: essas empresas (Suzuki, por exemplo) não costuma ter planos nesse sentido e estão incorrendo em riscos significativos.
Diante dessa gama de perspectivas, esperamos ver cada vez mais parcerias e joint ventures, especialmente porque aquelas que se encontram na retaguarda já enfrentam muitos desafios.
Devemos lembrar que, do ponto de vista do acionista, o índice de valor de sustentabilidade é bastante valorizado. Uma comparação do retorno histórico total para o acionista entre 2015 e 2019 com classificações de índice de valor sustentável revelou que as “líderes” superam seus pares com uma média de 12,7%; na sequência estão as concorrentes e as defensoras, ambas com 4,5%; e por último (claro!), as retardatárias, com apenas 0,3%.
Nossa pesquisa apresenta ainda uma visualização de dados que indica qual a posição de cada fabricante no momento, quão rápido ele está se adaptando e com que agressividade planeja acelerar a sua transformação.
Colaboração para o progresso
Outro ponto a ser levado em consideração neste movimento em direção a uma economia descarbonizada é que a adoção de carros elétricos não é suficiente. Explica-se: a forma pela qual a energia que vai carregar os veículos é produzida também importa –e muito! Para se ter uma ideia, um automóvel elétrico na Polônia gera 3,5 vezes mais emissões do que esse mesmo carro carregado na Suécia.
Isso mostra, essencialmente, que para um progresso maior e mais significativo na área de mudança climática, a colaboração entre todos os stakeholders –incluindo consumidores, indústria automobilística, reguladores, governos etc. – é crucial.
O valor dos dados
Qualquer análise de iniciativas e de progresso no setor automotivo (ou mesmo de riscos e oportunidades futuras) envolve acesso a dados granulares e confiáveis, incluindo, dados ambientais, sociais e de governança (ESG).
Embora a Refinitiv ofereça o conjunto de dados ESG mais abrangente do setor, sabemos que a compreensão precisa de variáveis como intenção, capacidade e eficácia exige bem mais do que apenas esses elementos. Portanto, para produzir esse relatório, estabelecemos uma parceria com a Constellation Research, que desenvolveu um método inovador de análises avançadas em que dados operacionais e de vendas potencializam as nossas referências ESG.
Essas análises focam em política climática, transparência e relatórios, além de fornecer insights que podem informar investidores, gestores de ativos e outros stakeholders sobre as perspectivas para a indústria automotiva.
Leia o relatório “Tendências de Sustentabilidade e Indústria Automotiva: Caminhões e Eletrificação”
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